Abstract
Este ensaio visa refletir sobre as questões de tradução levantadas por
Jacques Derrida (1987), questões essas que não chegam a formalizar uma teoria da
tradução, mas têm elas o ato de traduzir o original como veredas a ser percorridas
por um sujeito endividado, ou seja, o tradutor. No dizer de Derrida, “a tarefa do
tradutor indica a lei e a missão outorgada pelo outro a que o tradutor deve
responder”. Neste sentido, entendemos aqui a tradução como um ato de diálogo, de
negociação, uma vez que a língua, nesta perspectiva, é aquilo que não se deixa
possuir. Com isso, os problemas da tradução são - de um lado - o problema da
língua, de sua natureza heterogênea, fugidia; e, do outro, do modelo tradicional de
tradução que se apoia na concepção de língua como algo homogêneo em que a
diversidade, o diferente são vistos como pecado, como transgressão da linguagem
(adâmica).