Abstract
No presente artigo procuro analisar a hipótese segundo a qual, não obstante as significativas diferenças de horizontes entre Schopenhauer e Nietzsche quando estes tratam da questão da busca por um “si mesmo”, as suas noções de caráter adquirido e de tornar-se o que se é podem ser consideradas duas expressões similares para uma abordagem da autenticidade. A partir da definição schopenhaueriana de caráter adquirido e de passagens da Terceira Extemporânea e de Ecce Homo, argumento que tal similaridade pode ser mais produtiva caso a consideremos a partir do que indico como possíveis definições negativas do caráter adquirido e do tornar-se o que se é. Ou seja, não a partir do que teríamos como conteúdo positivo de um caráter “adquirido” e do “que se é” como resultado de um “tornar-se”, mas a partir daquilo em relação a que ambos os pensadores indicam que precisamos nos desgarrar em vista de tornarmo-nos “nós mesmos”.