Dissertation, Faculdade de Letras da Universidade Do Porto (
2025)
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Abstract
Esta dissertação propõe um novo modelo metaontológico como forma de superar os problemas éticos atuais mais relevantes e desafiadores. Argumenta que há uma dissonância teleológica entre o que se espera de uma IA e o que esta pode oferecer, construtivamente. Propõe que tal dissonância se dá a partir de uma tradição filosófica na qual há uma predileção pela extração de um fragmento da realidade, em detrimento de prezar pela análise da própria complexidade, como dada. Assim, o que resulta de todo esse movimento é a liminaridade da atualidade tecnológica, na qual se atravessa um período de complexa transformação e potencialidade, quando muito do que era estável e previsível está a tornar-se o oposto: instável e imprevisivel.
A primeira parte da dissertação aborda o percurso do passado ao presente. A segunda parte considera como será o futuro da IA, se tomado a partir da superação dos problemas atuais, sem configurar-se como projeções ficcionais. Faremos tal projeção com base nos recursos tecnológicos existentes ou outros que sejam dados como viáveis e exequíveis de serem utilizados nos constructos algoritmicos. E, por fim, a terceira parte trata justamente da liminaridade, deste presente que não se refere somente à temporalidade, mas também à espacialidade – em termos de limites e alcances.
A conclusão defende que uma IA ética e responsável, isenta dos atuais problemas, exige uma profunda compreensão da complexidade humana – e a respetiva representação do modal existencial – para que seja possível a aplicação dos valores mais convenientes em todas as etapas do desenvolvimento tecnológico. A consideração final, que sintetiza toda a argumentação, é sobre a elaboração de um protocolo metaontológico dinâmico, capaz de capturar e emular a complexidade relacional da realidade. Tal feito é apresentado como necessário, mas talvez não suficiente, para a criação desta IA do futuro que ultrapassará as atuais demandas.