Abstract
Neste artigo, analiso três casos que foram propostos na literatura filosófica como contraexemplos à abordagem dos interesses relativos ao tempo do dano da morte, buscando demonstrar como eles podem ser respondidos. Para tanto, o texto divide-se em quatro seções. Na primeira, introduzo as teses fundamentais da abordagem dos interesses relativos ao tempo sobre o que determina a magnitude do dano decorrente da morte para quem morre, tal como formulado por Jeff McMahan (2002). Na seção seguinte, explico dois pressupostos centrais dessa abordagem, a saber, que a identidade pessoal não é o que fundamenta nossas razões de preocupação egoísta com o futuro e que a unidade psicológica consta entre as relações que fundamentam essa preocupação. Na terceira seção, apresento os (possíveis) contraexemplos, sendo eles o Caso da morte futura (Broome, 2004), o Caso da operação no cavalo Tommy (Harman, 2011) e o Caso do mal maior (Cunha, 2023). Na seção final, defendo que esses casos podem ser respondidos a partir da consideração moral e prudencial de determinados interesses relativos ao tempo futuro.