Abstract
Gilles Deleuze (1992: 178) escreveu que nenhum pintor “(...) pinta numa tela
virgem, nem o escritor escreve numa página branca, mas a página ou a tela
estão desde logo de tal modo cobertas por “clichés” preexistentes,
preestabelecidos, que é necessário antes de mais apagar, limpar, laminar, ou até
rasgar para fazer passar uma corrente de ar vinda do caos, que nos traz a visão”.
Razão pela qual apresentamos, inicialmente, um pequeno poema de Miguel
Torga para, de seguida, empreendermos uma breve análise sobre a capacidade
que a aceleração do tempo tem para determinar alguma coisa a ser e das suas
consequências, ou possíveis consequências, num mundo onde o progresso, que se nos apresenta profundamente contraditório, tem por objetivo proteger-nos da
tirania do passado.