Abstract
Este trabalho parte da observação de dois modelos de cursos de formação de
professores de língua com o objetivo de discutir alguns requisitos essenciais para a
concepção de cursos para formação do professor de Português para Falantes de
Outras Línguas (PFOL). Nesse sentido, considera que a formação continuada do
professor de língua é um momento singular na carreira desse profissional por
permitir o desenvolvimento do pensamento reflexivo em torno de proposições
teóricas e situações práticas, como propõem Schön (1992), Pimenta (2002), Alarcão
(2003) e Zeichner (2008). Como a busca por modelos de formação de professores
de PFOL foi pouco satisfatória, selecionamos para este estudo dois cursos
organizados a partir de parcerias entre o poder público e pesquisadores
universitários, a saber: o GESTAR – Programa Gestão da Aprendizagem Escolar,
direcionado aos professores do Ensino Fundamental e o Projeto COGESP –
organizado pela PUC/SP em parceria com a Cultura Inglesa. Os objetivos, as
metodologias selecionadas para o curso e as atividades propostas constituem a base
das discussões que pretendemos propor neste trabalho, pois queremos verificar
como o conceito de reflexão tem sido utilizado em programas de formação de
professores. Também nos interessa perceber o jogo de posições estabelecido entre
os sujeitos envolvidos na formação, especialmente os professores e formadores, em
diferentes momentos dos cursos, uma vez que a mobilização de ideias convergentes
e divergentes, entre outros elementos, colaboram para a definição de um certo tipo
de modalidade formativa. Por sabermos que são muitos os desafios enfrentados
pelos formadores em um projeto dessa natureza, pois precisam assumir complexas
tarefas quando trabalham alinhados a uma metodologia reflexiva, queremos propor
a definição de três requisitos que podem servir de base para a elaboração de cursos
e materiais didáticos reflexivos para professores de PFOL, tendo em vista a
conscientização pelo professor dos papéis que assume na sociedade.