Protopolybia sedula is a social swarming wasp, widely spread throughout many countries in the Americas, including most of Brazil. Despite its distribution, studies of its behavioral ecology are scarce. This study aimed to describe its foraging activity and relation to climatic variables in the city of Juiz de Fora in southeastern Brazil. Three colonies were under observation between 07:00 and 18:00 during April 2012, January 2013, and March 2013. Every 30 minutes, the number of foragers leaving and returning to the (...) colony was registered along with air temperature and relative humidity. Activity began around 07:30¸ increased between 10:30 and 14:30, and ended around 18:30. A mean of 52.7 exits and 54 returns were measured every 30 minutes. The daily mean values were 1,107 ± 510.6 exits and 1,135 ± 854.8 returns. Only one colony showed a significant correlation between forager exits and temperature (rs = 0.8055; P < 0.0001) and between exits and relative humidity (rs = -0.7441; P = 0.0001). This paper shows that climatic variables are likely to have little control on the foraging rhythm of P. sedula when compared to other species, suggesting the interaction of other external and internal factors as stimuli of species foraging behavior. (shrink)
As notas que compõem a obra Da Certeza (Über Gewissheit) expressam nitidamente a preocupação de Ludwig Wittgenstein com os problemas clássicos da epistemologia, em especial o uso dos termos epistêmicos tradicionais e os erros costumeiros dos filósofos que negligenciam suas profundas estruturas gramaticais. Em diversas passagens é fácil observar a tentativa de esclarecer os erros de realistas, idealistas e céticos no que diz respeito às nossas alegações ordinárias de conhecimento em contextos céticos moderados. A questão do ceticismo sobre a justificação (...) é um tema recorrente na epistemologia analítica contemporânea e, de certo modo, as soluções ofertadas a este problema ainda não são completamente adequadas. Existem muitas passagens de Da Certeza que possuem o potencial de lançar luz sobre questões fundamentais que encontram-se imbricadas neste debate, cuja discussão contemporânea tem sido fomentada pela instigante análise de Daniele Moyal-Sharrock (2005, 2007). O objetivo deste artigo é justamente tentar esboçar uma reposta wittgensteiniana ao problema do regresso epistêmico. (shrink)
O objetivo desta publicação é incentivar a produção filosófica de excelência por parte de pesquisadores notadamente influenciados pela filosofia de Wittgenstein e cujos temas possam suscitar um debate aprofundado. Além de desafiar o empreendimento filosófico contemporâneo, os temas aqui apresentados abordam questões que muitas vezes estão além daquelas consideradas por Wittgenstein em seu tempo. O leitor encontrará neste volume questões relacionadas ao ceticismo semântico e epistêmico, ao relativismo ético, às leituras literárias de Wittgenstein, ao problema das outras mentes e percepção (...) de aspectos, a intersubjetividade e o caráter contrassensual do Tractatus Logico-Philosophicus, e, também, relacionadas ao Paradoxo de Moore. (shrink)
This paper aims to show that Wittgenstein’s approach to the concepts of sensation and emotion can shed light on many philosophical dilemmas that remain present in the contemporary debate. My analysis will start by characterizing Jesse Prinz’s approach to emotions (heavily influenced by the physiological theory of William James) and, then, it will proceed to show that Prinz is subject to the same criticisms that Wittgenstein expressed about William James’s theory. Finally, I will argue that Wittgenstein, in Philosophical Investigations, advocated (...) for a peculiar kind of expressivism that, while having profound differences from traditional expressivism, is able to appear as a non-cognitivist position. I will argue further that William James’s error (and hence also Prinz’s) is disregarding the multiple uses of psychological terms (that is, to think that psychological terms have a uniform use). (shrink)
The basic assumption present in these articles is that naturalism is highly compatible with a wide range of relevant philosophical questions and that, regardless of the classical problems faced by the naturalist, the price paid in endorsing naturalism is lower than that paid by essentialist or supernaturalist theories. Yet, the reader will find a variety of approaches, from naturalism in Moral Philosophy and Epistemology to naturalism in the Philosophy of Language, Philosophy of Mind and of the Aesthetics.
Offering a engaging and accessible portrait of the current state of the field, A Companion to Naturaslim shows students how to think about the relation between Philosophy and Science, and why is both essencial and fascinating to do so. All the authors in this collection reconsider the core questions in Philosophical Naturalism in light of the challenges raised in Contemporary Philosophy. They explore how philosophical questions are connected to vigorous current debates - including complex questions about metaphysics, semantics, religion, intentionality, (...) pragmatism, reductionism, ontology, metaethics, mind, science, belief and delusion, among others – showing how these issues, and philosopher’s attempts to answer them, matter in the Philosophy. In this sense, this collection is also compelling and illuminating reading for philosophers, philosophy students, and anyone interested in Naturalism and their place in current discussions. (shrink)
Neste trabalho, avaliamos as implicações que o debate filosófico acerca das explicações em termos de função e objetivo podem ter no contexto educacional, particularmente no ensino e aprendizagem de biologia. Para alcançar este objetivo, investigamos como três obras didáticas de biologia do Brasil utilizam a linguagem teleológica na formulação de explicações para os assuntos que são objeto de estudo dessa ciência. Na análise das obras, exploramos os enunciados teleológicos e funcionais a partir de dois projetos explanatórios discutidos na filosofia da (...) biologia contemporânea, a saber: (i) etiológico, que fornece uma abordagem essencialmente histórica de explicação biológica; e (ii) organizacional, que orienta o estudo acerca das capacidades de sistemas complexos mediante o apelo às funções de seus componentes, ou seja, a contribuição das partes para a realização de uma capacidade global. Nossos resultados mostram que poucas explicações podem ser qualificadas como etiológicas, em razão de que os autores preterem a discussão de temas segundo um tratamento evolutivo. Associado a esse resultado, a maioria dos enunciados foi localizada no contexto do projeto organizacional de explicação científica. Na análise das explicações, destacamos os principais problemas que elas apresentam, como a falta de clareza na identificação do explanandum e explanans, situação que pode prejudicar a compreensão dos assuntos pelos estudantes. Por fim, colocamos que a recontextualização das duas abordagens centrais sobre as explicações funcionais na filosofia da biologia, a perspectiva etiológica e a organizacional, podem fornecer um embasamento epistemológico consistente para as explicações biológicas no ensino médio. (shrink)
Monografia apresentada à banca examinadora da Escola Municipal Manuel Teodoro de Arruda, anexa do Colégio Frei Cassiano de Comacchio em Belo Jardim, para a obtenção do título de concluinte do curso de Normal Médio, oferecido pela instituição. A natureza do trabalho, em suma, consiste em apresentar perspectivas de trans formação social para a comunidade de jovens e adultos, o principal programa cunho do trabalho é a Educação de Jovens e Adultos a EJA, e como esse programa intervém na sociabilidade e (...) na mudança do meio social do educando, além de tratar a educação como a principal fonte e meio de mudança de vida dessas pessoas que voltam às escolas. Orientador(a): professora Maria Angelita Pinheiro BELO JARDIM 2017 DEDICATÓRIA Dedicamos este trabalho primeiramente a todos que acreditaram em sua realização, em especial à professora de práticas pedagógicas e também orientadora, Maria Angelita Pinheiro, pelo incentivo e esforço à nossa preparação ao dia de hoje. Bem como, dedicamos este à Alana Thais da Silva, que em todo o desenvolvimento deste, esteve ao nosso lado. AGRADECIMENTOS Agradecemos primeiramente a Deus, que pôde nos proporcionar saúde e sabedoria para a conclusão deste. Agradecemos também à todos que acreditaram na realização deste trabalho, como fruto da realização de um sonho, que é tornarmos normalistas. A nossos colegas de classe que puderam nos proporcionar alegria para continuarmos. Agradecemos em especial mesmo, à Alana Thais da Silva e a Dawson de Barros Monteiro, ambos por oferecer amor e carinho quando o cansaço chegava, e também pela colaboração nas pesquisas que adentravam noites e dias. Enfim, agradecemos a todos que puderam plantar uma semente nesse nosso terreno, para que no futuro pudéssemos colher bons frutos nessa etapa decisiva em nossas vidas. À todos nosso muito obrigado. EPÍGRAFE “Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo.” Paulo Freire RESUMO Este trabalho teve por objetivo abordar a Educação de Jovens e Adultos (EJA) como transformação social na vida daquelas pessoas que não tiveram a oportunidade de estudar ou, por motivo maior, tiveram que abandonar os estudos na idade própria. Muitos vão à procura dos estudos por motivo de conquistar um emprego melhor, outros por motivos de se sociabilizar melhor, e por vários outros motivos. Também é possível afirmar que o retorno para a escola na terceira idade é possível, e que para os jovens, os estudos abrirão as portas para o mundo do trabalho, mostrando que o indivíduo alfabetizado tem valor na sociedade, e que a escola, como um ambiente de aprendizagem, tem o poder de transformar o indivíduo e torná-lo um cidadão crítico, democrático e participativo. Palavras Chaves: Educação de Jovens e Adultos. Aprendizagem. Transformação Social. ABSTRACT The purpose of this study was to approach the education of young people and adults (EJA) as a social transformation in the lives of people who did not have the opportunity to study or, for greater reason, had to drop out of school at their own age. Many go in search of their studies for the sake of gaining a better job, others for the sake of socializing better, and for many other reasons. It is also possible to state that the return to school in the third age is possible, and that for the youngest, studies will open the door to the world of work, showing that the literate individual has value in society and that the school as a learning environment, has the power to transform the individual and make him / her a critical, democratic and participatory citizen. Keywords: Education for Youth and Adults. Learning. Social transformation LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 – Gráfico sobre o percentual do Analfabetismo..............................................................27 FIGURA 2 – Gráfico sobre o Analfabetismo por região do Brasil....................................................28 SUMÁRIO INTRODUÇÃO.......................................................................................... ..................................... 10 CAPÍTULO 1 – CONTRIBUIÇÕES DA TRAJETÓRIA DA EDUCAÇÃO POPULAR NO BRASIL E PROCESSOS DE ALFABETIZAÇÃO........................................................................ 13 1.1 Históricos da Educação de Jovens e Adultos em seu Contexto Inicial............................ 13 1.1.1 Do Brasil Colônia ao Varguismo: Jesuítas, Pombal, Corte Imperial e Governo Vargas.............................................................................................. ................................. 13 1.2 A Educação de Jovens e Adultos Pós-Varguismo............................................................ 15 1.3 Acerca do Movimento Brasileiro de Alfabetização(Mobral)............................................ 15 1.3.1 Metodologia de Ensino no Mobral: Uma Abordagem Superficial.......................... 16 1.4 A Evolução da Educação de Jovens e Adultos: do Regime Militar ao seu Contexto Atual............................................................................................... .................................................. 17 CAPÍTULO 2 – REFLEXÕES ACERCA DA ALFABETIZAÇÃO............................................... 20 2.1 Análises Histórico-Antropológica Acerca da Escrita e a Alfabetização........................... 20 2.2 Alfabetização e Pragmatismo: Conceitos Acerca da Leitura e Escrita no Âmbito Educacional......................................................................................... ............................................. 21 2.3 O Analfabetismo como Antagonia ao Alfabetismo........................................................... 25 CAPÍTULO 3 – REFLEXÕES TEÓRICAS SOBRE A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS............................................................................................. .......................................... 29 3.1 Pensamentos de Paulo Freire Sobre a Educação Popular................................................. 29 3.2 Acerca do Método Freiriano........................................................................................... .. 31 3.2.1 Etapas do Método.............................................................................................. ...... 