Plato: Menexenus

Aspásia de Mileto (470?-400?) é uma figura cuja história nos é nebulosa e ao mesmo tempo muito clara. Nebulosa pois, como sugere Marta Andrade (2022, p. 24), trata-se de uma existência, como muitas outras, cuja memória a posteridade raramente se ocupou ou simplesmente esqueceu. Mas também clara pois Aspásia possui uma persona constituída no que chamamos de "tradição". A amante de Péricles. A professora de Sócrates. A esposa de Lísicles. Sua figura é frequentemente resgatada à sombra das figuras masculinas com (...) as quais se envolveu. Em grande medida porque as fontes que a resgatam trazem seu nome à margem, mas também em parte devido a uma postura metodológica que, por vezes, ignora nomes de mulheres. Neste artigo, viso recorrer às fontes para trazer à tona o protagonismo de Aspásia no que tange à educação e seu pioneirismo no pensamento retórico. Na primeira seção, desenvolverei uma breve biografia de Aspásia, sua possível influência política e suas habilidades pedagógicas. Na segunda seção, tratarei especialmente de suas contribuições para a retórica, abordando o discurso atribuído a si no Menêxeno de Platão e a Oração Fúnebre atribuída a Péricles por Tucídides. Por fim, na conclusão, diante das teses desenvolvidas, chegaremos a uma imagem mais digna de Aspásia, vislumbrando o retrato de uma mulher que dirige um elogio à coragem e cuja opinião incide diretamente em seu corpo social e político. Desse modo, compreenderemos melhor seus avanços nos âmbitos pedagógicos e retóricos, tidos como cruciais para o desenvolvimento dos cidadãos gregos. (shrink)

Like Socrates, Aspasia did not leave any writings. We know about her from secondary sources. In this paper, I will show a number of things in the reports of what Aspasia said and did that are philosophically interesting, especially in what they show about dealing with various kinds of crises, from marital to political ones. First, I will argue for the most probable reconstruction of her life. Second, I will elucidate what kind of method Aspasia employed when considering marital issues. (...) Third, I will endeavor to prove that Plato’s representation of Aspasia was not a mockery, as some authors argue. Furthermore, the most significant philosophical points of Aspasia’s Funeral Speech will be highlighted and assessed. Eventually, I will attempt to figure out what Plato’s reasons might have been to ascribe this speech to a woman. (shrink)

Are the long, wildly inventive etymologies in Plato’s Cratylus just some kind of joke, or does Plato himself accept them? This standard question misses the most important feature of the etymologies: they are a competitive performance, an agôn by Socrates in which he shows that he can play the game of etymologists like Cratylus better than they can themselves. Such show-off performances are a recurrent feature of Platonic dialogue: they include Socrates’ speeches on eros in the Phaedrus, his rhetorical discourse (...) in the Menexenus, and his literary interpretation in the Protagoras. The paper compares these cases to work out the ground rules, purposes and implications of the Platonic agôn, and the Cratylus etymologies in particular. (shrink)