Abstract
Neste ensaio, abordo o problema de saber se é possível atribuir experiência consciente a um
sistema de inteligência artificial, ou seja, o problema de saber se é possível algo como uma
subjetividade artificial. Para abordar esse problema, primeiro recorro a dois textos clássicos
da filosofia da mente: “Facing Up to the Problem of Consciousness” de David Chalmers (1995)
e “What Is It Like to Be a Bat?” de Thomas Nagel (1974). Então, busco esclarecer quais são
as (im)potencialidades das inteligências artificiais (IAs), ressaltando suas capacidades e
fragilidades, a partir principalmente dos textos de Alexandre Quaresma (2019) e Teresa
Ludemir (2021). Na terceira e última parte deste ensaio, busco sintetizar o conteúdo
precedente no sentido de apontar para duas condições necessárias para a instanciação de
subjetividade num sistema artificial, uma condição técnica e uma condição conceitual. Busco
apresentar argumentos que enfatizam a importância de tomarmos os organismos biológicos
como modelos de sistemas conscientes e, nesse sentido, argumento em favor de duas
condições necessárias para algo como uma subjetividade artificial: (i) as capacidades de
meta-aprendizagem e autorregulação, típicas de um organismo, e (ii) a resolução do velho
problema difícil da consciência.