-/- FILOSOFIA: CRÍTICA À METAFÍSICA -/- PHILOSOPHY: CRITICISM TO METAPHYSICS -/- Por: Emanuel Isaque Cordeiro da Silva - UFRPE Alana Thaís Mayza da Silva - CAP-UFPE RESUMO: A Metafísica (do grego: Μεταφυσική) é uma área inerente à Filosofia, dito isto, é uma esfera que compreende o mundo e os seres humanos sob uma fundamentação suprassensível da realidade, bem como goza de fundamentação ontológica e teológica para explicação dos dilemas do nosso mundo. Logo, não goza da experiência e explicação científica com (...) base na matemática, ciências, observação, análise, etc. e sim da explicação apenas teorética sem a análise empírica. Por fim, filósofos de divergentes escolas e eras da história da filosofia fundamentaram suas críticas quanto a Metafísica; e este breve trabalho tem como objetivo analisar as críticas dos filósofos e trazer uma conclusão clara e objetiva para os leitores, sejam leigos ou não. Palavras-chave: Metafísica. Crítica. Teoria. Suprassensível. Empírico. Experiência. ABSTRACT Metaphysics is an area inherent to philosophy, that is, it is a sphere that comprises the world and human beings under a supersensitive foundation of reality, as well as enjoying ontological and theological foundations for explaining the dilemmas of our world. Therefore, it does not enjoy the scientific experience and explanation based on mathematics, science, observation, analysis, etc., but only the theoretical explanation without empirical analysis. Finally, philosophers from divergent schools and eras in the history of philosophy based their criticism of Metaphysics, and this brief work aims to analyze the criticism of philosophers and bring a clear and objective conclusion to readers, whether lay or not. Keywords: Metaphysics. Criticism. Theory. Supersensitive. Empirical. Experience. INTRODUÇÃO Para uma fundamentação alicerçada na observação, análise e conclusões pragmáticas, é imprescindível aclarar o conceito de Metafísica como esfera inerente da Filosofia, bem como disciplina primordial para o currículo do Filósofo formado nas Universidades globais. Para isso, discorro acerca do conceito de Metafísica desde a alcunha aristotélica de 'Filosofia primeira', passando à análise modernista, em especial à kantiana e seu criticismo (Crítica da Metafísica é a alma desse trabalho), sob análise de autores didáticos e, por fim, sob a elucidação da esfera Metafísica mediante os dicionários de Filosofia de Japiassú e Marcondes, e de Nicola Abbagnano. No conjunto de obras aristotélicas entituladas de Metafísica, Aristóteles buscou elucidar 'o ser enquanto ser', isto é, buscar a objetividade das coisas e do mundo mediante a subjetividade e a realidade suprassensível dessas coisas. Logo, a explicação dos fenômenos que cercavam a Grécia clássica eram explicados além do alicerce das Ciências tradicionais da época (Física, Química, Biologia, etc.). Todavia, para Aristóteles, a Metafísica consiste na 'ciência primeira' no que se refere o fornecimento de um fundamento único para todas as demais ciências, ou seja, dar-lhes o objeto ao qual elas se referem e os princípios dos quais todas elas dependem. Por fim, a Metafísica implica ser uma enciclopédia das ciências um inventário completo e exaustivo de todas as ciências, em suas relações de coordenação e subordinação, nas tarefas e nos limites atribuídos a cada uma, de modo definitivo. Na modernidade, a Metafísica perde a centralidade do mundo da Filosofia, quem é o precursor de tal declínio é Immanuel Kant e seu criticismo. Tal descendência é elucidada e aclarada posteriormente no presente trabalho. A Metafísica moderna ganha uma nova interpretação, sendo alcunhada e levada por analogia à Ontologia, expressada, segundo Kant, como conceito de gnosiologia. Para Kant, Metafísica é a fonte inerente do estudo e explicação das formas alicerçadas na razão, bem como fundamento de toda realidade suprassensível que se deve basear para elucidar e aclarar o mundo moderno. Ainda segundo o filósofo, a Metafísica é a fonte de todos os princípios reais para a explicação da realidade. Sendo ela, por fim um 'sistema filosófico' alicerçado sobre uma perspectiva ontológica, teológica e/ou suprassensível da realidade. No nosso finalismo, a inerência da Metafísica à filosofia transcende a explicação de todo o universo e sua totalidade (matéria e forma como alcunha Aristóteles). Logo, na Filosofia Clássica com Platão e, especialmente em Aristóteles, o Mito passou a ser ciência e essa ciência era determinada de Metafísica. Vale salientar que a alcunha 'Metafísica' foi, primeiramente, usada por Andrônico de Rodes . Por fim, a Metafísica primordial para fundamentar as explicações necessárias para os fenômenos que se decorrera na Grécia antiga, foi perdendo centralidade ao passo da história da filosofia e, na modernidade, com Hume e Kant passa por uma grande crise, discorrida agora no trabalho. -/- DA CRÍTICA À METAFÍSICA Platão criou um sistema metafísico de explicação da realidade e do mundo que influenciou muitos pensadores e religiosos. Boa parte da história da filosofia foi composta de sistemas metafísicos. Mas, se, por um lado, o pensamento metafísico tem uma vida longa e profícua, por outro, é alvo de críticas constantes, principalmente por filósofos modernos e contemporâneos, que questionam a validade das teses metafísicas, seja porque tratam de coisas que não podem ser conhecidas, como alma, Deus e formas inteligíveis, seja porque suas conclusões são consideradas enganosas. ARISTÓTELES