Abstract
A presente pesquisa explora o ensaio de ontologia de Albert Camus (1913-1960), intitulado O mito de Sísifo (1942), no qual ele introduz sua teoria do absurdo, cujo propósito é questionar o sentido do mundo e da vida para o sujeito. Perguntando-se, o sujeito se depara com o sentimento de absurdo que manifesta o desejo de clareza frente a opacidade do mundo. Este sentimento é apresentado como uma experiência imediata frente ao não sentido do mundo e da vida. Uma das vias que será analisada e tratada como uma resposta insuficiente para o sentimento de absurdo será o método fenomenológico proposto por Husserl que, através da intencionalidade - descrita como a experiência imediata do sujeito - é visto como uma medida que distancia o si de sua experiência. Distanciando-se da experiência, o método é compatível com uma das consequências do absurdo: a questão filosófica do suicídio. Outra consequência do absurdo será a revolta que é entendida como o que sustenta o sujeito a viver no desejo de clareza frente a irracionalidade do mundo que, posteriormente, resultará em uma Fenomenologia da Revolta. Para sustentar esta fenomenologia, será articulado a teoria do filósofo e fenomenólogo Michel Henry (1922-2002) através das suas obras L'essence de la manifestation (1963) e Fenomenología Material (1990). Nestas obras, Henry introduz o conceito de afetividade e páthos-com, que serão necessários para compreender o absurdo como uma afecção e condição de fragilidade que é compartilhada entre todos sujeitos resultando em uma intersubjetividade. Tanto a Revolta quanto o páthos-com revelam como o sujeito pode viver com o sentimento do absurdo e, desse modo, é possível afirmar a vida do si na solidão. Contudo, a conclusão presente nesta pesquisa constitui o argumento de que, pela Revolta enquanto coletividade que liga os sujeitos pela experiência absurda e pela essência constituinte da Vida, essa afirmação da vida de todos os sujeitos se torna mais forte.