Abstract
SOCIOLOGY: STRUCTURAL AND CONJUNCTURAL ASPECTS
Sabemos, por intermédio de pesquisas na área sociológica, que o nascimento e formação
da Sociologia como ciência é proveniente de uma série de metamorfoses históricas. Isso implica
dizer que as idiossincrasias mais genéricas da Sociologia têm um elo peculiar com a maneira
como o corpo social se organizou e estruturou ao passo do final do século XIX e início do
século XX. O feitio do arranjo da vida em corpo social nesse lapso, isto é, o feitio de conformar
a educação, o conhecimento em geral, a política dos Estados, a indústria, o comércio e as
relações monetárias entre os países industrializados do período, constituem o alicerce para
reflexão acerca da razão de a Sociologia ter se conformado como uma ciência peculiar,
divergentemente da História e da Filosofia.
Durante as revoluções que se decorrera nos séculos de nascimento da Sociologia, três
pensamentos serviram de alicerce para tentar compreender as complexas metamorfoses sociais
da época. Marx, Durkheim e Weber analisaram o corpo social capitalista de suas respectivas épocas e enfatizaram elementos que podem ser considerados essenciais e centrais da Sociologia.
Assim, ainda que partiram da mesma referência empírica, que nada mais é do que o corpo
social, cada um deles obtiveram interpretações divergentes sobre a conformação social e sobre
os componentes conjunturais do corpo social. Todavia, é imprescindível compreender, com
base na Sociologia nascente, o que é estrutura social e o que é conjuntura social.
Para o antropólogo Radcliffe-Brown (1881-1955), “a estrutura social designa a rede
complexa de relações sociais que existe realmente e une seres humanos individuais num certo
meio natural”
5
. Ou seja, a estrutura social dá as características de ambiência e vivência dos
indivíduos na vida sodalícia, esses aspectos foram analisados e estudados pelos autores
supracitados na tentativa de elucidação das transformações que se decorrera na Europa da
industrialização.
Para Raymond Boudon (1934-2013):
[...] a expressão "estrutura social" é empregada como sinônimo de organização
social: conjunto das modalidades de organização de um grupo social e dos tipos
de relações que existem no interior e entre diversos domínios de toda a
sociedade (tanto ao nível do parentesco como da organização econômica e
política). (BOUDON, 1990)6
Isto é, a estrutura social emprega termos mais genéricos da vida sodalícia, o que implica
dizer que se relaciona diretamente com a organização das esferas sociais e dos indivíduos. À
medida em que se estrutura e se organiza a sociedade, aparecerão vastas transformações nos
meios de produção, comércio, etc. Logo, caber-se-á ao cientista social, como acontecera na
gênese da Sociologia, estudar essa estrutura e organização e como tais termos e aspectos afetam
a sociedade e os meios econômicos e políticos.
Em termos mais didáticos:
(Alana) A sociedade é composta de elementos estruturais e
conjunturais/ocasionais. Essa relação é fundamental para demonstrar que a
sociedade é resultado de um processo histórico. [...]
(Emanuel) Há mecanismos estruturais que são sempre repostos nas
conjunturas e que garantem a perpetuação das sociedades. Ao mesmo tempo
em que conferem à sociedade suas características centrais, os componentes
estruturais são reconstituídos nas diferentes conjunturas com o rótulo da
novidade. As relações familiares, a organização do trabalho e da política, o
sistema educacional, a escola, a produção, o comércio, as religiões, etc., podem
servir de exemplos para entender como a novidade é influenciada pelos
aspectos permanentes de uma sociedade, de um modo de produção da vida em
sociedade. [...]
(Alana) É importante refletir de que maneira as condições particulares
dos indivíduos tem ressonâncias da história passada, de sua família, de
questões que aparentemente não têm implicações diretas em sua vida. É
importante explicitar, assim, que aquilo que somos e o que pensamos é um
resultado histórico-social. [...]
(Emanuel) É necessário propor uma reflexão aos indivíduos sobre
hábitos e costumes que nos parecem novos mas que de fato são herdados e têm
fundamento na história da sociedade em que vivemos. Essa reflexão irá ajudar
os indivíduos a identificar a presença de alguns desses hábitos e costumes na
vida de todos os dias é um exercício que pode contribuir para a compreensão e
a fixação desse conteúdo. [...]
(SILVA, Emanuel Isaque Cordeiro da. SILVA, Alana Thaís Mayza da. Da
sociedade estrutural e conjuntural na vida pragmática. [Entrevista cedida
a] Eduarda Carvalho da Silva Fontain. Diálogo entre amigos. Colégio de
Aplicação da UFPE, Recife – PE. 08 Jun. 2019).