31 3.2.2 O Método.............................................................................................. ................... 31 3.2.3 As Fases de Aplicação do Método........................................................................... 32 3.2.4 História............................................................................................ ........................ 33 3.3 O Perfil do Professor Alfabetizador.................................................................................. 33 3.4 Perfil do Estudante da Educação de Jovens e Adultos e os Motivos de Evasão............... 35 3.5 Pensando em Métodos............................................................................................. ......... 37 CONCLUSÃO........................................................................................... ...................................... 41 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................... ...... 43 10 INTODUÇÃO Este trabalho tem por objetivo abordar a Educação de Jovens e Adultos (EJA) como modelo, espelho ou meio de uma transformação social, na vida daquelas pessoas que não tiveram oportunidade de estudar, ou por motivos maiores, tiveram que abandonar os estudos na idade ideal, essa visão é explicada pelos motivos da evasão escolar. Foram pesquisados os motivos que levaram essas pessoas a desistirem de estudar e porque retornaram as salas de aula muito tempo depois, destacando principalmente como cunho primordial, os alunos das turmas da EJA (Educação de Jovens e Adultos), que, em suma, pode-se concluir que o principal motivo de evasão na idade adequada era as baixas condições que eram submetidos, e por isso, abandonavam a escola para trabalhar, por isso que a maioria dos estudantes da EJA, são trabalhadores e pessoas que já carregam e possuem uma experiência de vida. Educação de jovens e adultos (EJA) é uma modalidade da qual participam aqueles que não frequentaram a escola durante a infância ou na idade ideal. Os motivos apresentados pelos quais não conseguiram estudar são, na maioria das vezes, alheios a vontade de cada um, a exemplo foi-se citado: o fato de se ter que trabalhar para sobreviver, não ter acesso a escola no local onde mora e até mesmo a evasão escolar. Por isso é comum ainda haver escolas que alfabetizam jovens e adultos. Alfabetizar jovens e adultos é uma ocupação antiga que não se limita a uma tarefa meramente escolar, está intimamente ligada a sonhos, expectativas e a anseios de mudança. E com isso, a escolha do tema deste trabalho se deu com o convívio com jovens e adultos durante o estágio supervisionado na EJA. Geralmente, é depois da adolescência que o indivíduo reconhece que necessita do conhecimento escolar e passa a buscá-lo. Pois, é muito gratificante para uma pessoa leiga poder aprender a ler e a escrever, consciente da necessidade e importância de tal ato para sua vida, um mundo novo se abre, e o indivíduo é posto num contexto “como se fosse cega e de repente abrisse os olhos e enxergasse coisas que até então não via” . Alfabetizar tais pessoas é proporcionar para elas grandes mudanças, uma nova visão de mundo, a chance de ter uma vida melhor, pelo menos com mais oportunidades. Por isso remete-se, então, para além de uma alfabetização e sim de uma transformação social destes indivíduos. A EJA é um direito assegurado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN)2, é assegurado gratuitamente aos que não tiveram acesso a escola na idade própria e segundo a LDBEN o poder público deverá estimular o acesso e permanência do jovem e do adulto na escola. Porém, esse estímulo é a cada dia deixado de lado, como afirma o professor doutor em filosofia e educação do Instituto Federal de Pernambuco campus Belo Jardim, Dawson de Barros Monteiro. “[...] as atuais políticas públicas educacionais, mostram um exemplo de problemas, pois aqui na perspectiva contemporânea, é deveras nítida a deficiência da incentivação pública a estes indivíduos.” (Monteiro 2016, PROEJA p. 185). Abordando acerca dos objetivos, destacamos a abordagem do surgimento da EJA ante o alto índice de pessoas analfabetas no Estado, que por inúmeros motivos tiveram que abandonar os estudos por um longo período de tempo, ou para muitos, que nunca sequer tinham ido à escola. É necessário também dar luz e enaltecer a primordialidade da socialização dos que ingressam em uma escola mesmo depois da idade certa; nessa linha de raciocínio é necessário abordar e enaltecer as concepções ideológicas da transformação social no espaço da EJA, bem como compreender a importância desta para a atual sociedade. Por fim, abordar, entender e compreender as questões antropológicas dos motivos de evasão escolar; enxergar a EJA e a transformação social como utopia do indivíduo que retorna ao espaço educacional. E com isso, vislumbrar que em toda a sociedade a questão do Analfabetismo é um problema público educacional e social. 12 1. CONTRIBUIÇÕES DA TRAJETÓRIA DA EDUCAÇÃO POPULAR NO BRASIL E PROCESSOS DE ALFABETIZAÇÃO A educação de Jovens e Adultos antecede até mesmo as datas documentadas: de forma indireta, adultos interessavam-se em aprender as primeiras letras do alfabeto, sendo considerado o alicerce para a aprendizagem, ou seja, codificar cada símbolo daquele para formular palavras; ou ao menos também, interessar-se à escrever o próprio nome. Este Capítulo abordará a trajetória da Educação de Jovens e Adultos EJA, no Brasil, e sua contribuição para a população brasileira e ao mesmo tempo os processos de alfabetização que são contribuições para que esta aconteça de maneira eficaz. 1.1 HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS EM SEU CONTEXTO INICIAL 1.1.1 DO BRASIL COLÔNIA AO VARGUISMO: JESUÍTAS, POMBAL, CORTE IMPERIAL E GOVERNO VARGAS Alfabetizar jovens e adultos não é um ato de ensino-aprendizagem, é a construção de uma perspectiva de mudança: no início, época da colonização do Brasil, as poucas escolas existentes era para o privilégio das classes média e a burguesia da colônia, nessas famílias os filhos possuíam acompanhamento escolar na infância; não havia a necessidade de uma alfabetização pra jovens e adultos, esse bloco etário não tinha acesso a uma instrução escolar e quando a recebiam era de forma indireta, de acordo com Ghiraldelli Jr. a educação brasileira teve seu início com o fim dos regimes das capitanias hereditárias, ele cita que: “[...] A educação escolar no período colonial, ou seja, a educação regular e mais ou menos institucional de tal época, teve três fases: a do predomínio dos jesuítas; a das reformas do Marquês de Pombal, principalmente a partir da expulsão dos jesuítas do Brasil e de Portugal em 1759; e a do período em que Dom João VI, então rei de Portugal, trouxe a corte para o Brasil (1808-1821)”. (Ghiraldelli Jr. 2008, p. 24). O ensino dos jesuítas tinha como fim não apenas a transmissão de conhecimento científico escolar, mas a propagação da fé cristã. A história da EJA no Brasil no período colonial deu-se de forma assistemática, nesta época não se constatou iniciativas governamentais significativas. Os métodos jesuíticos permaneceram até o período pombalino com a expulsão dos jesuítas, neste período, Pombal organizava as escolas de acordo com os interesses do Estado, com a chegada da coroa portuguesa na colônia, a educação perdeu o seu foco que já não era amplo. Após a proclamação da Independência do Brasil foi outorgada a primeira constituição brasileira, e no artigo 179 dela constava que a “instrução primária era gratuita para todos os cidadãos”; mesmo a instrução sendo gratuita não favorecia as classes pobres, pois estes não tinham acesso à escola, ou seja, a escola era para todos, porém inacessível a quase todos. No decorrer dos séculos houve várias reformas, Soares cita que: “[...] No Brasil, o discurso em favor da Educação popular é antigo: precedeu mesmo a proclamação da República. Já em 1882, Ruy Barbosa, baseado em exaustivo diagnóstico da realidade brasileira da época, denunciava a vergonhosa precariedade do ensino para o povo do Brasil e apresentava propostas de multiplicação de escolas e de melhoria qualitativa do ensino” (SOARES, 2002, p. 8). A constituição de 1934, no governo ditatorial de Getúlio Vargas não teve êxito, sendo assim criase uma nova constituição escrita por Francisco Campos. Para a constituição de 1937 que Ghiraldelli Jr. Cita que: “[...] A constituição de 1937, fez o Estado abrir mão da responsabilidade para com a educação publica, uma vez que ela afirmava que o Estado desempenharia um papel de subsidiário, e não central, em relação ao ensino”. O ordenamento democrático alcançado em 1934, quando a letra da lei determinou a educação como direito de todos, e obrigação dos poderes públicos, foi substituído por um texto que desobrigou o Estado de manter e expandir o ensino” (GHIRALDELLI Jr., 2008, p. 78). Nessa perspectiva, o Estado passou a não ter mais o papel de bancar os educadores para levar o conhecimento para toda a nação, num plano ideológico mundial, vemos que a educação é um princípio fundamental para o crescimento do país e deixar esta ferramenta de lado, acarreta num colapso conhecido como “grande taxa de Analfabetismo”. A constituição de 1937, foi criada no intuito de estabelecer o favorecimento do Estado pois o mesmo tira sua responsabilidade; “gera nesse contexto histórico-social uma população sem educação, ou a educação para poucos, uma sociedade frágil e suscetível a aceitar tudo que lhe é imposto pelo poder coercitivo” afirma o professor doutor em filosofia do Instituto Federal de Pernambuco campus Belo Jardim, Dawson de Barros Monteiro: logo se entende que esta constituição não tinha o interesse que o conhecimento crítico se propagasse, mas buscava favorecer o ensino profissionalizante, pois dentro do contexto histórico o Brasil precisava mais capacitar os jovens e adultos para o trabalho nas indústrias. 1.2 A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS PÓS-VARGUISMO Segundo Cunha (1999), o fim do Estado Novo trouxe ao país um processo de redemocratização e a necessidade de aumento da quantidade de eleitores. Nesse sentido, o primeiro projeto lançado pelo governo foi uma campanha que previa a alfabetização do educando em três meses, além da conclusão do curso primário num prazo bem menor que o convencional. A educação era considerada unilateral e tinha o professor como transmissor de conhecimento. O educador, que era voluntário ou mal remunerado, seria o único sujeito deste processo. A campanha extinta em 1963, não rendeu bons resultados, mas ajudou a ideia preconceituosa de que o adulto não precisaria mais aprender a ler e que já havia encontrado seu lugar no mundo. Esse desprezo pela classe trabalhadora, o proletariado, ainda persistiu na década de 1990, quando o então ministro da Educação do governo Collor de Mello, o professor, físico e político José Goldemberg, afirmou que a tentativa de alfabetização de adultos não diminuiria o índice de analfabetos; ao contrário, perturbaria a ordem social. Com os resultados insatisfatórios dessa campanha, surgiram críticas a esse projeto: seria necessária a qualificação dos professores e a adequação do programa, do material didático e dos métodos de ensino à clientela atendida. No final dos anos 1950, Paulo Freire propunha uma nova pedagogia, posteriormente trabalhada neste trabalho. Apesar de ser encarregado de desenvolver o Programa Nacional de Alfabetização de Adultos, com o golpe militar de 1964, Paulo Freire foi exilado e um programa assistencialista e conservador foi criado: o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral). 1.3 ACERCA DO MOVIMENTO BRASILEIRO DE ALFABETIZAÇÃO (Mobral) Na época do regime militar (1964-1985), surge um movimento de alfabetização de jovens e adultos, na tentativa de erradicar o analfabetismo, pelo menos é o que se tinha em teoria; chamado MOBRAL, esse método tinha como foco o ato de ler e escrever, essa metodologia assemelha-se a de Paulo Freire com codificações, cartazes com famílias silábicas, quadros, fichas e etc., porém, não utilizava o diálogo como ideologia educacional de Freire e não se preocupava com a formação crítica dos educandos. A principal ideologia objetiva do Mobral era apenas a alfabetização funcional que em seu conceito é o ensino alicerce da compreensão de textos simples, capacitando os educandos a decodificação mínima de letras para a interpretação de textos, sem a apropriação da leitura e da escrita de pessoas entre 15 e 30 anos. A respeito do Mobral Bello cita que: “[...] O projeto Mobral permite compreender bem esta fase ditatorial por que passou o Brasil. A proposta de educação era toda baseada em aos interesses políticos vigentes na época. Por ter de repassar o sentimento de bom comportamento para o povo e justificar os atos da ditadura, esta instituição estendeu seus braços a uma boa parte das populações carentes, através de seus diversos programas.” (BELLO, 1993, p. 56). 