Abstract
Os escritos de Francis Bacon dedicados à filosofia abundam em imagens, metáforas,
comparações e alegorias destinadas a ilustrar e apresentar com eloquência suas ideias.
Solidamente formado na cultura humanista de seu tempo, Bacon adotou com destreza os
recursos da retórica e nutriu-se de um amplo espectro da literatura clássica greco-latina, assim
como também dos escritos bíblicos. Em especial, a mitologia clássica (a que dedicou seu De
sapientia veterum (1609) - Da sabedoria dos antigos) foi um de seus recursos predilteos na
hora de valer-se de alegorias para tornar acessível a um público amplo e não especializado os
conteúdos mais inovadores, profundos e abstrusos de sua filosofia.1
Tudo isso converte
algumas de suas obras em excelentes peças da literatura filosófica, nas quais Bacon põe em
prática sua grande plasticidade como escritor, que, delicadamente e sem tropeços, transporta
seus leitores da beleza da poesia e fantasia para os conceitos mais abstratos, sempre em busca
de representar suas ideias filosóficas e de transformar a realidade por meio delas. Neste texto,
apresentarei brevemente algumas das imagens pelas quais ele quis retratar aspectos
fundamentais do seu projeto de restauração do saber.