Os corpos sociais, por mais divergentes que sejam, capitalistas ou socialistas,
escravistas, libertários, indígenas, africanos, monogâmicos ou orientais, têm componentes
genéricos que se reproduzem ao passar do tempo. Esses componentes genéricos são a base do
corpo social e se caracterizam como componentes típicos, ou seja, componentes que acabam
tornando um corpo social completamente divergente de outro. A conformação social, assim
sendo, é feitiada mediante características genéricas que dão individualidade ao corpo social e
se reproduzem ao passar do tempo. Logo, dá-se a entender que se um corpo social tem seus
componentes conformais destruídos, ele perde sua individualidade, metamorfoseando-se em
outro tipo de sodalício.
Aclarando melhor, pensemos no corpo social ao qual fazemos parte: o corpo social
capitalista. Ainda que os pensadores sociais antes supracitados tenham perspectivas divergentes
quanto as esferas que conformam o corpo, ambos aceitam que o labor é o componente cêntrico
da estrutura do sodalismo capitalista. Não obstante, ao se analisar o labor contemporâneo e o
labor que desenvolvemos atualmente, podemos notar vastas divergências. Por exemplo, na
contemporaneidade o computador é usado na grande parte das profissões, algo que há trinta
anos atrás era novidade para muitas ainda. O corpo social, assim, passou de uma conjuntura7
a
outra, reproduzindo o labor, todavia esse mesmo labor se metamorfoseou.
Ante o supracitado texto, concluímos que sempre estamos envoltos de conjunturas
sociais. Não obstante, há componentes sodalísticos que se reproduzem em todas as conjunturas
particulares. Isso implica dizer que, mediante toda a história do capitalismo sempre houve labor e laboradores. Logo, essa alínea dá noção de que a ideia de trabalho e trabalhador é uma parte
inerente da conformação social. Todavia, o labor foi metamorfoseado inúmeras vezes, seja na
forma de exploração ou até mesmo no vínculo do trabalhador com seu trabalho. Bem como na
maneira como nos organizamos alicerçados no trabalho ou no elo que temos com os indivíduos
com o qual trabalhamos.
Observe ambas as imagens, uma da década de 30 e outra de quase 70 anos depois. Note
como a maneira de se trabalhar, de como trabalhar, do ambiente de trabalho, da forma de se
trabalhar se modificaram ao longo dos anos e, vale destacar, com essa modificação as máquinas
e os computadores ganharam mais espaço dentro das indústrias, principalmente nas indústrias
automobilísticas.
Assim, de um lado, o labor em generalidade permanece, e com isso se mantém como
componente cêntrico da conformação social. Todavia, no outro lado, em cada conjuntura
histórica o labor se apropria de idiossincrasias peculiares, porém nem com isso desapodera-se
de suas características genéricas. Por exemplo, temos um labor remunerado, ou seja, laboramos
em troca de um salário. Contudo, esse mesmo salário poderá sofrer alterações em conformidade
com greves, crises monetárias, introdução de novas tecnologias, qualificação profissional, da
inflação, etc.
Diante do supracitado texto, vimos que a conjuntura histórica, ou seja, um determinado
período da História, repõe os componentes estruturantes do corpo social. Com isso, na esfera
conjuntural podem existir novas protestações sociais, sejam elas individuais ou grupais, porém
essas protestações sociais estão, em uma dada forma, relativas a aspectos genéricos, o feitio de
conformação histórica do corpo social. Isso implica afirmar, que o corpo social é
imprescindivelmente uma construção histórica e que a Sociologia é uma ciência que tem como
finalidade supra analisar e compreender os componentes de regulação relativos ao que é
permanente e ao que é ocasional.
Por fim, aprendemos que:
[...] para que possamos entender a essência do corpo social, devemos sempre
pensar de forma primordial em elementos permanentes e nos componentes
ocasionais [...] e que o esqueleto de um corpo social é moldada por
componentes centrais que os definem como distintos de outros corpos, isto é,
componentes que dão individualidade à uma sociedade. (SILVA, Emanuel
Isaque Cordeiro da. Da sociedade estrutural e conjuntural na vida
pragmática. [Entrevista cedida a] Eduarda Carvalho da Silva Fontain. Diálogo
entre amigos. Colégio de Aplicação da UFPE, Recife – PE. 08 Jun. 2019).
E que:
[...] Nas conjunturas históricas, podemos encontrar novos feitios de reprodução
de aspectos estruturantes, ou seja, a conjuntura nada mais faz do que reproduzir
esses aspectos conformacionais, reelaborando seus conteúdos. (SILVA, Alana
Thaís Mayza da. Da sociedade estrutural e conjuntural na vida pragmática.
[Entrevista cedida a] Eduarda Carvalho da Silva Fontain. Diálogo entre
amigos. Colégio de Aplicação da UFPE, Recife – PE. 08 Jun. 2019).
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