Abstract
O objetivo deste trabalho é apresentar as ponderações de Nietzsche sobre a filosofia nascente de Tales de Mileto com base em trechos selecionados dos ensaios nietzschianos do período da juventude intitulados A filosofia na época trágica dos gregos e Sobre verdade e mentira no sentido extramoral, da obra do período de transição A gaia ciência, assim como da obra do período mais tardio de sua vida intitulada Genealogia da moral, uma polêmica. Os trechos são suficientes para enfatizar o “erro” presente na hipótese da água e as implicações da “intuição filosófica” de Tales para a representação da phýsis. Nietzsche pondera que a contemplação de Tales foi movida por uma crença ilógica, fantasiosa e indemonstrável, que encontramos em todos os filósofos, de que é possível acessar a realidade objetiva pelo “conhecimento”. Pondera ainda que o “filosofar indemonstrável” de Tales tem ainda o seu valor em pretender ser em todo caso não místico e não alegórico. Essas ponderações de Nietzsche sobre o filosofar de Tales servem neste trabalho para consolidar a perspectiva nietzschiana de que o conhecimento em suas formas de representar a “vida”, desde Tales, é movido pela crença ilógica na “verdade”, não na “aparência”.