Abstract
CARACTERÍSTICAS GERAIS DO GADO BOVINO
GENERAL CHARACTERISTICS OF CATTLE BOVINE
CARACTERÍSTICAS GENERALES DEL GANADO BOVINO
1 TAXONOMIA DOS BOVINOS
Consideramos, nesse primeiro tópico, a taxonomia (ordenação e classificação das espécies animais e vegetais, onde também pode-se encontrar a relação de familiaridade entre organismos distintos e/ou iguais, bem como sua evolução em diversos aspectos: físico, motor, locomoção, anatomia, etc.) dos bovinos. É levado em consideração os itens mais relevantes e mais estudados em Zootecnia, Biologia, Medicina Veterinária, etc. Observe o quadro a seguir:
Phylum
Chordata/Cordados (com espinha dorsal)
Subphylum
Vertebrata/Vertebrados
Classe
Mammalia/Mamíferos (pelos na pele e glândulas mamárias desenvolvidas)
Subclasse
Theria
Infraclasse
Eutheria
Ordem
Artrioctyla/Artiodátilos (dois dedos; 3 e 4 falanges)
Subordem
Ruminantia/Ruminantes (sem incisivos superiores e quatro compartimentos)
Infraordem
Pecora
Família
Bovidae
Gênero
Bos
Espécie
Taurus
Subespécie
Taurus ou Indicus
2 CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS, BIOLÓGICAS E ZOOTÉCNICAS
Apresento as principais características quanto ao regime alimentar, à anatomia estomacal que faz com que o animal seja denominado de ruminante e a dentição dos bovinos. Observe o quadro que se segue:
Estômago
Composto por quatro compartimentos, em ordem: Rúmen, Retículo, Omaso e Abomaso
Regime alimentício
Herbívoros (alimentam-se de gramíneas e forrageiras)
Dentição
Incompleta; ausência de pinças superiores e caninos
3 PARÂMETROS PRODUTIVOS E REPRODUTIVOS IDEAIS
Na bovinocultura é comum trabalhar com parâmetros de produção e reprodução que devem ser respeitados e atingidos em uma propriedade, tanto para o produtor obtiver lucros e investir em seu plantel quanto visando à saúde e o bem-estar dos animais. Observe alguns padrões mais relevantes no quadro:
Lactância
305 dias (10 meses, segundo a raça trabalhada)
Intervalo entre partos (IEP)
11.5 – 12.5 meses e até 18 meses
Idade ao primeiro parto
24 – 25 meses (raças europeias)
Dias abertos2 (período de serviço)
50 – 150 dias
Serviços por concepção
1 – 2
% de concepção ao primeiro serviço
60%
% de concepção ao segundo serviço
80%
% de concepção ao terceiro serviço
90%
% de vacas paridas por ano
90%
Substituições
18 – 30%
% máxima de mortalidade fetal
< 5%
% máxima de mortalidade em vacas
2%
% de resíduos não-genéticos
Até 10%
4 CARACTERÍSTICAS REPRODUTIVAS FISIOLÓGICAS DO MACHO (BOI)
Na bovinocultura, seja de corte ou leiteira, é necessário entender os animais quanto as suas principais características reprodutivas para que o produtor possa tomar as devidas providências na hora da estação de monta, no período de concepção, de gestação e pós-gestação visando uma melhor eficiência reprodutiva, bem como aos lucros provindos do rebanho. Observe o quadro abaixo:
Volume por ejaculação
4 ml (variando entre 2 – 10 ml)
Número de espermatozoides
4000 – 5000 milhões
Local da inseminação
Vagina da vaca
Tempo de chegada do sêmen ao oviduto
2 – 13 minutos
Número de espermatozoides que chegam ao oviduto
4200 - 27500
Vida fértil do espermatozoide
30 – 48 horas
Tempo da ejaculação
1 segundo
Porcentagem ideal de motilidade
75%
Porcentagem ideal de células normais
95%
pH do sêmen
6,7 – 6,9 (6,8 de média)
Idade à puberdade
10 meses (podendo haver variações entre 6 – 10 meses)
Idade à primeira monta/uso do sêmen (inseminação artificial)
18 – 24 meses
5 CARACTERÍSTICAS REPRODUTIVAS FISIOLÓGICAS DA FÊMEA (VACA)
Se é importante atentar-se as informações acerca do sistema reprodutivo e andrológico do macho, com a fêmea esse cuidado e atenção deve ser ainda maior, uma vez que é ela que gerará o futuro do rebanho do produtor. É necessário atentar-se e dar ênfase à uma série de procedimentos pré e pós-parto. Observe o quadro a seguir:
Tipo de reprodução
Poliéstrico contínuo
Idade à puberdade
7 – 18 meses (11 meses no gado europeu)
Maturidade sexual
14 – 18 meses no gado europeu
Peso à puberdade
300 kg (200 – 450 kg para a classe de grandes raças)
Duração do ciclo estral
21 dias (18 – 24 de variação)
Momento da ovulação
12 horas após a finalização do estro
Vida fértil do óvulo
20 – 24 horas
Óvulos liberados
1 – 2 (a poliovulação é possível)
Implantação3 do embrião
40 dias
6 ALTERAÇÕES OCORRIDAS DURANTE O PERÍODO DE GESTAÇÃO
É necessário dar ênfase à alguns aspectos relevantes na bovinocultura como a duração da gestação de uma vaca, em média, o total de crias que ela favorece ao produtor, etc. todos esses apontamentos deverão ser colocados em um documento para que se possa manter a qualidade e a boa produção e produtividade do plantel. Os aspectos no quadro abaixo são os mais primordiais para o conhecimento de leigos e até mesmo de trabalhadores da área veterinária e/ou zootécnica. Todos os dados obtidos são uma média, que foi obtida por meio de pesquisas e práticas com os animais.