1.3.1 METODOLOGIA DE ENSINO NO MOBRAL: UMA ABORDAGEM SUPERFICIAL A metodologia utilizada pelo Programa de Alfabetização Funcional baseava-se em seis objetivos: 1. Desenvolver nos alunos as habilidades de leitura, escrita e contagem 2. Desenvolver um vocabulário que permita o enriquecimento de seus alunos; 3. Desenvolver o raciocínio, visando facilitar a resolução de seus problemas e os de sua comunidade; 4. Formar hábitos e atitudes positivas, em relação ao trabalho; 5. Desenvolver a criatividade, a fim de melhorar as condições de vida, aproveitando os recursos disponíveis; 6. Levar os alunos: • A conhecerem seus direitos e deveres e as melhores formas de participação comunitária; • A se empenharem na conservação da saúde e melhoria das condições de higiene pessoal, familiar e da comunidade; • A se certificarem da responsabilidade de cada um, na manutenção e melhoria dos serviços públicos de sua comunidade e na conservação dos bens e instituições; • A participarem do desenvolvimento da comunidade, tendo em vista o bem-estar das pessoas. Os técnicos do MOBRAL defendiam que o método utilizado baseava-se no aproveitamento das experiências significativas dos alunos. Desta forma, embora divergisse ideologicamente do método de Paulo Freire utilizava-se, semelhantemente a este, de palavras geradoras e de uma série de procedimentos para o processo de alfabetização: 1. Apresentação e exploração do cartaz gerador; 2. Estudo da palavra geradora, depreendida do cartaz; 3. Decomposição silábica da palavra geradora; 4. Estudo das famílias silábicas, com base nas palavras geradoras; 5. Formação e estudos de palavras novas; 6. Formação e estudos de frases e textos A principal e essencial diferença na utilização destes procedimentos em relação ao método Paulo Freire era o fato de no Mobral haver uma uniformização do material utilizado em todo o território nacional, não traduzindo assim a linguagem e as necessidades do povo de cada região, principal característica da metodologia freiriana. 1.4 A EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: DO REGIME MILITAR AO SEU CONTEXTO ATUAL Em 1974, foi implantado o CES (Centro de Estudos Supletivos), que dava a oportunidade de uma certificação rápida, mas superficial, com um ensino tecnicista e auto instrucional. Esse ensino supletivo foi implantado em acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, LDBE 5592/71. Nesta lei um capítulo foi dedicado especificamente a Educação de Jovens e Adultos. Em 1974 o MEC lança o CES. A década de 1980 foi marcada pelo desenvolvimento de projetos e pesquisas na área da alfabetização de adultos. Em 1985, o Mobral foi cessado, dando lugar a Fundação EDUCAR que apoiava tecnicamente e financeiramente as iniciativas de alfabetização existentes. Nos anos 80, difundiram-se várias pesquisas acerca da língua escrita que de certa forma refletiam na EJA. Com a promulgação da constituição de 1988 o Estado passou a ampliar o seu dever ante a Educação de Jovens e Adultos. De acordo com o artigo 208 da constituição brasileira de 1988: “O dever do Estado com a Educação será efetivado mediante a garantia de: I – ensino fundamental obrigatório e gratuito, assegurado inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria.” A importância da Educação de Jovens e Adultos passou a ser reconhecida internacionalmente mediante as conferências organizadas pela UNESCO nos anos 1990. A partir de então, surgiu no Brasil uma mobilização nacional no sentido de diagnosticar metas e ações da EJA. A LDBE de 1996 garante igualdade de acesso e permanência na escola e ensino de qualidade, além da valorização experiência extraescolar. Ainda nos anos 1990, emergiram iniciativas em favor da EJA, onde o governo incumbiu também a municípios a engajarem-se nesta política, ocorrem parcerias com ONG’s, municípios, universidades, grupos informais, populares, fóruns estaduais e nacionais e através de fóruns a história da EJA passou a ser registrada no intitulado “Boletim da Ação Educativa”. O antigo ensino supletivo passou a se chamar Educação de Jovens e Adultos, e ganhou um sentido mais amplo: preparar e inserir ou reinserir o estudante no mercado de trabalho. Os objetivos da educação no país são revistos, cabendo agora à escola a responsabilidade de formar o adulto trabalhador. Recentemente, novas iniciativas como a EJA e o Proeja, têm surgido a fim de garantir metodologias adequadas a discentes com esse perfil. Em 2000, o Conselho Nacional de Educação estabeleceu, no parecer nº 11, (das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos), as funções e as bases legais da EJA fundamentadas na LDBE, nos Parâmetros Curriculares Nacionais e nas Diretrizes Curriculares Nacionais O decreto nº 5478/05, institui o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional à Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos – Proeja, abrangendo a formação inicial e continuada de trabalhadores e a Educação Profissional Técnica de nível médio. Eventos onde são gerados debates e trocadas experiências, como os fóruns EJA, têm sido importantes e primordiais na estruturação da EJA e de seus objetivos. É notório que nesta fase da história da Educação brasileira, a EJA possui foco amplo. Para haver uma sociedade igualitária e uma Educação eficaz é necessário que todas as áreas da Educação sejam focadas e valorizadas, não é possível desvencilhar uma da outra. 2. REFLEXÕES ACERCA DA ALFABETIZAÇÃO A alfabetização é definida como o processo de aprendizagem onde se desenvolve a habilidade de ler e escrever de maneira adequada e a utilizar esta habilidade como um código de comunicação com o seu meio. É o processo onde os educadores procuram dar mais atenção durante o período de educação inicial escolar, através do desenvolvimento das atividades da alfabetização, que envolvem o aprendizado do alfabeto e dos números, a coordenação motora e a formação de palavras, sílabas e pequenas frases. Através destas tarefas, o indivíduo consegue adquirir a habilidade de leitura, de compreensão de textos e da linguagem de maneira geral, incluindo a operação de números, que são competências necessárias para avançar aos níveis escolares seguintes. A alfabetização consegue desenvolver também a capacidade de socialização do indivíduo, uma vez que possibilita novas trocas simbólicas com a sociedade, além de possibilitar o acesso a bens culturais e outras facilidades das instituições sociais. A incapacidade de adquirir a habilidade da leitura e da escrita é chamada de analfabetismo ou iliteracia. 2.1 ANÁLISE HISTÓRICO-ANTROPOLÓGICA ACERCA DA ESCRITA E A ALFABETIZAÇÃO A comunicação oral antecede a comunicação escrita. É oralmente que se expressam a maioria das pessoas desde os tempos mais remotos. A história nos mostra que até mesmo os povos humanos da pré-história utilizavam símbolos gráficos para fazer registros em cavernas, em grutas, em rochas e etc., ou seja, já havia a necessidade de expressão gráfica. Bajard diz que: “[...] A escrita surgiu na mesopotâmia por volta do ano 4000 a.C., entre os Sumérios. Era uma escrita representada por desenhos, figuras rupestres e etc. que indicavam ações cotidianas e corriqueiras desses povos como a caça ou a pesca; essa fase ficou conhecida como pictográfica, após ela veio a fase ideográfica, onde os símbolos já representavam também alguma ideia, tornou-se fonética, depois alfabética e a partir daí a escrita foi evoluindo-se, alfabetos foram surgindo de acordo com as particularidades de cada língua.”(BAJARD, 2001, p. 15). A fase alfabética determinou a necessidade da transformação de códigos alfabéticos escritos, dando início ao que hoje chamamos de alfabetização. Ferreiro cita que: “[...] A invenção da escrita foi um processo histórico de construção de um sistema de representação, não um processo de codificação. Uma vez construído, poder-se-ia pensar que o sistema de representação é aprendido pelos novos usuários, como um sistema de codificação. Entretanto, não é assim, no caso dos dois sistemas envolvidos no início da escolarização (o sistema de codificação seria dos números e o sistema de representação seria da linguagem). As dificuldades que as crianças enfrentam são dificuldades conceituais semelhantes as da construção do sistema, e por isso pode-se dizer em ambos os casos que a criança reinventa esses sistemas, no caso da Educação para Jovens e Adultos, esse processo também poderá acontecer mediante a participação ativa do estudante e o empenho do mestre que para ele leciona. Bem entendido, não se trata de que as crianças reinventem as letras nem os números, mas que para poderem se servir desses elementos como elementos de um sistema, deve compreender seu processo de construção e suas regras de produção, o que coloca o problema epistemológico fundamental: Qual é a natureza da relação entre o real e a sua representação?” (FERREIRO, 2001, p. 12). A alfabetização não é uma ação prioritária para a fase infantil da vida. Ferreiro cita que: “[...] é recente a tomada de consciência sobre a importância da alfabetização inicial como a única solução real para o problema da alfabetização remediativa (de adolescentes e adultos)”. (FERREIRO, 2001, p. 09). 2.2 ALFABETIZAÇÃO E PRAGMATISMO: CONCEITOS ACERCA DA LEITURA E ESCRITA NO ÂMBITO EDUCACIONAL Alfabetizar é um tema que está ligado ao ensino da leitura e da escrita de códigos alfabéticos, existem inúmeros significados para essa problemática atual. Larousse limita o significado de alfabetizar a ensinar a ler. “[...] Vários conceitos definem alfabetizar como o ato de ensinar a ler, aos poucos esses conceitos vem mudando, ainda que livros e dicionários definam-no assim. Hoje muitos educadores e alfabetizadores utilizam o termo “letramento”, letrar vai além de alfabetizar, se trata da compreensão da leitura e escrita, a criança, o jovem ou o adulto estão alfabetizados ao saberem ler e escrever e letrados ao compreenderem o que leram e escreveram, estão letrados quando dominam a leitura e a escrita e fazem o uso social de ambos.” (LAROUSSE, 2003, p. 21). Soares, acerca do assunto, cita ao ser questionada sobre tal definição: “Letramento é de certa forma o contrário de analfabetismo, aliás, houve um momento em que as palavras letramento e alfabetismo se alteravam para nomear o mesmo conceito. Ainda hoje há quem prefira a palavra letramento, eu mesmo acho a palavra alfabetismo mais vernácula que letramento, que é uma tentativa da palavra inglesa literary, mas curvo-me ao poder das tendências linguísticas, que estão dando preferência a letramento. Analfabetismo é definido como o estado de quem não sabe ler e escrever, seu contrário, alfabetismo ou letramento, é o estado de quem sabe ler e escrever, ou seja, letramento é o estado em que vive o indivíduo que não só sabe ler e escrever, mas que poderá exercer as práticas sociais de leitura e escrita que circulam na sociedade em que vivem.” (SOARES, 2007). . Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) da Língua Portuguesa (Brasil, 2001, p. 21) fala explicitamente sobre este termo, mas a sua proposta vai de encontro as propostas do letramento, isso é perceptível ao observar o que é citado nos PCN’s a respeito de pesquisas e investigações referentes a alfabetização nas séries escolares. A alfabetização é um processo contínuo, inicia-se desde os primeiros anos de vida, com a linguagem e a partir daí tudo que a pessoa aprende serve como base para uma aprendizagem eficaz. A alfabetização, como a educação em geral, é um direito de todos, infelizmente para muitos ela não pode acontecer na infância, a preocupação de como fazê-la com qualidade e êxito impulsiona investigações de como alfabetizar para compreender a leitura e a escrita. Ferreiro cita que: “[...] É difícil falar de alfabetização evitando as posturas dominantes neste campo, por um lado, o discurso oficial e, por outro, o discurso meramente ideologizante, que chamarei “discurso da denúncia”. O discurso oficial centra-se nas estatísticas, o outro despreza essas cifras tratando de desvelar “a face oculta” da alfabetização, onde o discurso oficial fala de quantidade de escolas inauguradas, o discurso da denúncia enfatiza a má qualidade dessas construções ou desses locais improvisados que carecem do indispensável para a realização de ações propriamente educativas.” (FERREIRO, 2005, p. 09). A Alfabetização de Jovens e Adultos não é uma ação recente, teve início desde a colonização apesar de ter sido reconhecida oficialmente somente após o ano de 1945, muitos motivos interferem o processo de alfabetização na infância de alguns jovens e adultos, outros nem sequer iniciam esse processo, logo nesta fase e ao longo dos anos sentem a necessidade de alfabetizar-se. Segundo Moll: “[...] Nesse sentido, quando falamos “em adultos em processo de alfabetização” no contexto social brasileiro, nos referimos a homens e mulheres marcados por experiências de infância na qual não puderam permanecer na escola pela necessidade de trabalhar, por concepções que as afastavam da escola como de que “mulher não precisa aprender” ou “saber os rudimentos da escrita já é suficiente”, ou ainda, pela seletividade construída internamente na rede escolar que produz ainda hoje itinerários descontínuos de aprendizagens formais. Referimo-nos a homens e mulheres que viveram e vivem situações limite nas quais os tempos de infância foi, via de regra, tempo de trabalho e de sustento das famílias.” (MOLL, 2004, p. 11). Ler e escrever são uma arte, principalmente para muitos que não aprenderam a ler e escrever na infância e consequentemente na vida adulta sentem falta desses atos, nas últimas décadas a oferta de ensino aumentou bastante, porém o acesso ainda é limitado para muitos, nem todos os brasileiros tiveram ou tem a oportunidade de alfabetizar-se na infância diversos fatores contribuem ou contribuíram para isso, como a necessidade de trabalhar nessa fase da vida, a falta de acesso a escola, ou até mesmo a falta de interesse, ao chegar na juventude ou na fase adulta a pessoa