Dissertation, Universidade Estadual Do Ceará (
2024)
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Abstract
Tratamos aqui do modo como a presença do terceiro se articula à questão política na filosofia da alteridade de Emmanuel Levinas. Para isso, exploramos o agravamento que ocorre na noção de responsabilidade entre as obras Totalité et Infini e Autrement qu’être, como forma de compreender o sentido que a evocação da justiça tem na última fase de sua produção filosófica. Por um lado, tal preocupação se liga ao cenário de degradação que vive a atividade política contemporânea, tornando-se uma via para repensar o seu enlace com a reflexão ética, e assim produzir novas respostas aos desafios da sociabilidade humana. Por outro, surge como um esforço para pensar a alteridade no contexto de uma possível fundamentação ética da política, tarefa que vemos surgir no curso da própria radicalidade da obra levinasiana. Desse modo, procuramos debater como a visão eminentemente negativa que Levinas possui das relações políticas se comunica com a responsabilidade pelo outro, e ganha novo significado diante da emergência da justiça em sua obra mais tardia. A relação de sujeição do eu ao outro, ponto alto da ética levinasiana, mostrou-se enfim, capaz de uma tradução para o seu sentido político, na medida em que a entrada do terceiro inaugura a consciência humana, com a necessidade de ser justo. E ainda que não impeça o Eu de trair a ileidade que o convoca, para além de todo interessamento, a tercialidade levinasiana assegura um equilíbrio na tensão em que surge o terceiro, a primeira questão, que é, ao mesmo tempo, ética e política para Levinas.