Duração da gestação
283 dias
Número de crias ao parto
1 – 2 (sendo que 2 são em raras ocasiões)
Tipo de placenta
Epiteliocorial/Cotiledonária
Tempo de implantação
30 – 40 dias após a cópula
Início do período seco4
Aos 10 meses de lactação e aos 7 meses de gestação
Duração do período seco
2 meses
7 SINAIS PRÉVIOS AO PARTO
Antes do parto das vacas, é necessário que a atenção seja redobrada, temos que observar a anatomia exterior de certas compartições como a vagina, a mudança comportamental também deve ser observada, todos esses cuidados visam a sanidade tanto da vaca quanto do neonato. Por isso, é viável que todo e qualquer parto seja observado à distância seja pelo criador ou o trabalhador da propriedade, visando a possível ajuda no parto do animal caso o neonato passe por complicações na hora do nascimento. Um dos grandes vilões que aumentam o percentual de mortalidade de neonatos é as possíveis complicações na hora do nascimento, o animal pode ficar preso e morrer, como denomina-se de distorcia. Observe os fatores a serem levados em consideração no quadro abaixo.
Edema vulvar
Acúmulo anormal de muco na vagina
Distensão de ligamentos
O primeiro compartimento a se distender é a vagina para a facilitação da passagem do neonato
Edema abdominal e mamário
Acumulação de líquidos anormal no abdômen e no úbere
Gotejamento do colostro
12 – 24 horas antes do parto
Inquietações
As vacas prontas pra parir ficam inquietas, hiperativas
Inapetência
As vacas cortam a alimentação por conta própria
Isolamento
As vacas que, normalmente andam em rebanho, se isolam em um determinado lugar para que possa parir
8 CONSTANTES FISIOLÓGICAS
Essas constantes de temperatura, frequência cardíaca e respiratória além dos movimentos ruminais, servem de base para que o produtor mantenha seu rebanho sob controle veterinário e que, mediante quaisquer alterações nos dados apresentados, o produtor deverá comunicar ao médico veterinário da propriedade para que possam ser tomadas as devidas providências. Observe o quadro:
Temperatura
37,5 – 38,5 °C (adultos)
38,5 – 39,5 °C (jovens)
Frequência cardíaca
40 – 80 batimentos/minuto (adultos)
80 – 110 batimentos/minuto (jovens)
Frequência respiratória
10 – 30 respirações/minuto (adultos)
15 – 45 respirações/minuto (jovens)
Movimentos ruminais
2 – 3 movimentos/2 minutos
9 pH (POTENCIAL HIDROGENIÔNICO) DE ALGUMAS SECREÇÕES CORPORAIS
Fator importante para discernir os líquidos dos bovinos e dividi-los em ácidos ou básicos, isto é, se são ácidos ou alcalinos. O pH varia entre 0 – 14 e sua média é 7 (neutro), pHs acima de 7 são considerados alcalinos, porventura, pHs abaixo de 7 são considerados ácidos. Observe o quadro:
Leite
6,5 – 7 (neutro)
Urina
7,4 – 8,4 (alcalina)
Sangue
7,3 – 7,5 (neutro)
Líquido ruminal
5,5 – 7 (ácido)
Líquido abomasal
2 – 3 (ácido)
Saliva
7,9 – 8,5 (alcalina)
10 VALORES SANGUÍNEOS NORMAIS DOS BOVINOS
Esses valores são utilizados como padrão principalmente para pesquisas no ramo da Ciência Animal. Todavia, são imprescindíveis para atentar-se à saúde e ao bem-estar dos animais, uma vez que, possíveis alterações anormais, ocasionam complicações futuras que, por sua vez, implicará em gastos ao produtor com assistência veterinária constante e medicamentos. Observe o padrão dos valores no quadro seus valores e, em notas de rodapé, as significações biológicas e médicas dos mesmos.
