Abstract
Neste ensaio, exploro como os princípios filosóficos de Kant podem oferecer uma abordagem que ainda hoje é relevante para lidar com discursos intolerantes. Apresento a distinção entre o uso público e o uso privado da razão para Kant, visando demonstrar que, segundo o autor, um representante público eleito democraticamente quedefende ideias antidemocráticas deveria renunciar ao seu cargo. Utilizando-me do raciocínio do paradoxo datolerância de Popper, mostro que ser intolerante com discursos antidemocráticos é uma condição necessária para uma democracia existir. Porém, a partir de um argumento parcialmente transcendental, mostro que isso não pode se aplicar a um indivíduo que acredita em um discurso antidemocrático. Ainda assim, mostro que podemos extrair considerações importantes a partir disso, a saber: o indivíduo antidemocrático está lutando pelo seu “direito” de expressar somente seu próprio ponto de vista, enquanto o indivíduo genuinamente tolerante/democrático defende a possibilidade de vários pontos de vistas divergentes coexistirem.