Anais Do IV Encontro Sul-Brasileiro de Análise Do Comportamento (
2021)
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Abstract
Muitos psicólogos ainda pensam que a maior referência para falar sobre a demarcação de ciência/pseudociência é Popper. Entretanto, as discussões sobre o problema da demarcação não se encerraram com o critério da falseabilidade, e a filosofia teve diversos avanços. Este trabalho tem por objetivo atualizar os estudantes e profissionais de psicologia sobre os avanços no campo da filosofia da ciência, com um enfoque na teoria de Hansson. Para isso, foi consultado o livro “Philosophy of Pseudoscience: Reconsidering the Demarcation Problem”, obra que marcou o começo da reviravolta sobre o alegado fim do problema da demarcação, bem como os ensaios de Hansson disponíveis na literatura. Foi possível observar que, após Popper, Laudan foi outro filósofo que teve um importante impacto no debate. Ele tentou decretar o fim da discussão, tratando a demarcação como um pseudoproblema, e afirmando que todas as tentativas de demarcar ciência/pseudociência anteriores haviam fracassado, incluindo a de Popper. Por muito tempo seu decreto vigorou, até que novas teorias foram desenvolvidas e filósofos da ciência começaram um movimento para contrapô-lo. Uma das teorias contemporâneas é a de Hansson, que propõe uma definição ampliada de ciência, não se resumindo às ciências empíricas. Para ele, ciência é a prática que nos fornece as afirmações mais confiáveis que podem ser feitas, em um determinado momento, sobre um objeto de estudos abarcado por uma comunidade de disciplinas de conhecimento. Já a pseudociência, para Hansson, é uma doutrina desviante que se afasta consideravelmente dos critérios de qualidade científicos, enquanto seus maiores proponentes tentam criar a impressão de que ela representa o que há de mais confiável sobre seu objeto de estudos. A proposta de Hansson também apresenta uma lista de multicritérios, que auxiliam a identificar se uma determinada doutrina é pseudocientífica. Ela inclui os seguintes itens: 1) Credo na autoridade, 2) Experimentos não repetíveis, 3) Exemplos escolhidos a dedo, 4) Resistência à testagem, 5) Desdém com informações refutantes, 6) Construída em subterfúgio, e 7) Explicações são abandonadas sem substituição. Ao discutir as propostas contemporâneas para o problema da demarcação, psicólogos e analistas do comportamento terão melhores recursos para diferenciar ciência da pseudociência.