Dissertation, University of Campinas, Brazil (
2011)
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Abstract
Este trabalho tem por objetivo examinar as relações entre conhecimento e verdade (no
sentido de descobrimento e abertura), no contexto da Ontologia Fundamental, de Martin
Heidegger. Num primeiro momento, busca-se caracterizar o conhecimento como um
modo derivado do ser-no-mundo enquanto ocupação, patenteando a estrutura
intencional que lhe é própria, bem como explicitando a interpretação fenomenológicoexistencial
do “resultado” do comportamento cognoscitivo (conceitos de
substância/eidos), que é posta em questão quanto à sua correção, em se considerando
os conceitos da Física Moderna. A abordagem do fenômeno do conhecimento, aqui
empreendida, culmina com a apresentação das relações “implícitas” entre o modo de
ser do conhecimento e o “problema da verdade”, presentes na análise do fenômeno da
enunciação predicativa (parágrafo 33, de Ser e Tempo), com base na qual se intenta
indicar o lugar da Lógica na Ontologia Fundamental. Em seguida, no contexto da
tematização do significado existencial de verdade, foca-se o conceito de Evidenciação
(Ausweisung), no qual se entrelaçam plenamente as concepções heideggerianas de
conhecimento e de verdade, porquanto se trata da descrição da verdade do
conhecimento como um modo de descobrimento enunciativo dos entes tais como são
em si mesmos. Busca-se, em primeiro lugar, mostrar a apropriação de Husserl e de
Aristóteles, bem como a manutenção da idéia de verdade como adequação, embutidas
naquele conceito. Propõe-se a idéia de que a não-verdade (falsidade) dos enunciados
predicativos (não explicitamente tematizada por Heidegger, em Ser e Tempo) pode ser
pensada a partir do conceito husserliano de “síntese de diferenciação”. Procura-se,
ainda, esclarecer o que significa o “em si mesmo” dos entes que se dão na
evidenciação e se ocultam na diferenciação, e salientar o aspecto problemático da idéia
de uma dadidade dos entes em “si mesmos”, no âmbito da investigação científica. Por
fim, apresenta-se a discussão acerca da concepção heideggeriana de verdade, iniciada
por Tugendhat, em 1964, e constantemente retomada por vários filósofos, inclusive por
Gethmann, cuja interpretação é aqui avaliada.