É possível uma subjetividade artificial? Algumas considerações filosóficas sobre os recentes avanços tecnológicos da inteligência artificial a partir do problema difícil da consciência

Filogenese 19 (1): 23-48 (2024)
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Abstract

Neste ensaio, abordo o problema de saber se é possível atribuir experiência consciente a um sistema de inteligência artificial, ou seja, o problema de saber se é possível algo como uma subjetividade artificial. Para abordar esse problema, primeiro recorro a dois textos clássicos da filosofia da mente: “Facing Up to the Problem of Consciousness” de David Chalmers (1995) e “What Is It Like to Be a Bat?” de Thomas Nagel (1974). Então, busco esclarecer quais são as (im)potencialidades das inteligências artificiais (IAs), ressaltando suas capacidades e fragilidades, a partir principalmente dos textos de Alexandre Quaresma (2019) e Teresa Ludemir (2021). Na terceira e última parte deste ensaio, busco sintetizar o conteúdo precedente no sentido de apontar para duas condições necessárias para a instanciação de subjetividade num sistema artificial, uma condição técnica e uma condição conceitual. Busco apresentar argumentos que enfatizam a importância de tomarmos os organismos biológicos como modelos de sistemas conscientes e, nesse sentido, argumento em favor de duas condições necessárias para algo como uma subjetividade artificial: (i) as capacidades de meta-aprendizagem e autorregulação, típicas de um organismo, e (ii) a resolução do velho problema difícil da consciência.

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