percebe o quanto a educação básica lhe faz falta e começa a persistir em busca do conhecimento. No decorrer da história da educação a alfabetização de jovens e adultos teve diferentes focos e contou com significantes projetos de alfabetização como o MOBRAL e Método Paulo Freire que será visto neste trabalho. O processo de aquisição da leitura e da escrita não é uma preocupação apenas de professores e alfabetizadores, a alfabetização é a base para uma educação eficaz, portanto para o aluno estar bem nas séries posteriores ele precisa de uma alfabetização sólida. Vivemos atualmente na sociedade do conhecimento, não só do conhecimento do senso comum como sempre foi, mas do conhecimento científico que facilita aos indivíduos uma vivência social de acordo com as imposições do meio e para tal o conhecimento transferido no ambiente escolar é fundamental. Atualmente a EJA tem objetivos maiores além da alfabetização por parte dos alunos, da necessidade de estar capacitado para o mercado de trabalho, ser atuante na sociedade e também o interesse político de reduzir o máximo a estatística de analfabetismo no país, este fator favorecerá com a pretensão de um dia o Brasil se tornar uma grande potência mundial. As primeiras formas de alcançar melhores condições de trabalho e ampliar conhecimento é que faz com que muitos jovens e adultos que não se alfabetizaram na infância ingressem em uma turma de EJA oferecida pelas escolas ou por grupos comunitários que desenvolvem projetos de alfabetização, ser alfabetizado nestas fases da vida depende de muita motivação e força de vontade, não basta apenas querer, a alfabetização de jovens e adultos ocorre de maneira intencional e consciente, segundo Pinto: “Os conceitos de “necessitar saber” vem da origem do interior do ser, considerado em sua plena realidade, enquanto o de “saber” e “não saber” (como fatos empíricos) coloca-se na superfície do ser humano, é um acidente social, além de ser impossível definir com rigor absoluto os limites entre o “saber e o não saber” (daí que não há uma fronteira exata entre o alfabetizado e o analfabeto). Porque o “necessitar” é uma coisa que ou é satisfeita (se é exigência interior) ou, se não é, não permite ao indivíduo subsistir como tal entre (por exemplo: as necessidades biológicas). O “necessitar” ao qual se referem a leitura e a escrita é de caráter social (uma vez que tem por fundamento o trabalho).” (PINTO, 2007, p. 92). É válido ressaltar que o direito a educação de Jovens e Adultos é assegurado por lei e as instituições de ensino devem realizá-la de maneira que atenda tal clientela sem ignorar suas limitações. Alfabetizar jovens e adultos é muito mais que transferir-lhes noções de leitura e escrita, o jovem ou adulto ao ingressar em uma escola ele tem um objetivo delimitado e compreende a escola como um meio para alcançar tal objetivo, o professor alfabetizador se torna então um mediador entre o aluno e o conhecimento, por isso ele precisa estar bem informado, motivado e querendo realizar um trabalho de construção. Há algumas décadas era comum grupos de pessoas adultas se reunirem para aprender escrever o nome e conhecer as letras do alfabeto, tais pessoas ficavam extremamente maravilhadas, pois dentro do contexto delas tal aprendizado era suficientemente satisfatório. Atualmente grupos ainda se reúnem, mas as expectativas são outras, só o aprendizado do próprio nome não é suficiente, o mercado de trabalho exige mais, até mesmo o simples fato de precisar identificar o itinerário do ônibus requer leitura. Segundo Libâneo: “A escola de hoje precisa não apenas conviver com outras modalidades de educação não formal, informal e profissional, mas também articular-se e integrar-se a elas, a fim de formar cidadãos mais preparados e qualificados para um novo tempo”. (LIBÂNEO, 2003, p. 53). Para isso o ensino escolar deve contribuir para: • Formar indivíduos capazes de pensar e de aprender permanentemente; • Prover formação global para atender à necessidade de maior e melhor qualificação profissional; • Desenvolver conhecimentos, capacidades e qualidades para o exercício consciente da cidadania; • Formar cidadãos éticos e solidários. A motivação é a chave para o sucesso da educação de jovens e adultos, desmotivados eles não conseguirão enfrentar as barreiras cotidianas, tudo se tornará mais difícil, cabe aos professores e a escola em geral incentivá-los para que não desistam. 2.3 O ANALFABETISMO COMO ANTAGONIA AO ALFABETISMO O analfabetismo é a qualidade de analfabeto, uma palavra de origem latina (analphabētus) que se refere àquelas pessoas que não sabem ler nem escrever. Porém, o termo costuma ter um uso mais extenso e é usado para fazer alusão aos indivíduos que são ignorantes ou que carecem de instrução elementar em alguma disciplina. O analfabetismo surge perante a falta de aprendizagem. Por isso, nos países que contam com programas de escolarização obrigatória, o analfabetismo é minoritário, mesmo para além do facto de que a compreensão de leitura das pessoas possa ser deficiente. Analfabeto é a pessoa que não sabe ler nem escrever. Segundo definição da UNESCO, “uma pessoa funcionalmente analfabeta é aquela que não pode participar de todas as atividades nas quais a alfabetização é requerida para uma atuação eficaz em seu grupo e comunidade, e que lhe permitem, também, continuar usando a leitura, a escrita e o cálculo a serviço do seu próprio desenvolvimento e do desenvolvimento de sua comunidade”. O analfabetismo no país ainda continua sendo um obstáculo para o progresso e desenvolvimento da humanidade. O importante é ressaltar que não estamos falando de ignorância. Analfabeto Funcional: sabe ler e escrever textos e frases curtas, mas não consegue interpretá-los, também não sabem realizar operações de matemática. Existem três níveis de Analfabetismo funcional: Existem três níveis distintos de alfabetização funcional, a saber: • Nível 1 - também conhecido como alfabetização rudimentar, compreende aqueles que apenas conseguem ler e compreender títulos de textos e frases curtas; e apesar de saber contar, têm dificuldades com a compreensão de números grandes e em fazer as operações aritméticas básicas; • Nível 2 - também conhecido como alfabetização básica, compreende aqueles que conseguem ler textos curtos, mas só conseguem extrair informações espessas no texto e não conseguem tirar uma conclusão a respeito do mesmo; e também conseguem entender números grandes, conseguem realizar as operações aritméticas básicas, entretanto sentem dificuldades quando é exigida uma maior quantidade de cálculos, ou em operações matemáticas mais complexas. • Nível 3 - também conhecido como alfabetização plena, compreende aqueles que detêm pleno domínio da leitura, escrita, dos números e das operações matemáticas (das mais básicas às mais complexas). Pode-se afirmar que, nos dias de hoje, a sociedade está experimentando uma nova forma de analfabetismo, chamado de analfabetismo digital. Este tipo de carência está relacionado com a falta de conhecimento necessário para utilizar computadores pessoais, celulares e agendas eletrônicas e dominar os sistemas que operam estas máquinas como, por exemplo, navegar na rede mundial de computadores. O grave problema do analfabetismo no mundo continua sendo um dos grandes temas prioritários a solucionar desde que se realizou a Conferência Mundial da Educação para Todos, ocorrida em 1990, em Jomtiem, Tailândia. Esta conferência foi assistida por representantes do mundo todo e chegou-se à conclusão de que a alfabetização é um dos fatores chave para resolver um dos problemas mais urgentes da sociedade, que a realização plena do ser humano só se dá através da educação e promovê-la é fundamental para o desenvolvimento das nações. Assim sendo, a educação é uma ferramenta extremamente útil para combater a pobreza e a desigualdade, elevar os níveis de saúde e bem estar social, criar as bases para um desenvolvimento econômico sustentável e a manutenção de uma democracia duradoura. Por este motivo a educação foi incluída na lista dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas, que fixou para o ano de 2015 a data limite para alcançar 100% de educação primária para todas as crianças do planeta. Para o plano ideológico da história da Educação de Jovens e Adultos, pode-se afirmar que tais medidas, no Estado brasileiro, refletiram na queda da taxa de analfabetismo ao longo dos anos. Segundo o professor doutor em filosofia do Instituto Federal de Pernambuco campus Belo Jardim, Dawson de Barros Monteiro, o modelo teórico das iniciativas de alfabetização de jovens e adultos, mesmo tendo um cunho mais político no processo, este pôde remeter-se na queda do índice de habitantes analfabetos no Brasil, desde o Estado Novo ao governo Lula, esta ideologia teórica levou à pratica, uma nova visão de Brasil, uma perspectiva de habitantes mais preocupados com sua educação, ao menos ter o alicerce de poder gozar pelo menos do próprio saber a ler e a escrever, mesmo em um plano inicial. Mostra-se aí que as políticas educacionais mesmo sem o principal intuito de alfabetizar a população geraram programas que foram fomentados e mastigados pela população, que estes puderam ao menos voltar às salas de aula, a quem desistira quando jovem; ou mesmo entrar no âmbito educacional e conhecer de perto o ensino e a escola para aqueles que não puderam nem entrar nesta. A seguir o gráfico mostra como o índice de analfabetos decaiu a partir dos programas para a erradicação do analfabetismo primordialmente com a Educação de Jovens e Adultos. Figura 1. Gráfico com a queda da taxa de analfabetismo no Brasil no período de 1940 e 2010 É observado que a partir dos anos 1940, no governo Getúlio Vargas e o Estado Novo, o índice era de que em cada 100 pessoas quase 56 encontravam-se vítimas do analfabetismo no Brasil, número que ao passar dos anos vai declinando, chegando em 2010 com um índice em torno que, em cada 100 pessoas quase 10 encontravam-se analfabetas, isso é uma conquista tanto para o Estado que cresce no plano internacional, para a educação nacional que remete a ideia que os programas funcionam de forma ótima, e para o estudante que ingressa em uma sala da EJA. O próximo gráfico traz o índice por regiões brasileiras entre um plano de uma década, 2000 a 2010. Trazendo luz a queda no índice da taxa percentual. Figura 2. Gráfico com a taxa de analfabetismo por regiões do Brasil entre 2000 e 2010 Por fim, concluísse que com os programas educacionais de Educação de Jovens e Adultos, pôsse à erradicação e diminuição brusca do índice de percentual de analfabetos no país, uma vez que esses tendem ao cunho da erradicação dessas taxas que fazem com que a perspectiva do Brasil seja favorável ou desfavorável no plano internacional, já que a educação na contemporaneidade é fundamental para o crescimento do país. 3. REFEXÕES TEÓRICAS SOBRE A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS Ao abordar a Educação de Jovens e Adultos como tema é fundamental conhecer e destacar o pensamento de alguns autores e educadores como Paulo Freire e outros que ao longo da vida profissional dedicaram-se a alfabetizar e que contribuem para a formação docente continuada. Este capítulo aborda tais reflexões e as particularidades do tema. 3.1 PENSAMENTO DE PAULO FREIRE SOBRE A EDUCAÇÃO POPULAR Educação popular é uma educação comprometida e participativa orientada pela perspectiva de realização de todos os direitos do povo. Quando se pensa em educação popular nos remetemos à imagem de Paulo Freire que foi o grande mentor, é uma educação que visa à formação do indivíduo com valores, conhecimento e consciência de cidadania, busca utilizar o que a pessoa já tem de conhecimento popular para transformar na matéria-prima do ensino. Esta educação popular é muito utilizada em assentamentos rurais, favelas, aldeias indígenas, pequenas comunidades, ONG’s dentre outras; por se tratar de uma educação que atende as necessidades em comum de um povo, uma educação em que tem os mesmos interesses em ampliar os seus conhecimentos e tornar cidadãos conscientes do seu papel na sociedade. Paulo Freire, o mais célebre educador brasileiro, tinha o pensamento de que a escola tinha que ensinar o aluno a “ler o mundo” para obter transformações, tendo em vista que se o aluno não saber a realidade do mundo em que vive não é possível lutar em busca de melhorias; para que haja transformação é essencial a conscientização, por isso Paulo Freire criou o seu método de ensino, pois não acreditava que uma pessoa adulta dor nordeste por exemplo que não conhecia “uva” pudesse aprender a ler e escrever apenas utilizando cartilhas com frases: EVA VIU UVA, pensou em aproximar os alunos a sua própria realidade, à sua rotina do dia a dia com as palavras geradoras. De acordo com a revista Nova Escola “Grandes Pensadores”: Freire dizia que ninguém ensina nada a ninguém, mas as pessoas também não aprendem sozinhas, os homens se educam entre si mediados pelo mundo. O pensamento de Paulo Freire é que o professor não é detentor do conhecimento e que não domina todas as áreas do conhecimento e é de fundamental importância a troca de experiências entre professor e aluno, o conhecimento de um completa o outro, todos nós somos dotados de inteligências e exercemos inteligências, porém nem todos a desenvolvem para a mesma área, muitas vezes um professor é excelente na sua profissão e não tem habilidades como pedreiro e o pedreiro constrói lindas casas e edifícios, mas não é alfabetizado e quando esse professor encontra este pedreiro podem trocar experiências distintas e ambos aprendem entre si. Para Freire um professor dedicado para a educação popular tem que acreditar em mudanças, não pode ensinar apenas a ler e escrever, é preciso haver uma mudança de paradigma, e transmitir esperanças, fazer com que o aluno se transforme em sujeito pensante, crítico e consciente do que lhe envolve no dia a dia, o professor tem que ter prazer, alegria e transmitir aos alunos. Paulo Freire diz que: “Há uma relação entre a alegria necessária à atividade educativa e a esperança. A esperança de que professor e alunos juntos podemos aprender, ensinar, inquietar-nos, produzir e juntos igualmente resistir aos obstáculos à nossa alegria. Na verdade, do ponto de vista da natureza humana a esperança não é algo que a ela se justaponha. A esperança faz parte da natureza humana.” (FREIRE, 2002, p. 80). Para Freire é importante que o professor tenha esperança, uma vez que os jovens e adultos se espelham nos professores, e com esperança pode se acreditar em uma mudança de direção para a vida e para o mundo, para a sociedade, cita uma história popular que um passarinho viu um incêndio na floresta e correu para chamar os amigos para apagar o fogo, mas ninguém quis ir, então resolveu ir sozinho apagar o fogo, viu um rio e foi pegando água e jogando no fogo, certamente esse pássaro sabia que sozinho não poderia apagar toso o fogo, mas teve esperança que tomando a iniciativa talvez os outros pudessem acreditar que também seria capaz. Podemos comparar Paulo Freire a este passarinho, pois ele apenas deu início a essa educação e a cada dia pessoas se juntam a suas ideologias a fim de transformar a educação no nosso país e começam a mudar este paradigma. 