Abstract
Como começamos a refletir e deliberar sobre nossa conduta moral, colocando-nos no lugar dos outros? Mais especificamente, de que forma gerimos, de maneira arbitrária, nossa conduta a partir de uma perspectiva que prioriza o bem de todos os seres humanos de forma universal? Com o objetivo de responder essa questão, parto da hipótese de que o conceito de razão prática, frequentemente tratado como 'vontade' na Fundamentação da Metafísica dos Costumes de Kant, pode esclarecer o desenvolvimento de nossa capacidade de refletir e gerir autonomamente nossas ações sob uma ótica que coloca todos os indivíduos em condições de igualdade, isto é, sob uma perspectiva universalista. Para atingir esse objetivo, minha investigação se desdobra nas seguintes etapas: (i) analiso o conceito de vontade a partir dos conceitos de dever e de razão prática; (ii) analiso o conceito de autonomia a partir dos conceitos de liberdade e de lei moral; e (iii) sintetizo as duas análises precedentes e abordo com mais detalhes o conceito de Imperativo Categórico no sentido de buscar responder como o conceito de vontade pode nos ajudar a compreender o processo pelo qual passamos a direcionar nossa conduta a partir de uma perspectiva universalista. Concluo que, embora a reflexão autônoma seja o caminho para a liberdade e para uma conduta moral universal, ela ainda pode — e deve — ser socialmente cultivada.