Abstract
Este artigo contribui para o debate sobre a relação da filosofia prática e teórica de Aristóteles. Ele argumenta que sua filosofia prática depende em grande parte de sua concepção teleológica da natureza. Esta tese é dirigida principalmente contra os estudiosos que sustentam que Aristóteles não deriva de relações políticas e humanas de condições naturais ou cósmicas. O artigo defende a interpretação antropocêntrica de David Sedley da teleologia natural de Aristóteles e mostra como Aristóteles aplica explicações teleológicas às relações de poder entre os seres humanos - entre homens e mulheres e entre homens livres e escravos naturais - e seus propósitos e objetivos. O artigo enfoca o argumento da “função” (ergonomia) humana de Aristóteles, que é um argumento teleológico no centro de sua filosofia prática. Argumenta que este argumento, que Aristóteles apresenta para definir ‘florescimento humano’ ou ‘felicidade’ (eudaimonia), depende de sua definição de homem como o único ‘ser vivo que tem linguagem e razão’ (zôon logon echon). Alega ainda que a disputa sobre se Aristóteles identifica eudaimonia apenas com uma vida de contemplação ou se eudaimonia inclui uma vida política pode ser esclarecida referindo-se ao propósito natural dos logotipos.