Abstract
Este artigo apresenta um quadro conceitual para examinar a questão do especismo. Começa definindo-o como a consideração ou tratamento desfavorável injustificado daqueles que não pertencem a uma determinada espécie. A seguir, esclarece alguns dos mal-entendidos comuns acerca do que é e do que não é o especismo. Depois disso, argumenta contra a confusão entre (1) os diferentes modos em que se pode defender o especismo; e (2) as diferentes posições que assumem o especismo como uma de suas premissas. Dependendo se essas últimas aceitam ou não outros critérios para a consideração moral à parte do especismo, podem ser posições especistas simples ou combinadas. Mas o especismo segue sendo em todos os casos a mesma ideia. Finalmente, este artigo examina o conceito de antropocentrismo, que define como o tratamento ou consideração desfavorável daqueles que não são membros da espécie humana. O conceito de antropocentrismo difere do de especismo e do de misoteria (animadversão para com os animais não humanos). Não obstante, pode-se concluir que o antropocentrismo é uma forma de especismo, à luz do que indicam, entre outros, o argumento da sobreposição de espécies e o argumento da relevância.