Este artigo investiga a “Tese” do primado do objeto na obra de Theodor W. Adorno, central ao seu materialismo não dogmático e relativamente pouco estudada. O primado do objeto será apresentado em seus elementos constitutivos, como crítica ao modo essencialmente idealista da dialética que perpassa o conjunto da obra de Adorno, em especial nos textos e discussões que precederam a publicação da Dialektik der Aufklãrung, para se explicitar no período de elaboração da Negative Dialektik. A “Tese” desenvolve momentos apresentados por (...) Lukács, Benjamin e Horkheimer, particularmente quanto ao nexo entre razão e experiência e se fundamenta especialmente no trajeto Kant – Hegel, como crítica ao idealismo, incorporando de modo estruturante as perspectivas de Marx e de Nietzsche. Ao romper a pretensa “simetria” entre sujeito e objeto, a “Tese” do primado do objeto revela como é insustentável a alegação habermasiana do Discurso filosófico da modernidade segundo a qual Adorno e Horkheimer incidiriam num ceticismo total frente à razão e à sua totalização ideológica. Ao contrário: estes autores, ao articularem de um modo original substância material histórica e argumentação teórica, contribuíram de modo fundamental para examinar o problema da reificação mediante sua relação à objetividade – como o não-idêntico – no âmbito da razão. (shrink)

This thesis has two principal aims: to demonstrate the centrality of memory to the philosophy and aesthetics of T. W. Adorno, and to assess its philosophical significance. Although in recent years Adorno's work has been the object of increased scrutiny within Anglo-American philosophical circles, as yet little sustained attention has been devoted to the concept of memory within Adorno's oeuvre. However, in Dialectic of Enlightenment Adorno and Horkheimer proclaimed that it is "by virtue of this memory of nature in the (...) subject" that "enlightenment is universally opposed to domination. "Given that all of Adorno's work is concerned to redeem enlightenment from domination, the importance of a philosophical interpretation of the concept of memory is pivotal for an engagement with the legacy of Adorno's thought today. It will be argued that, for Adorno, memory always operates in relation to reification. The construal of this relation enjoins the consideration of a number of significant categories within Adorno's work: notably tradition, experience, mimesis and utopia; and further, it serves to situate and distance Adorno from those thinkers - Kant, Hegel, Heidegger and Benjamin - with whom he incessantly engages. Finally, by focusing on the relation between memory and reification, one can gauge the stakes of the Habermasian critique of Adorno, for it is Adorno's understanding of reconciliation as the "remembrance of nature in the subject" that is the crux of the agon between Habermas and Adorno. I will argue that it is Habermas's failure to fully engage with the ramifications of Adorno's concept of memory that vitiates his critique, and indeed, that this failure provides the means for an Adornian critique of Haberman. It will be argued that memory is not an object of Adornian thought, but rather, that it provides the utopian texture of that thought. (shrink)