Hemoglobinas5
8,15 gramas/decilitro (g/dl)
Hematócritos6
24,5% (precisamente 24,46%)
Eritrócitos/hemácias/glóbulos vermelhos7
5 – 10 milhões/milímetro cúbico (mm3)
Reticulócitos8
0
Plaquetas9
100 mm3
Leucócitos/glóbulos brancos10
4000 – 12000 mm3
Neutrófilos segmentados11
15 – 45%
Neutrófilos banda
0 – 2%
Linfócitos12
45 – 75%
Monócitos13
2 – 7%
Eosinófilos14
2 – 20%
Basófilos15
0,2
11 QUÍMICA SANGUÍNEA DOS BOVINOS
Quantidade de micro e macronutrientes existentes no sangue, pode não parecer importante, mas esses padrões quando, porventura, esses números alterem-se implicará em patologias interiores e exteriores necessitando-se, assim, de mão de obra especializada, ou seja, um médico veterinário. Observe o quadro a seguir:
pH sanguíneo (venoso)
7,4 (precisamente 7,38)
Proteínas plasmáticas
6,8 g/dl
Cálcio (Ca)
9 – 11 miligramas/decilitro (mg/dl)
Fósforo (P)
5 – 9 mg/dl
Magnésio (Mg)
2 – 3 mg/dl
Sódio (Na)
132 – 245 miliequivalentes/litro (mEq/L)
Potássio (K)
4,1 – 5,1 mEq/L
Glicose
50 – 70 mg/dl
Nitrogênio (N) urético no sangue
5 – 20%
Creatinina16
1,5 mg/dl
Cobre (Cu)
0,7 – 1,3 partes por milhão (ppm)
Chumbo (Pb)
0 – 0,15 ppm
Fibrinogênio17
300 – 800 mg/dl
Bilirrubina18 total
0,1 – 1,6 mg/dl
Bilirrubina livre
0 – 1 mg/dl
Bilirrubina conjugada
0,6 mg/dl
Ferro (Fe)
100 – 200 mg/dl
TGO (transaminase glutâmico oxalacética)19
100 – 50 UI
TGP (transaminase glutâmico pirúvica)
3 – 15 UI
FA (fosfatase alcalina)
30 – 50 UI
CPK (creatinofosfoquinase)20
30 – 50 UI
LDH (lactato desidrogenase)21
300 – 600 UI
GGT (gama glutamil transferase)
4,9 – 26 UI
HCO (bicarbonato)
28 mEq/L
Nota: Atualmente, a medicação da TGO está caindo em desuso, em seu lugar mede-se AST (aspartato aminotransferase). Da mesma forma, utiliza-se a ALT (alanina aminotransferase) no lugar da TGP.
12 CONSTANTES FISIOLÓGICAS DO APARELHO DIGESTIVO
Esses padrões servem para que o produtor possa ter um alicerce da quantidade de água e de alimentos (feno, silagem, palhas, etc.) que o animal deverá consumir para que possa produzir de forma eficiente e gerar lucros futuros para a propriedade. Observe o quadro abaixo:
Consumo de alimentos à livre acesso
3% do peso vivo (PV) – (feno de ótima qualidade)
2,2% do PV – (silagem)
1% do PV – (palhas)
Consumo de água
10% do PV dividido em 4 períodos:
3,6 – 4,3 litros de água/kg de matéria seca (MS)
50 – 80 litros de água/dia (alimentos secos)
24 – 40 litros de água/dia (alimentos verdes)
14 – 16 % do PV (mais de 5 litros/L de leite)
pH ideal da água deverá estar entre 6 – 9.
