In Adriana V. Serrão, Carla M. Simões, Elisabete M. De Sousa, Filipa Afonso, Maria Luísa Ribeiro Ferreira, Pedro Calafate Simões & Ubirajara Rancan de Azevedo Marques (eds.),
Poética da Razão: Homenagem a Leonel Ribeiro dos Santos. Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa. pp. 385-397 (
2013)
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Abstract
Queremos neste ensaio introduzir um esboço de uma semântica simples e
adequada para uma classe importante de predicações singulares de inexistência, ou
frases existenciais singulares negativas. Frases deste género, como “Sócrates (já) não
existe” e “O pássaro Dódó não existe”, são usualmente tidas como de algum modo
paradoxais e semanticamente problemáticas.
O modelo semântico que vamos delinear para tais frases, que desejavelmente se
caracteriza pela simplicidade e pela economia, depende no entanto de duas importantes
e substantivas suposições de partida, e, mais crucialmente, de uma tese semântica de
alguma maneira controversa acerca da referência singular. Trata-se da tese da rigidez
obstinada, a tese de que nomes próprios e outros termos irredutivelmente singulares –
tais como indexicais, demonstrativos e termos para categorias naturais – são
designadores, não apenas rígidos, mas obstinadamente rígidos, dos objectos que de
facto designam