Abstract
O artigo em questão, detendo-se nos indícios do ideal da autoformação, para cujas fronteiras o contexto sociocultural da atualidade converge, recuperando a noção de Paidéia, legado grego, discorre sobre o processo pedagógico que, imbrincado em uma rede de relações que envolve as formas simbólicas mediante as quais o homem constrói o mundo, estruturalizando a realidade, segundo a perspectiva de Cassirer (1874-1945), se movimenta, no decorrer da história, oscilando entre a tendência que ora prioriza a formação individual, ora absolutiza o aspecto social, objetos da investigação dos tópicos da reflexão, –Quem é, pois, o indivíduo?- (Tópico I), e –O que é, pois, a sociedade?- (Tópico II).
Longe, no entanto, de encerrar a pretensão de constituir um saber definitivo acerca da noção de indivíduo e de sociedade, em cujos eixos estão os pressupostos da polarização que tende a envolver o processo formativo-educacional, a discussão propõe uma relação de convergência das nuances e matizes que emergem do pensamento humano trazendo aparentemente silhuetas antagônicas, mais pela ênfase de uma leitura unilateral (que onipotencializa um dos atalhos de expressão) do que propriamente pela impossibilidade de acolher uma –interseccionalidade conciliativa-.
Neste sentido, se sob a referencialidade do indivíduo o texto justapõe Durkheim (1858-1917) e Janet (1859-1947), perpassando pela perspectiva de Morin (1921), ao percurso de domínio da sociedade impõe uma conceituação histórica do conhecimento, inter-relacionando-o dialeticamente à produção da existência humana, que, afinal, reivindicando o governo da ciência, –autonomizada- desde a Revolução Científica (séc. XVII), engendra, em nome da razão instrumental, os valores arquetípicos da sociedade moderna, que, constitutivos da Paidéia contemporãnea, são confrontados, através da abordagem moriniana, nos aspectos conclusivos do estudo, que denunciam, em suma, que a autoformação demanda uma relacionalidade que não pode escapar a uma correspondência dele (homem) consigo mesmo, cujo conteúdo, referencializado pela razão comunicativa, transpondo a polaridade da questão proposta, torna-se a única proposta à altura da atual conjuntura sociocultural.