Abstract
Este trabalho empreende uma discussão a respeito do corpo como materialidade visível no dizível em duas produções cinematográficas de horror (Frontières e À l’interieur), cuja ordem fílmica de horror lança mão das imagens referentes ao acontecimento do Outubro de 2005, o qual foi marcado pelas manifestações e confrontos violentos entre a polícia e os manifestantes nas principais cidades
francesas. Esta forma de usar imagens referentes a acontecimentos políticos ou sociais é uma característica das produções cinematográficas americanas de horror dos anos de 1960 a 1970, da qual O massacre da Serra elétrica reconstrói seu roteiro sob a memória do caso de Ed Gein que aconteceu no Estado americano de Wisconsin nos anos de 1950. Nesta discussão, apresentamos uma análise, laçando mão da noção de intericonicidade para tratar das imagens que remetem a outras imagens e, ao mesmo tempo, retomamos a reflexão barthesiana “Como pode um acontecimento ser escrito?”, enunciada, em 1968, para refletir acerca do acontecimento do Maio daquele ano. Quanto ao corpo, tratamos deste objeto pelo prisma da ordem dos empreendimentos foucaultianos em que o corpo aparece como “um protagonista incontornável e multiforme”.