Abstract
O presente trabalho teórico e bibliográfico se dedica a reconstruir o conceito de declinação espontânea do átomo em Epicuro, tal qual Marx defendeu em sua tese de doutorado. Seu objetivo é descobrir se a clinamen do átomo está presente em Epicuro e, se está, como se pode pensá-la. Percebe-se que a clinamen que aparece nos textos remanescentes de Epicuro não traz a noção de declinação espontânea, como aparece em Lucrécio e Marx, como Quartim de Moraes afirma. Entretanto, tendo como base as premissas fundamentais de Epicuro, conclui-se que é necessário, ao sistematizar o seu pensamento, introduzir a noção de declinação espontânea para não reduzir sua filosofia ao determinismo e ao fatalismo. A clinamen não é um absurdo no pensamento de Epicuro, mas é uma questão fundamental que passa por toda sua filosofia e que poderia estar presente nas obras perdidas deste autor, assim como Marx pensou. Fundamentalmente, como filósofo da felicidade, Epicuro introduz a clinamen como declinação da vida infeliz.