Abstract
Nietzsche apresenta, no decorrer de sua obra, um persistente interesse pelo problema da linguagem, abordando sua origem terrena e sua dimensão demasiado humana, sua ligação ao âmbito instintivo de uma espécie animal e seu caráter artificial e plástico. O objetivo deste artigo é sugerir que tal tema relaciona-se à tentativa nietzschiana de superação da metafísica, em duas frentes. Negativamente, no reconhecimento dos limites da linguagem e da influência de certas seduções gramaticais em nossas concepções do que seria a estrutura fundamental do mundo. Positivamente, na elaboração de uma sintomatologia e de sua arte do estilo, elementos importantes de sua crítica da cultura e postura filosófica. Pretendemos, assim, indicar que a tematização e uso nietzschiano da linguagem possui papel central na elaboração de sua tarefa filosófica de intervenção cultural.