Abstract
A distinção entre conhecimento filosófico e conhecimento matemático constitui um dos temas centrais da construção do pensamento kantiano durante a década de 1760. Conquanto operasse com a distinção entre Filosofia e Matemática, Wolff não pressupunha uma radical oposição entre o modo de operação dessas duas ciências. Essa oposição radical surge pela distinção entre conceitos arbitrários e conceitos dados, que Kant propõe já em 1764, no texto Investigação sobre a evidência dos princípios da teologia natural e da moral. Tomando essa distinção como ponto de partida, este texto pretende executar os seguintes passos: expor a incompatibilidade entre procedimento filosófico e procedimento matemático, que surge do modo de definir cada uma dessas ciências; examinar a transposição de tarefas que Kant projeta sobre a Filosofia e a Matemática, a partir do modo como cada uma pode operar com o conceito de espaço; e fazer uma apresentação inicial dos elementos da estética, particularmente do espaço, como fonte de possibilidade de toda a síntese teórica. Esse último passo do texto será realizado a partir de uma análise dos elementos da estética contidos na Dissertação de 1770