13 CARACTERÍSTICAS DA RUMINAÇÃO
Os bovinos são animais de produção peculiares, isto é, é um dos animais com uma capacidade completamente enorme para um criador, estamos falando do fato de digerir alimentos fibrosos, especialmente os volumosos, e transformá-los em carne, leite, etc. Isso ocorre porque nos bovinos, como em caprinos, ovinos, etc. há a presença do rúmen em seu aparelho estomaco-digestivo. A ruminação consiste, basicamente, na regurgitação do alimento semi-digerido, o alimento primeiramente é consumido e vai para o primeiro compartimento, o rúmen, lá às bactérias e os protozoários começam a desagregação das fibras existentes no alimento, depois o alimento volta a boca do animal em que o mesmo agrega saliva e o mastiga novamente para ir ao retículo. Observe as características peculiares da ruminação no quadro:
Início e regularização (1° arroto)
2 – 3 semanas de idade
Início (depois do alimento ingerido)
5 – 15 horas após a ingestão
Número de períodos da ruminação
4 – 24 períodos/dia (segundo a quantidade da frequência cardíaca (FC) e do tamanho das partículas
Total de regurgitações
15 – 20
Volume ruminado
40 – 60 kg ao dia
Duração por período de ruminação
10 – 60 minutos cada uma
Número dos bolos alimentares regurgitados
360 - 790
Peso dos bolos alimentares ruminados
80 – 120 g
Movimentos mastigatórios e tempo de mastigação por bolo alimentar
40 – 70 movimentos e o tempo de 45 – 60 segundos
Tempo da ruminação
7 horas (variação conforme raça: 3 – 8 horas)
14 COR NORMAL DAS FEZES
Na bovinocultura, de corte ou leite, é sumamente imprescindível atentar-se à todos os tipos de detalhes no animal, por exemplo, se está associado ao grupo, se está alimentando-se regularmente e normalmente, se está ruminando de forma normal e, até mesmo, a cor e a consistência das fezes exoneradas. Esse fator de coloração e consistência implica na sanidade do animal. Observe o quadro elaborado, segundo quantidades de clorofila, bílis, tipo de alimentação, etc.
Bezerro (período de amamentação)
Cor amarelada para o cinza
Bovino adulto (ruminante)
Verde escuro (pastagens)
Amarronzado (estábulo)
Amarelo pardo (engorda com concentrado/grãos)
Consistência: pastosa
Odor: ligeiramente desagradável
15 CARACTERÍSTICAS DAS ESTRUTURAS DIGESTIVAS/COMPARTIMENTOS
Nos bovinos há a presença de 4 aparelhos estomacais, sendo o último, o abomaso, o estômago verdadeiro, isto é, o estômago químico do animal, antes disso, há a presença do rúmen que é o compartimento que faz dos animais ruminantes peculiares na pecuária, o retículo e o omaso. Observe o quadro abaixo:
Rúmen (Pança)
Proporção ocupada ante os compartimentos
80% do lado esquerdo da cavidade abdominal
Capacidade
200 – 250 litros ou 135 kg de material alimentício (adultos de raças pesadas)
pH do líquido
5,5 – 7
Movimentos ruminais
2 – 3 movimentos/2 min.
Cor normal do líquido ruminal
Geralmente verde acinzentado
Consistência
Ligeiramente viscosa
Odor
Aromático e pouco repulsivo
Proporção bacteriana
1 x 109 a 1 x 1010 /ml
Proporção protozoária
1 x 102 a 1 x 106 /ml
Função
Digestão de celulose, hemicelulose e amido.
Fermentação de açúcar a acetato, propionato e butirato. Oxidação e absorção de acetato, propionato e butirato.
Assimilação de açúcares, minerais e nitrogênio no corpo microbiano. Bem como a absorção de outros íons. Produção de gases, ácidos graxos voláteis e massa microbiana
Retículo (bonete, coifa, barrete, crespina)
Tamanho
5% de todo compartimento estomacal
Projeção
6° à 8° costelas esquerdas
Função
Regurgitação na
ruminação e eructação. Também participa na fermentação
Omaso (saltério, filho, folhoso)
Tamanho
7% de todo o compartimento
Projeção
7° à 9° costelas esquerdas
Função
O omaso permite a reciclagem da água e de alguns minerais como o fósforo e o sódio que retornam ao rúmen pela saliva. Serve como objeto de transição entre as distintas fermentações do rúmen e do retículo. Grande capacidade de absorção de água, sódio, fósforo e ácidos graxos residuais e voláteis
Abomaso (coagulador, coalheira, estômago verdadeiro)
Tamanho
7 – 9% de todo o compartimento
Projeção
Sobre o piso da cavidade ligeiramente à direita da linha média, desde o apêndice xifoide até o umbigo
Função
Digestão ácida. Secreção de enzimas digestivas e do ácido clorídrico (HCl) que mata os microrganismos. Digere alimentos não fermentados no rúmen (algumas proteínas e lipídeos). Digestão peptídica de microrganismos.
REFERENCIAL TEÓRICO
JARDIM, V. R. Bovinocultura. 1ª ed. Campinas: Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 1973.
_____________.; JARDIM, L. M. B. F.; TORRES, A. di P. Manual de Zootecnia: raças que interessam ao Brasil. 1ª ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 1982.
ROSENBERGER, G. et al. Exame clínico dos bovinos. 1ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993.