Abstract
Abordagens pós-cognitivistas mais recentes têm lançado duras críticas à noção de representação mental, procurando ao invés disso pensar a mente e a cognição em termos de ações corporificadas do organismo em seu meio. Embora concordemos com essa concepção, não está claro que ela implique necessariamente a rejeição de qualquer tipo de vocabulário representacional. O objetivo deste artigo é argumentar que representações podem nos comprar uma dimensão explicativa adicional não disponível por outros meios e sugerir que, ao menos em alguns casos, elas podem participar da explicação de performances ou capacidades cognitivas. A noção de representação apresentada, como deixaremos claro ao longo do artigo, não viola os preceitos metodológicos mais caros à cognição 4E em geral e ao enativismo em particular, podendo, portanto, ser utilizada como uma ferramenta teórica útil em investigações sobre a natureza corporificada e situada da mente.