Abstract
Ao analisar a teoria da memória mecânica de Hegel, a maioria dos intérpretes considerou apenas dois aspectos da memorização mecânica: o desaparecimento do significado nas palavras mecânicamente memorizadas ou a internalização totalmente abstrata da mente que as memoriza. No primeiro caso, a interpretação concentrou-se na relação entre o significante e o significado das palavras; no segundo caso, concentrou-se na relação entre o signo linguístico como um todo e a mente. Entretanto, a posição específica da memória mecânica na sistematização das atividades cognitivas de Hegel não se baseia nessas duas relações, mas na relação entre o significado de cada palavra e o significado das outras palavras. Ao memorizar de cor fileiras de palavras que não estão conectadas umas às outras por seus significados, mas apenas pela força da mente que decide memorizá-las juntas, a mente se liberta de qualquer conteúdo dado externamente e sublima a referência linear do conteúdo representacional de cada significado à intuição em sua origem. A atualização do poder da mente de interconectar conteúdos de acordo com as próprias regras lógicas da mente realiza, para Hegel, a transição para o pensamento propriamente dito.