3.2 ACERCA DO MÉTODO FREIRIANO O Método Paulo Freire consiste numa proposta para a alfabetização de adultos desenvolvidos pelo educador Paulo Freire, que em sua implementação concorreu com programas como o de Frank Laubach. Freire afirmou ter desenvolvido o método enquanto era diretor do Departamento de Extensões Culturais da Universidade do Recife, quando formou um grupo para testar o método na cidade de Angicos, no Rio Grande do Norte. 3.2.1 ETAPAS DO MÉTODO 1. Etapa de investigação: busca conjunta entre professor e aluno das palavras e temas mais significativos da vida do aluno, dentro de seu universo vocabular e da comunidade onde ele vive. 2. Etapa de tematização: momento da tomada de consciência do mundo, através da análise dos significados sociais dos temas e palavras. 3. Etapa de problematização: etapa em que o professor desafia e inspira o aluno a superar a visão mágica e acrítica do mundo, para uma postura conscientizada. 3.2.2 O MÉTODO • As palavras geradoras: o processo proposto por Paulo Freire inicia-se pelo levantamento do universo vocabular dos alunos. Através de conversas informais, o educador observa os vocábulos mais usados pelos alunos e a comunidade e, assim, seleciona as palavras que servirão de base para as lições. A quantidade de palavras geradoras pode variar entre 18 a 23 palavras, aproximadamente. Depois de composto o universo das palavras geradoras, elas são apresentadas em cartazes com imagens. Então, nos círculos de cultura, inicia-se uma discussão para dar-lhes significado dentro da realidade daquela turma. • A silabação: uma vez identificadas, cada palavra geradora passa a ser estudada através da divisão silábica, semelhantemente ao método tradicional. Cada sílaba se desdobra em sua respectiva família silábica, com a mudança da vogal. Por exemplo: BA-BE-BI-BO-BU. • As palavras novas: o passo seguinte é a formação de palavras novas. Usando as famílias silábicas agora conhecidas, o grupo forma palavras novas. • A conscientização: um ponto fundamental do método é a discussão sobre os diversos temas surgidos a partir das palavras geradoras. Para Paulo Freire, alfabetizar não pode se restringir aos processos de codificação e decodificação. Dessa forma, o objetivo da alfabetização de adultos é promover a conscientização acerca dos problemas cotidianos, a compreensão do mundo e o conhecimento da realidade social. 3.2.3 AS FASES DE APLICAÇÃO DO MÉTODO Freire propõe a aplicação de seu método nas cinco fases seguintes: • 1ª fase: levantamento do universo vocabular do grupo. Nessa fase, ocorrem as interações de aproximação e conhecimento mútuo, bem como a anotação das palavras da linguagem dos membros do grupo, respeitando seu linguajar típico. • 2ª fase: escolha das palavras selecionadas, seguindo os critérios de riqueza fonética, dificuldades fonéticas - numa sequência gradativa das mais simples para as mais complexas, do comprometimento pragmático da palavra na realidade social, cultural, política do grupo e/ou sua comunidade. • 3ª fase: criação de situações existenciais características do grupo. Trata-se de situações inseridas na realidade local, que devem ser discutidas com o intuito de abrir perspectivas para a análise crítica consciente de problemas locais, regionais e nacionais. • 4ª fase: criação das fichas-roteiro neles havia indicações de possíveis subtemas ligadas as palavras geradoras e sugestões de encaminhamentos para análise dos temas selecionados que funcionam como roteiro para os debates, as quais fossem apenas sugestões esses roteiros eram de grande valia, principalmente no inicio do trabalho quando a alfabetizador era também iniciante. • 5ª fase: criação de fichas de palavras para a decomposição das famílias fonéticas correspondentes às palavras geradoras. 3.2.4 HISTÓRIA Freire aplicou publicamente seu método pela primeira vez no Centro de Cultura Dona Olegarinha, um círculo de cultura do Movimento de Cultura Popular no Recife. Foi aplicado inicialmente a cinco alunos, dos quais três aprenderam a ler e escrever em 30 horas e outros dois desistiram antes de concluir. Baseado na experiência de Angicos, em janeiro de 1963, onde em 45 dias, alfabetizaram-se 300 trabalhadores, João Goulart, presidente do Brasil na época, chamou Paulo Freire para organizar o Plano Nacional de Alfabetização. Este plano, iniciado em janeiro de 1964, tinha como objetivo alfabetizar 2 milhões de pessoas em 20 000 círculos de cultura, e já contava com a participação da comunidade - só no estado da Guanabara, se inscreveram 6 000 pessoas. Mas, com o Golpe de Estado no Brasil em 1964, em abril, toda essa mobilização social foi reprimida e Paulo Freire foi considerado subversivo, sendo preso e, depois, exilado. Assim, esse projeto foi abortado. Em seu lugar, surgiu o Movimento Brasileiro de Alfabetização, igualmente uma iniciativa para a alfabetização, porém distinta do método freiriano. 3.3 O PERFIL DO PROFESSOR ALFABETIZADOR Alfabetizar jovens e adultos é uma ação peculiar e nem sempre se dá da mesma forma com se alfabetiza uma criança na infância o professor alfabetizador deve partir dor princípios de açãoreflexão-ação e deve estar aliado à formação continuada. A formação continuada permite refletir suas ações e repensar a sua prática, elaborando planos e/ou projetos que possam aprimorar a sua prática educativa. Alfabetizar na EJA envolve também a afetividade, o gosto e a responsabilidade. É fundamental que o professor da EJA tenha a consciência da valorização do outro, é importante valorizar o conhecimento que este aluno possui, pois durante toda a vida o aluno adquire um vasto conhecimento do senso comum e valorize também as suas experiências de vida, entretanto o diálogo tem que estar presente nas aulas, o professor tem que usar uma linguagem simples e acessível. O professor é um incentivador um meio para alcançar a motivação dos alunos e nesta fase da vida motivação é um aspecto fundamental. A prática da ação-reflexão-ação permite ao professor lançar estratégias para o sucesso do processo de ensino-aprendizagem. Ao observar turmas da EJA é comum observar que os professores regentes em tais turmas são geralmente professores experientes que despertam a confiança em seus alunos e que acreditam na educação como foco de mudança. Segundo Leal: “O conhecimento na ação, ou o conhecimento tácito, seria aquele constituído na prática cotidiana do exercício profissional. Concebemos que esse é um saber que se constrói com base nos conhecimentos prévios de formação inicial, articulado com os saberes gerados na prática cotidiana, de forma assistemática e muitas vezes sem tomada de consciência acerca dos modos de construção. Para um projeto de formação numa base reflexiva, torna-se fundamental conhecer e valorizar esses conhecimentos que são constituídos pelos professores, seja através de uma reflexão teórica, seja através desses processos eminentemente assistemáticos.” (LEAL, 2005, p. 114). A aprendizagem não pode ser simplesmente transmitida, ela é um processo de construção onde professora busca oferecer meios que favoreçam tal construção, a do conhecimento: tudo o que já foi vivido pelo aluno serve como base, o professor deve utilizar também a vivência e o conhecimento prévio do aluno para ajudá-lo na construção do saber. Aquilo que é oferecido ao alfabetizando deve fazer sentido para ele, se o professor partir de um ponto desconhecido que foge à realidade do aluno ele poderá não alcançar a compreensão necessária ao letramento. A principal função do professor na EJA é mediar, interagir o aluno com o meio, usar metodologias que favoreçam o processo de construção de ensino-aprendizagem, o aluno da atualidade espera muito mais que aprender a assinar o nome, portanto exercício de mera memorização, atividades mecânicas não permitem o êxito na EJA. A interdisciplinaridade deve fazer parte também desse processo os temas transversais como, ética, valores e cidadania são temas que norteiam a construção do conhecimento nesta fase. A educação de Jovens e Adultos traz muitos desafios tanto para professores quanto para alunos e são esses desafios que constroem práticas eficazes de alfabetização. Kelly Camargo Pulice in Moll esclarece muito bem o papel do educador na EJA, ao citar: “O papel do educador é pensar formas de intervir e transformar a realidade, problematizando-a, dialogando com o educando. Em sala de aula o importante não é “depositar” conteúdos, mas despertar uma nova forma de relação com a experiência vivida. Portanto, antes de qualquer coisa, é preciso conhecer o aluno: conhecê-lo como indivíduo num contexto social, com seus problemas, seus medos, suas necessidades, valorizando seu saber, sua cultura, sua oralidade, seus desejos, seus sonhos, isto possibilita uma aprendizagem integradora, abrangente, não compartimentalizada, não fragmentada.” (MOLL, 2004, p. 11). 3.4 PERFIL DO ESTUDANTE DA EJA E OS MOTIVOS DE EVASÃO Os alunos da EJA são geralmente pessoas vindas de famílias de baixa renda, sendo que muitas vezes os pais também não são alfabetizados, isso faz com que muitas vezes se sentem discriminados pela sociedade; vivemos em uma sociedade que para toda a nossa rotina é necessário a leitura,para se tomar um ônibus é necessário conseguir identificá-lo, para fazer compras tem que conhecer os números, contudo esse aluno da EJA pode se sentir excluído da sociedade, quando pensamos em exclusão nos remetemos a pessoas com deficiência, mas a exclusão não se limita a deficiência intelectuais e mentais, para esses alunos que por alguns motivos não estudaram nos primeiros anos de vida este termo também cabe. O autor Bieler fala sobre a importância da inclusão. “[...] A perspectiva da educação inclusiva vai além da deficiência. Esta é apenas uma das áreas que seriam beneficiadas com ela (educação inclusiva) A qualidade da educação é que está em debate porque hoje não se considera (nos sistemas educacionais ) a diversidade dos alunos, os níveis de necessidade e as características individuais. A proposta da educação inclusiva melhoraria a qualidade do ensino para todos. Não se trata só de incluir deficientes nas sala de aula.” (BIELER, 2004, p. 11). O aluno da EJA possui necessidade educacional especial independente de ter ou não deficiência física. Uma vez que estes alunos vão para a escola após um longo dia de serviço, sua mente já está cansada, ao contrario de uma criança que não trabalha e nem tem preocupações com a família, como os adultos. A maioria destes alunos da EJA tem a necessidade de voltar a escola para se sentir incluído na sociedade, procuram melhores condições de vida , almeja um melhor cargo no trabalho, muitos buscam a leitura com o objetivo de ser mais participativos e críticos na sociedade e até por motivos religiosos como o sonho de aprender ler para conseguir ler a bíblia, entretanto boa parte destes alunos busca uma realização pessoal, principalmente os mais idosos que as vezes são motivos de chacotas por estarem estudando nesta fase da vida. Os alunos da EJA por se tratarem de adolescentes acima de 14 anos e adultos, já tem suas experiências de vida, muitas vezes até traumas podem ter sido criados por não ter conseguido estudar anteriormente por vários motivos, desta forma os alunos criam um bloqueio, por isto o professor deve estar seguro para tentar quebrar estes bloqueios. Às vezes estes alunos podem estar com sua autoestima muito baixa, aí entra o papel do professor para traçar práticas adequadas para incentivá-los a motivação. A autoestima é fundamental para este processo de alfabetização, pois quando há esperanças se tem forças para vencer os desafios na busca de um objetivo. As turmas da EJA funcionam geralmente a noite que é o horário