Abstract
Desde Descartes a epistemologia tem se baseado no conhecimento de primeira pessoa. Devemos começar, de acordo com a história usual, com o que é mais certo: o conhecimento de nossas próprias sensações e pensamentos. De uma maneira ou outra, progredimos então, se pudermos, para o conhecimento de um mundo externo objetivo. Há por fim uma passagem tênue ao conhecimento das outras mentes.
Defendo uma total revisão desse quadro. Todo pensamento proposicional, quer positivo ou cético, sobre o interior ou sobre o exterior, exige a posse do conceito de verdade objetiva, e esse conceito está acessível apenas a criaturas que estão em comunicação com outras. O conhecimento de outras mentes é, assim, básico para todo o pensamento. Mas esse conhecimento exige e supõe o conhecimento de um mundo compartilhado de objetos em um espaço e tempo comuns. Assim, a aquisição do conhecimento não é baseada em uma progressão do subjetivo para o objetivo; ele emerge holisticamente e é interpessoal desde o começo.