Dissertation, Universidade Federal Do Paraná (
2020)
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Abstract
A filosofia mundana de Nietzsche. O título da presente tese sintetiza a concepção geral apresentada neste trabalho: o pensamento nietzschiano, em suas distintas facetas, é marcado por uma orientação ao mundo, o que dizemos em um duplo sentido. Em primeiro lugar, a filosofia de Nietzsche visa dar uma nova dignidade àquilo que compõe o enraizamento
mundano do ser humano: sua existência transitória e errática, sua naturalidade, sua animalidade, seu corpo. Em segundo, o voltar-se ao mundo de seu pensamento aparece também na relação do filósofo com sua época, reconhecendo-se como “filho” e “má consciência” dela a partir de um diálogo profundo – constituído por aproximações e distanciamentos – com o ambiente cultural e intelectual em que está imerso. Nossa hipótese é que na elaboração dessa filosofia mundana um aspecto é particularmente relevante: o estabelecimento de entrelaçamentos fisiológico-estéticos em momentos cruciais de sua obra, responsáveis por desenhar uma postura antimetafísica – com contraposições que pendulam entre tentativas de equiparação (de oferecer uma ontologia alternativa) e de superação da tradição metafísica. Nos três capítulos que conformam este trabalho, tal hipótese será desenvolvida indicando-se como tais entrelaçamentos participam na composição de sua metafísica de artista, de seu filosofar histórico e, por fim, da hipótese da vontade de poder e da autoencenação que marcam os últimos passos de seu caminho de pensamento. Portanto, o propósito desta tese é argumentar que, apesar dos desvios e nuances que integram o percurso nietzschiano, é possível identificar-se um motivo e postura contínua que delineiam uma filosofia mundana.