disponível para pessoas que trabalham diariamente, deve haver muita força de vontade e incentivo para jovens e adultos concluírem o curso. O número de evasão na EJA é muito grande, os alunos se sentem desmotivados e cansados; a grande maioria trabalha o dia inteiro, pegam ônibus lotado, muitas mulheres não trabalham fora, porém trabalham em casa. É fundamental que os professores da EJA sejam dinâmicos, aproximem o conteúdo à realidade do aluno, procurem sempre inovar e não criem barreiras para afastar esses alunos. O professor da EJA tem que estar motivado para conseguir motivar os alunos, todavia que os alunos são reflexos dos professores. Quando se pensa em evasão na EJA é de suma importância conhecer o perfil destes alunos, para tentar entender por que se dá esta evasão. As causas evasão na EJA são muitas, podemos destacar o cansaço após um dia de serviço, a distância entre casa/escola que aumenta as possibilidades de assaltos, entre outros fatores que se dá por conta da violência urbana. Outro fator é o apoio da família que nem sempre existe, o apoio do governo, da escola, direção, professores muitas vezes não estimulam os alunos; e também o desinteresse interfere sobre esta questão. É notório que existem fatores que contribuem direta ou indiretamente na evasão escolar, isso é uma preocupação de muitos, tais como escola, gestão escolar, governo, entre outras instituições. O fracasso escolar também é uma das causas de evasão, na Proposta Curricular para o 1º segmento do ensino fundamental (1997) consta que: “No público que efetivamente frequenta os programas de educação de jovens e adultos, é cada vez mais reduzido o número daqueles que não tiveram nenhuma passagem anterior pela escola. É também cada vez mais dominante a presença de adolescentes e jovens recém saídos do ensino regular, por onde tiveram passagens acidentadas.” É fundamental que aluno e professor compreendam que erros podem ser transformados em aprendizagem, é possível aprender com eles, os erros não podem ser contribuintes para causar evasão. De acordo com Cortella (1999, p. 112): “[...] O erro não ocupa um lugar externo ao processo de conhecer, investigar é bem diferente de receber uma revelação límpida, transparente e perfeita. O erro é parte integrante do conhecer não porque “errar é humano”, mas porque nosso conhecimento sobre o mundo dá-se em uma relação viva e cambiante (sem o. (shrink)
There seems to be confusion and disagreement among scholars about the meaning of interpersonal forgiveness. In this essay we shall venture to clarify the meaning of forgiveness by examining various literary works. In particular, we shall discuss instances of forgiveness from Homer’s The Iliad, Euripides’ Hippolytus, and Aristotle’s Nicomachean Ethics and we shall focus on the changes that the concept of forgiveness has gone through throughout the centuries, in the hope of being able to understand, and therefore, of being able (...) to use more accurately, contemporary notions of forgiveness. We shall also explore the relationship between forgiveness and concepts that are closely associated with it, such as anger/resentment, hurt, clemency, desert/merit, excuse, etc. (shrink)
The article is a more detailed consideration of the problems that were outlined in the first part of this study, “The Application of the Proprioception of Thinking in Doing Philosophy with Children” (Socium and Power, 2019, no. 4). This time, the author pays attention to the characterization of thinking as a process in the practice of philosophizing with children, justifying the effectiveness of this practice, which forms the awareness of actions and develops emotional intelligence. The author contrasts static abstract thinking (...) with the dynamics of a tacit concrete process of thought. Philosophizing with children in a dialogue form completely engages in the thought process, focuses on the very thinking, which is constantly developing taking into account different points of view, is complicated and deepens the understanding on an emotional level. (shrink)
In an interdisciplinary discussion with an international group of experts, we address the question of why faces matter so much. We approach the issue from different academic, technological and artistic perspectives and integrate these different perspectives in an open dialogue in order to raise awareness about the importance of faces at a time when we are hiding them more than ever, be it in “facing” other human beings or in “facing” digital technology.
Philosophy with children often focuses on abstract reasoning skills, but as David Bohm points out the “entire process of mind” consists of our abstract thought as well as our “tacit, concrete process of thought.” Philosophy with children should address the “entire process of mind.” Our tacit, concrete process of thought refers to the process of thought that involves our actions such as the process of thought that goes into riding a bicycle. Bohm contends that we need to develop an awareness (...) or proprioception of thinking as well. When Socrates enters into dialogue with his interlocutors, he shows the limitations of purely abstract thought by leading them to admit that they really “don’t know.” But, of course, they know. We know what bravery is or what love is, even though we can never “explain” these concepts in abstract terms. Life has taught us through experience what these concepts mean and we have developed an understanding of them. We can recognize when a person acts bravely. This is where I see the link between our tacit, concrete process of thought and emotional intelligence. We need emotional intelligence to learn how to be brave, to learn how to love, and be just in the way we act in the world. Knowing what justice is abstractly does not make us act justly. We have to develop awareness of our actions in order to develop the skills necessary to act the part. This is also where emotional intelligence comes in. In the bulletin of the play Romeo and Juliet, director Barry Edelstein wrote the following: “To perform Romeo and Juliet, actors need a series of skills… they must have the emotional and psychological awareness and openness of uncommon depth; they must listen with acuteness, they must possess an imagination of real suppleness and subtlety…” An abstract portrayal would not bring these characters to life. We can surely agree – abstractly – that racism is destructive, but still act racist, without being even slightly aware of it. My contention is that while our abstract sense of racism has evolved, our tacit, concrete knowledge has not, which explains that racism is for the most part still rampant, even though we know abstractly that it is wrong. So how do we educate and develop the awareness of the tacit, concrete knowledge that informs our actions, and develop the emotional intelligence to give a depth of understanding to what we know and believe abstractly. (shrink)
Translation into Russian by Dr. Sergey Borisov -/- Аннотация Понятие «парресия» впервые появляется в греческой литературе в V в. до н. э. Парресия — это возможность говорить свободно и открыто, не считаясь с авторитетами, говорить то, что без этого права может привести к наказанию или смерти. Парресия позволяла говорить правду властям, принося пользу тому, кто властвует, кому зачастую не хватает понимания сути реального положения дел. -/- Перевод статьи выполнен С. В. Борисовым по изданию: Tillmanns, Maria daVenza (2022). “How Parrhesia (...) in Doing Philosophy With Children: Develops Their Touchstones of Reality”. International Journal of Philosophical Practice, vol. 8, no. 1, pp. 1-11. В своей книге «Занятия философией с детьми в начальной школе: сложная деятельность» Берри Хисен утверждает, что занятие философией с детьми является формой парресии, поскольку побуждает детей говорить свободно и открыто. Парресия изменяет отношения между взрослым и ребенком. Серьезное отношение взрослых к детям как полноправным гражданам дает детям возможность серьезно относиться к себе, а также нести ответственность за свои мысли и чувства. Обосновывая свои мысли и чувства и прислушиваясь к мнению своих сверстников, дети становятся критическими слушателями не только других, но и самих себя. Они узнают, что то, что они думают и чувствуют, имеет вес, имеет значение в глазах других, что повышает самооценку. В процессе философствования дети также вырабатывают свои собственные критерии («пробные камни») реальности. Более того, для ощущения целостности и обоснованности того, кто мы есть, необходимо самопознание, что дает нам осознание цели и направления развития. (shrink)
This paper focuses on creating a paradigm shift; looking at how philosophy for and with children can inform philosophy, instead of having philosophy inform philosophy for and with children. My work in doing philosophy with children has shown me the limitations to trying to understand their way of doing philosophy through the lens of how adults understand philosophy and the influence western philosophy has had on the perception of what kids do when they are involved in philosophical group discussions. The (...) paradigm shift is relationally-based and for this I include the work of Martin Buber and David Bohm. Instead of looking at how we can develop critical thinking skills in children through developing their abstract thinking, I am interested in looking at what Bohm calls the tacit, concrete process of thinking. It’s the thinking that underlies thinking, so to speak. It’s the act of thinking underlying the abstract thinking we usually associate with thinking. In doing philosophy with children, I am interested in focusing on the process of thinking in the process of thinking. (shrink)
In this paper we introduce three methods to approach philosophical problems informationally: Minimalism, the Method of Abstraction and Constructionism. Minimalism considers the specifications of the starting problems and systems that are tractable for a philosophical analysis. The Method of Abstraction describes the process of making explicit the level of abstraction at which a system is observed and investigated. Constructionism provides a series of principles that the investigation of the problem must fulfil once it has been fully characterised by the previous (...) two methods. For each method, we also provide an application: the problem of visual perception, functionalism, and the Turing Test, respectively. (shrink)
This article considers how Portuguese cinema questions the possibility of any cinematic representation of national identity. By exposing the subjective mechanisms and the artistic construction of Manoel de Oliveira's Cristóvão Colombo, o enigma (2007), I argue that the film serves as a portrait despite being an affective landscape—what John Caspar Lavater has referred to as a physiognomic. Oliveira achieves this through the atemporal depiction of his own experience of the facts and fictions of Portuguese history. I also examine the Wagnerian (...) concept of Gesamtkunstwerk (" total art ") along with more recent conceptions of " impure cinema. ". (shrink)
Na História da Biologia, as classificações efetuadas por Platão e Aristóteles aos seres vivos são consideradas marcos metodológicos. Objetivando compreender em que medida essas classificações poderiam ser consideradas métodos construídos pelos filósofos gregos para o estudo dos seres vivos, conforme lhes denomina historicamente a literatura biológica, foram consultadas as obras platônicas, Timeu e O Político, e as aristotélicas, Partes dos Animais e História dos Animais. Buscou-se demarcar nestas obras como e para que empregaram a classificação no que diz respeito aos (...) seres vivos. Ao final, trazemos argumentos para explicar porque as classificações gregas não devem ser consideradas métodos na Biologia. (shrink)
The focus of this essay is on Xenophanes’ criticism of anthropomorphic representation of the gods, famously sounding like a declaration of war against a constituent part of the Greek religion, and adopting terms and a tone that are unequalled amongst “pre-Socratic” authors for their directness and explicitness. While the main features of Xenophanes’ polemic are well known thanks to some of the most studied fragments of the pre-Socratic tradition, a different line of enquiry from the usual one is attempted by (...) considering the multi-layered background of the religious beliefs revolving around the idea that the gods have human form as outlined in the tradition of epic poetry or represented in cult statues: in the light of this consideration Xenophanes’ text can take on some new characteristics. In the second part of the article, emphasis is put on the importance of the correlation Xenophanes established between the issue of the appearance of the gods and that of the certainty of knowledge, in terms that have exerted tremendous influence on later thought, most notably on Plato in the Timaeus. (shrink)
