Abstract
O presente texto parte do pressuposto de que a radical irredutibilidade da estética às representações lógicas está no limiar do programa de pesquisa de Kant anunciado como uma filosofia transcendental. Valendo-nos de Newton da Costa, tentaremos mostrar, primeiramente, as condições de contorno que balizavam essa discussão, e o modo como Leibniz e Newton as interpretaram e construíram suas respectivas teorias. Na sequência, tentaremos indicar que na gênese dessa
descoberta de Kant tem papel relevante um fato cognitivo singular, as contrapartidas incongruentes, sem o qual a solução não poderia ser encontrada da maneira como se deu. Nosso objetivo, em decorrência disso, será mostrar as determinações que possibilitaram diferentes interpretações metateóricas de um mesmo fato cognitivo: a concepção do espaço. No entanto, nosso interesse principal não será validar uma dessas concepções (a de Kant, ou a de Leibniz, ou a de Newton) em
face das outras, como se se tratasse de um juízo disjuntivo, mas apreciar essas teorias a partir de suas sobreposições, valorizando o trajeto metodológico entre os alegados fundamentos de uma proposta cognitiva e os problemas que ela diz resolver.