Abstract
O Ensino Médio no Brasil tem enfrentado diversas mudanças sobre seu objetivo principal, sendo fortemente associado ao Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), uma das principais portas de entrada para o Ensino Superior. A redação do ENEM, um dos componentes da prova, segue um formato dissertativo-argumentativo padronizado, exigindo que os candidatos defendam uma opinião sobre temas sociais e proponham uma intervenção, respeitando os direitos humanos. Com base nas teorias de Herbert Marcuse, o artigo discute como a estruturação da redação pode limitar o pensamento crítico dos candidatos, favorecendo uma reprodução de discursos dominantes. Assim, o processo de elaboração da redação, que deveria fomentar o pensamento crítico, acaba se tornando um exercício de conformidade às normas determinadas. A análise da obra de Marcuse, em particular a ideia de "fechamento do discurso", sugere que a redação do ENEM, apesar de sua intenção de avaliar a capacidade de argumentação e escrita dos candidatos, reforça uma padronização discursiva, em que os candidatos são incentivados a seguir fórmulas predefinidas para alcançar uma boa pontuação. Isso leva a refletir que o exame apenas perpetua um discurso unidimensional e operacionalizado.