As ciências médicas, biomédicas, humanas e sociais têm avançado de forma frenética nos últimos anos. Com isso, se faz cada vez mais necessário o debate ético que visa contemplar o respeito à dignidade humana, animal e ao meio ambiente. A bioética se dedica a esse debate e se propõe a estendê-lo a setores não acadêmicos, como sociedades de proteção dos animais, dos direitos humanos e até grupos religiosos. Essa diversidade de opiniões não só é interessante, mas necessária, uma vez que (...) os valores praticados em uma sociedade provêm de uma construção social cujos blocos fundamentais têm origem na família e nos diversos grupos sociais nos quais os indivíduos estão inseridos desde o seu nascimento. A proposta deste livro é fomentar esse debate, fornecendo conceitos e visões sobre temas selecionados da pesquisa e da prática médica, biotecnológica e de áreas correlatas. Em um contexto mundial de intolerância política, social, étnica e de gênero, oportunidades de debate também possuem um papel social de auxiliar no desenvolvimento consciente da cidadania e do respeito ao próximo. Sobretudo, o debate nos faz enxergar o outro como parelho, ainda que cada um possua as suas especificidades, opiniões e histórias de vida. (shrink)
El presente artículo analiza la asimilación en la obra de Tomás de Aquino de los principios fundamentales del necesitarismo físico aristotélico así como la introducción, desde el punto de vista de la cosmología cristiana, dos tipos de fenómenos ajenos a la filosofía de la naturaleza de Aristóteles: las operaciones ocultas de la naturaleza y los milagros. Se estudia la postura del Aquinate en torno al magnetismo, las mareas, las propiedades terapéuticas de los compuestos y el origen de los poderes de (...) las figuras nigrománticas y reliquias. -/- . (shrink)
Аннотация Понятие «парресия» впервые появляется в греческой литературе в V в. до н. э. Парресия — это возможность говорить свободно и открыто, не считаясь с авторитетами, говорить то, что без этого права может привести к наказанию или смерти. Парресия позволяла говорить правду властям, принося пользу тому, кто властвует, кому зачастую не хватает понимания сути реального положения дел. 1 Перевод статьи выполнен С. В. Борисовым по изданию: Tillmanns, Maria daVenza (2022). “How Parrhesia in Doing Philosophy With Children: Develops Their Touchstones (...) of Reality”. International Journal of Philosophical Practice, vol. 8, no. 1, pp. 1-11. В своей книге «Занятия философией с детьми в начальной школе: сложная деятельность» Берри Хисен утверждает, что занятие философией с детьми является формой парресии, поскольку побуждает детей говорить свободно и открыто. Парресия изменяет отношения между взрослым и ребенком. Серьезное отношение взрослых к детям как полноправным гражданам дает детям возможность серьезно относиться к себе, а также нести ответственность за свои мысли и чувства. Обосновывая свои мысли и чувства и прислушиваясь к мнению своих сверстников, дети становятся критическими слушателями не только других, но и самих себя. Они узнают, что то, что они думают и чувствуют, имеет вес, имеет значение в глазах других, что повышает самооценку. В процессе философствования дети также вырабатывают свои собственные критерии («пробные камни») реальности. Более того, для ощущения целостности и обоснованности того, кто мы есть, необходимо самопознание, что дает нам осознание цели и направления развития. (shrink)
Ignorance is often a perfectly good excuse. There are interesting debates about whether non-culpable factual ignorance and mistake subvert obligation, but little disagreement about whether non-culpable factual ignorance and mistake exculpate. What about agents who have all the relevant facts in view but fail to meet their obligations because they do not have the right moral beliefs? If their ignorance of their obligations derives from mistaken moral beliefs or from ignorance of the moral significance of the facts they have in (...) view, should they be excused for failing to meet their moral obligations? It is not obvious that they should. In this paper we argue that the best non-skeptical accounts of moral responsibility acknowledge that factual ignorance and mistake will diminish moral responsibility in a way that moral ignorance and mistake will not. That is because factual ignorance is often non-culpable so long as it meets certain merely procedural epistemic standards but the same is not true of moral ignorance. Our argument is that the assumption that it is gets the standards of culpability for moral ignorance wrong, and that the mistake is encouraged by the thought that culpability in general requires an instance of known wrongdoing: that acting wrongly requires de dicto unresponsiveness to one’s obligations at some stage. We deny this and conclude that, therefore, ignorance and mistaken belief are indeed often perfectly good excuses – but far less often than some philosophers claim. (shrink)
How and when do we learn to understand other people’s perspectives and possibly divergent beliefs? This question has elicited much theoretical and empirical research. A puzzling finding has been that toddlers perform well on so-called implicit false belief (FB) tasks but do not show such capacities on traditional explicit FB tasks. I propose a navigational approach, which offers a hitherto ignored way of making sense of the seemingly contradictory results. The proposal involves a distinction between how we navigate FBs as (...) they relate to (1) our current affordances (here & now navigation) as opposed to (2) presently non-actual relations, where we need to leave our concrete embodied/situated viewpoint (counterfactual navigation). It is proposed that whereas toddlers seem able to understand FBs in their current affordance space, they do not yet possess the resources to navigate in abstraction from such concrete affordances, which explicit FB tests seem to require. It is hypothesized that counterfactual navigation depends on the development of “sensorimotor priors,” i.e., statistical expectations of own kinesthetic re-afference, which evidence now suggests matures around age four, consistent with core findings of explicit FB performance. (shrink)
Although cognitivism has lost some ground recently in the philosophical circles, it is still the favorite view of many scholars of emotions. Even though I agree with cognitivism's insight that emotions typically involve some type of evaluative intentional state, I shall argue that in some cases, less epistemically committed, non-propositional evaluative states such as mental pictures can do a better job in identifying the emotion and providing its intentional object. Mental pictures have different logical features from propositions: they are representational, (...) and some may or may not portray actual objects aptly. Yet, unlike propositional attitudes, mental pictures do not allow for objective criteria by which one can judge that a certain picture is an apt portrait of someone or something. (shrink)
What does it mean to be an aesthetic beholder? Is it different than simply being a perceiver? Most theories of aesthetic perception focus on 1) features of the perceived object and its presentation or 2) on psychological evaluative or emotional responses and intentions of perceiver and artist. In this chapter I propose that we need to look at the process of engaged perception itself, and further that this temporal process of be- coming a beholder must be understood in its embodied, (...) contextual and dynamic speci- ficity. Through both phenomenological and neuroscientific explorations I analyze what is characteristic about a more “aesthetic stance” and argue that there is a certain asym- metry between beholder and beheld, which has to do with a disengagement of goal- directed action, and which allows for other kinds of perceptual involvement than in a more “practical stance”. It is a multi-disciplinary project integrating a sensorimotor no- tion of aesthetic affordances, 18th century philosophy, and large-scale brain network findings. What ensues is a new dynamic framework for future empirical and theoretical research on aesthetic perception. (shrink)
Recent philosophical work on the concept of human nature disagrees on how to respond to the Darwinian challenge, according to which biological species do not have traditional essences. Three broad kinds of reactions can be distinguished: conservative intrinsic essentialism, which defends essences in the traditional sense, eliminativism, which suggests dropping the concept of human nature altogether, and constructive approaches, which argue that revisions can generate sensible concepts of human nature beyond traditional essences. The different constructive approaches pick out one or (...) two of the three epistemic roles that are fused in traditional essentialist conceptions of human nature: descriptive, explanatory, definitional, or explanatory and definitional. These turns towards diverging epistemic roles are best interpreted pluralistically: there is a plurality of concepts of human nature that have to be clearly distinguished, each with a legitimate role in respective scientific contexts. (shrink)
This paper advances the view that the history of philosophy is both a kind of history and a kind of philosophy. Through a discussion of some examples from epistemology, metaphysics, and the historiography of philosophy, it explores the benefit to philosophy of a deep and broad engagement with its history. It comes to the conclusion that doing history of philosophy is a way to think outside the box of the current philosophical orthodoxies. Somewhat paradoxically, far from imprisoning its students in (...) outdated and crystallized views, the history of philosophy trains the mind to think differently and alternatively about the fundamental problems of philosophy. It keeps us alert to the fact that latest is not always best, and that a genuinely new perspective often means embracing and developing an old insight. The upshot is that the study of the history of philosophy has an innovative and subversive potential, and that philosophy has a great deal to gain from a long, broad, and deep conversation with its history. (shrink)
In 1969 Harry Frankfurt published his hugely influential paper 'Alternate Possibilities and Moral Responsibility' in which he claimed to present a counterexample to the so-called 'Principle of Alternate Possibilities' ('a person is morally responsible for what he has done only if he could have done otherwise'). The success of Frankfurt-style cases as counterexamples to the Principle has been much debated since. I present an objection to these cases that, in questioning their conceptual cogency, undercuts many of those debates. Such cases (...) all require a counterfactual mechanism that could cause an agent to perform an action that he cannot avoid performing. I argue that, given our concept of what it is for someone to act, this requirement is inconsistent. Frankfurt-style alleged counterexamples are cases where an agent is morally responsible for an action he performs even though, the claim goes, he could not have avoided performing that action. However, it has recently been argued, e.g. by John Fischer, that a counterexample to the Principle could be a 'Fischer-style case', i.e. a case where the agent can either perform the action or do nothing else. I argue that, although Fischer-style cases do not share the conceptual flaw common to all Frankfurt-style cases, they also fail as counterexamples to the Principle. The paper finishes with a brief discussion of the significance of the Principle of Alternate Possibilities. (shrink)
We think we have lots of substantial knowledge about the future. But contemporary wisdom has it that indeterminism prevails in such a way that just about any proposition about the future has a non-zero objective chance of being false.2, 3 What should one do about this? One, pessimistic, reaction is scepticism about knowledge of the future. We think this should be something of a last resort, especially since this scepticism is likely to infect alleged knowledge of the present and past. (...) One anti-sceptical strategy is to pin our hopes on determinism, conceding that knowledge of the future is unavailable in an indeterministic world. This is not satisfying either: we would rather not be hostage to empirical fortune in the way that this strategy recommends. A final strategy, one that we shall explore in this paper, is one of reconciliation: knowledge of a proposition is compatible with a subject’s belief having a non-zero objective chance of error.4 Following Williamson, we are interested in tying knowledge to the presence or absence of error in close cases, and so we shall explore the connections between knowledge and objective chance within such a framework. We don’t want to get tangled up here in complications involved in attempting to formulate a necessary and sufficient condition for knowledge in terms of safety. Instead, we will assume the following rough and ready necessary condition: a subject knows P only if she could not easily have falsely believed P.5 Assuming that easiness is to be spelt.. (shrink)
Over the last four decades arguments for and against the claim that creative hypothesis formation is based on Darwinian ‘blind’ variation have been put forward. This paper offers a new and systematic route through this long-lasting debate. It distinguishes between undirected, random, and unjustified variation, to prevent widespread confusions regarding the meaning of undirected variation. These misunderstandings concern Lamarckism, equiprobability, developmental constraints, and creative hypothesis formation. The paper then introduces and develops the standard critique that creative hypothesis formation is guided (...) rather than blind, integrating developments from contemporary research on creativity. On that basis, I discuss three compatibility arguments that have been used to answer the critique. These arguments do not deny guided variation but insist that an important analogy exists nonetheless. These compatibility arguments all fail, even though they do so for different reasons: trivialisation, conceptual confusion, and lack of evidence respectively. Revisiting the debate in this manner not only allows us to see where exactly a ‘Darwinian’ account of creative hypothesis formation goes wrong, but also to see that the debate is not about factual issues, but about the interpretation of these factual issues in Darwinian terms. (shrink)
