Abstract
O lugar comum dos estudos sobre as Istorie Fiorentine sugere que nesta obra Maquiavel revelaria uma mudança radical em sua compreensão de povo em relação às obras anteriores. Enquanto em O Príncipe e em Discursos Maquiavel teria feito uma demarcação muito nítida em relação ao modo de agir de grandi e popolo, nas Istorie tanto grandes quanto povo seriam mostrados como agentes de dominação. Nosso propósito será o de avaliar até que ponto é sustentável a interpretação corrente segundo a qual em Histórias florentinas Maquiavel teria mostrado que: (a) o modo de agir do povo seria inconciliável com um comportamento de submissão à autoridade da lei; (b) a atuação do povo exibiria o mesmo desejo de comandar e oprimir que, em O Príncipe e Discursos, era apresentado como humor típico dos grandes; (c) estas transformações na atuação popular teriam comprometido o papel de “guardião da liberdade”, em Discursos atribuído por Maquiavel ao povo.