When we look at our political landscape today, I wonder where has our integrity gone? -/- Teachers want to know how to explain (if that’s the right word) the language and behavior of the current American president to children in their class. He lies, he is rude and inconsiderate; he bad-mouths people and makes fun of people with disabilities. And classroom teachers not only teach certain disciplines; they also teach the need for civil discipline. The latter seems to be lacking (...) with the current president. -/- How do we teach for integrity in a time, which seems to be totally lacking in any true sense of integrity. (shrink)
The compass we use to navigate life needs to be cultivated from an early age. My sense is that the arts, including Plato’s dialogues cultivate our navigational sense. It does not tell us rationally what is good or what is bad. It is not that simple. Remember, the stars we sail by, are not fixed, either. So we need to develop a sense for what may be right or not in any particular situation. We may have a general sense, but (...) need to learn how to apply this general sense to specific situations, which are unique. In every new situation we have to figure out what is the right thing to do. And this may be different for different people as well. Too often we look for a one-fits-all solution, including our moral sense of right and wrong. And this is where we so often end up resorting to a violent “solution,” just to end it all. While we may have acquired so many technological advancements in our modern world, on the level of understanding how to navigate the world we may have regressed even, now that we can increasingly rely of highly technically advanced weapons. Again, violence seems to bear the only “solution.” -/- Yet, with our compass intact, we might be better able to recognize the red flags when we see them in real life and not find ways to rationalize, justify or ignore the reality right before our eyes. When we recognize them early, they can be handled so much easier and better. Molehills are less difficult than mountains. And to get rid of a mountain, you may just have to blow it up, using violence... (shrink)
The intuitive mind is a sacred gift and the rational mind is a faithful servant. We have created a society that honors the servant and has forgotten the gift. – Albert Einstein -/- In my philosophical discussions with elementary school children, I use questions not just to uncover hidden assumptions the children may have, but to lead them to a place of aporia – puzzlement, a place of “not-knowing.” If some children assume that to be brave is to be fearless, (...) I not only ask why they assume this, but go on to ask how it is that we can be called brave, if we’re not even afraid? What’s there to be brave about? With this question, I try to bring the children to a place of “aporia,” a place of puzzlement. Aporia empowers thinking. -/- Philosophy is the pursuit of clear thinking; it is also the pursuit of wisdom, a deeper truth (see quote). -/- Wonder captivates us and connects us to the world around us. In “doing” philosophy with children, this sense of wonder is expanded upon. In their book, Journey of the Universe Swimme and Tucker state, “For or a young mammal, behavior is open-ended in a way that is rarer in adults… In a word, what often occupies their consciousness is play…. they enter into many kinds of relationships out of sheer curiosity.” -/- In doing philosophy with children, we play with ideas. Shobhan Lyons states in her article, “What makes a philosopher?”, in Philosophy Now, “Linking philosophy and truth is a common approach; but I believe that philosophy is less a search for truth and more an engagement with possibilities; …” For example, whereas fear may be a good thing in some instances, it may not be in others. Lying may be necessary in some instances and a good thing (although, it doesn’t imply that lying in itself is a good thing), and in other cases it may be harmful and hurtful. So how do you decide? This is where navigational skills come into play. What may work in some instances may in fact be the entirely wrong thing to do in other cases. So how can you tell? This is where you need to learn how to respond to complex situations. -/- I conclude with examples of aporia questions for 8 picture book stories. “Dragons and Giants,” in Frog and Toad Together, by Arnold Lobel: -/- The question is, are Frog and Toad brave? Children often conclude that to be brave you cannot be afraid. Since Frog and Toad are afraid, they cannot be brave. -/- An aporia question is, whether you can be brave without being afraid? If you are not in the least afraid, what makes you brave? Another aporia question is, whether Frog and Toad would be foolish rather than brave if they were not to jump out of the way of the snake, the avalanche or the hawk. A third aporia question has to do with the question how we know we are foolish or brave when dealing with that which is dangerous. -/- . (shrink)
Mirror neuron research has come a long way since the early 1990s, and many theorists are now stressing the heterogeneity and complexity of the sensorimotor properties of fronto-parietal circuits. However, core aspects of the initial ‘ mirror mechanism ’ theory, i.e. the idea of a symmetric encapsulated mirroring function translating sensory action perceptions into motor formats, still appears to be shaping much of the debate. This article challenges the empirical plausibility of the sensorimotor segregation implicit in the original mirror metaphor. (...) It is proposed instead that the teleological organization found in the broader fronto-parietal circuits might be inherently sensorimotor. Thus the idea of an independent ‘purely perceptual’ goal understanding process is questioned. Further, it is hypothesized that the often asymmetric, heterogeneous and contextually modulated mirror and canonical neurons support a function of multisensory mapping and tracking of the perceiving agents affordance space. Such a shift in the interpretative framework offers a different theoretical handle on how sensorimotor processes might ground various aspects of intentional action choice and social cognition. Mirror neurons would under the proposed “social affordance model” be seen as dynamic parts of larger circuits, which support tracking of currently shared and competing action possibilities. These circuits support action selection processes—but also our understanding of the options and action potentials that we and perhaps others have in the affordance space. In terms of social cognition ‘ mirror ’ circuits might thus help us understand not only the intentional actions others are actually performing—but also what they could have done, did not do and might do shortly. (shrink)
Largely aided by the neurological discovery of so-called “ mirror neurons,” the attention to motor activity during action observation has exploded over the last two decades. The idea that we internally “ mirror ” the actions of others has led to a new strand of implicit simulation theories of action understanding[1][2]. The basic idea of this sort of simulation theory is that we, via an automatic covert activation of our own action representations, can understand the action and possibly the goal (...) and/or intentions of the observed agent. In this way motor “simulation” is seen as the basis for low-level “mind-reading”; i.e. for the ascription of goals and intentional mental states to others. The thought is that one, through mirroring simulations, can get beyond the observable behaviour to the hidden minds of others. I am questioning the idea of an exclusively “mirroring” role of the motor system in social perception, which is tacitly assumed in this sort of simulation theories. Is motor activity during action observation really primarily a simulation, a detailed “echo” of the others action? My point is not that we never simulate what we observe, but rather to question whether such processes are representative of the overall motor contribution to social cognition. More and more studies on the functional properties of mirror neurons and motor facilitation during perception points to a more complex role of the motor system in action perception. Recently, several proposals have been made attempting to reinterpret and critique the function of motor activity in social situations. I shall here briefly touch on a few of these and sketch parts of my own alternative “social affordance” hypothesis of the sensorimotor contribution to social perception. By way of these analyses I highlight how traditional discussions are marred by problematic theoretical assumptions. It seems to me that we need a thorough reinterpretation not just of mirror neurons and mirroring, but also of what we take motor and social cognition to be. In my view the details of the sensorimotor findings underline the need to move beyond the simplistic idea of the motor system as a unitary output system. In terms of social cognition I question the traditional focus on hidden mental states. I suggest that the motor contribution might have more to do with understanding the process of how others choose their actions, navigate the world and relate to others than with simulating specific actual actions or mental states. I conclude that low-level simulation theories, which see the motor role in social perception as passive “mirroring,” are faced with serious empirical challenges, and that the motor system serve a much more proactive and complex cognitive role in social perception and interaction than previously thought. But my claim is also that many empirical tensions have slipped out of focus due to entrenched theoretical assumptions. Narrow theoretical expectations have marked not only the interpretations but the research itself and I propose that we are in dire need of more studies of actual contextual and interactive social perception. (shrink)
Autism has been defined as a disorder of social cognition, interaction and communication where ritualistic, repetitive behaviors are commonly observed. But how should we understand the behavioral and cognitive differences that have been the main focus of so much autism research? Can high-level cognitive processes and behaviors be identified as the core issues people with autism face, or do these characteristics perhaps often rather reflect individual attempts to cope with underlying physiological issues? Much research presented in this volume will point (...) to the latter possibility, i.e. that people on the autism spectrum cope with issues at much lower physiological levels pertaining not only to Central Nervous Systems (CNS) function, but also to peripheral and autonomic systems (PNS, ANS) (Torres, Brincker, et al. 2013). The question that we pursue in this chapter is what might be fruitful ways of gaining objective measures of the large-scale systemic and heterogeneous effects of early atypical neurodevelopment; how to track their evolution over time and how to identify critical changes along the continuum of human development and aging. We suggest that the study of movement variability—very broadly conceived as including all minute fluctuations in bodily rhythms and their rates of change over time (coined micro-movements (Figure 1A-B) (Torres, Brincker, et al. 2013))—offers a uniquely valuable and entirely objectively quantifiable lens to better assess, understand and track not only autism but cognitive development and degeneration in general. This chapter presents the rationale firstly behind this focus on micro-movements and secondly behind the choice of specific kinds of data collection and statistical metrics as tools of analysis (Figure 1C). In brief the proposal is that the micro-movements (defined in Part I – Chapter 1), obtained using various time scales applied to different physiological data-types (Figure 1), contain information about layered influences and temporal adaptations, transformations and integrations across anatomically semi-independent subsystems that crosstalk and interact. Further, the notion of sensorimotor re-afference is used to highlight the fact that these layered micro-motions are sensed and that this sensory feedback plays a crucial role in the generation and control of movements in the first place. In other words, the measurements of various motoric and rhythmic variations provide an access point not only to the “motor systems”, but also access to much broader central and peripheral sensorimotor and regulatory systems. Lastly, we posit that this new lens can also be used to capture influences from systems of multiple entry points or collaborative control and regulation, such as those that emerge during dyadic social interactions. (shrink)
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