E A FILOSOFIA PRIMEIRA As ciências teóricas ou teoréticas são aquelas que produzem um saber universal, válido em qualquer situação, e necessário, isto é, que não pode ser de outro modo. Essas ciências estão voltadas para a contemplação da verdade. O sábio que se dedica a elas encontra um fim em si mesmo, pois o resultado de sua investigação não gera nenhum objeto exterior, como uma construção ou uma escultura, mas beneficia sua própria alma. Elas estão organizadas em Metafísica, Matemática e Física, que inclui a Psicologia ou a ciência da alma. As principais obras teoréticas escritas por Aristóteles são Física, De anima e Metafísica. Filosofia Primeira, que chegou até nós com o nome de Metafísica, também chamada muitas vezes por Aristóteles de Teologia .com a ressalva de que Teologia aqui não tem o sentido que é dado a ela contemporaneamente), é a expressão que designava a mais elevada das ciências teoréticas, diferenciando-se da chamada Filosofia Segunda, ou Física. Aristóteles abre o Livro I da Metafísica com a célebre passagem: Todos os homens têm, por natureza, desejo de conhecer: uma prova disso é o prazer das sensações, pois, fora até da sua utilidade, elas nos agradam por si mesmas e, mais que todas as outras, as visuais [...l. (ARISTÓTELES, 1969). A busca pelo conhecimento encontra-se na própria natureza humana, desde o nascimento, mesmo que se manifeste em seu grau mais rudimentar. Prova disso é o conhecimento por meio das sensações ou dos sentidos, entre os quais se destaca o da visão. É o chamado conhecimento por empiria ou saber empírico, que não pode ser ensinado porque é adquirido imediata e concretamente quando percebemos as coisas sensíveis. Também há um saber que vem da técnica. O técnico é aquele que tem o conhecimento dos meios para chegar a um fim. Como ensina o historiador da Filosofia, Julián Marias, apesar de o saber técnico ser superior ao saber empírico, ambos são necessários em nossa vida: 1..l Portanto, a tékhne [técnica) é superior à empeiria; mas esta também é necessária, por exemplo, para curar, porque o médico não tem de curar o homem, e sim Sócrates, e o homem apenas de modo mediato. (MARIAS, J. 2015). O conhecimento metafísico é menos necessário em nossa vida cotidiana, mas nenhum outro lhe é superior. A Metafísica é o conhecimento pelas causas e, como vimos, o conhecimento é científico quando ele nos dá os princípios e as causas das coisas. Para Aristóteles, tudo o que existe é efeito de uma causa e ela é a responsável por esse algo ser necessariamente de um jeito e não de outro. De acordo com Aristóteles, conhecer algo é conhecer pela causa. Dessa forma, a explicação de algo ou o seu conhecimento deve sempre dizer por que algo é necessariamente de determinado modo. Sem esse tipo de explicaçào, não pode haver propriamente conhecimento. Daí se constata o caráter rigoroso da explicação científica: ela não apenas sabe que "algo é isto", mas é capaz de explicar por que algo é necessariamente isto. A definição aristotélica de Metafísica Chauí indaga em seu livro Iniciação à Filosofia a questão central do que Aristóteles entende por sua alcunha ou Metafísica. Chauí explana: Embora Aristóteles admita que para cada tipo de Ser e suas essências existe uma ciência teorética própria (física, biologia, psicologia, matemática, astronomia), ele também defende a necessidade de uma ciência geral, mais ampla, mais universal, anterior a todas essas, cujo objeto não seja esse ou aquele tipo de Ser, essa ou aquela modalidade de essência, mas o Ser em geral, a essência em geral. Essa ciência, para Aristóteles, é a Filosofia Primeira ou metafísica, que investiga o que é a essência e aquilo que faz com que haja essências particulares diferenciadas, que estuda o Ser enquanto Ser. (CHAUÍ, 2010). O objeto investigado pela Metafísica também é muito diferente do objeto conhecido pelo saber empírico ou pelo saber técnico. O saber empírico nos faz conhecer as coisas particulares, como Sócrates, o Oráculo de Delfos e a caneta esferográfica; o saber técnico nos faz conhecer as diversas técnicas, como os procedimentos médicos e a engenharia de construir templos. O que o saber metafísico, então, nos permite conhecer? Segundo Aristóteles, a Metafisica estuda o ser enquanto ser. Não considera o ser de modo particular como fazem as demais ciências — por exemplo, ao investigar Sócrates, os procedimentos médicos etc. mas busca o que é universal, o que envolve tanto Sócrates quanto os procedimentos médicos, tanto o Oráculo de Delfos quanto a arte de construir templos. Segundo Aristóteles, a Metafísica trata das causas primeiras, que são as quatro seguintes: • a causa material, que é a matéria de que é feita alguma coisa. Em uma escultura, por exemplo, a causa material pode ser o bronze ou o mármore; • a causa formal, que é a forma ou a essência das coisas. No exemplo da escultura, é a forma ou a aparência que possibilita que a reconheçamos como uma escultura (e não como um poste, por exemplo); • a causa eficiente, que é o agente que produz a coisa. Uma escultura é produzida por um artista; • a causa final, que é a razão ou a finalidade das coisas, A finalidade da escultura é o prazer estético. A Metafísica também se ocupa da substância. A substância responde pelos significados do ser. Mas o que é a substância? Trata-se de uma questão complexa no pensamento aristotélico. Aristóteles recusa-se a entender a substância como sendo a forma platónica. Ela nào é o suprassensível. Seria entao a substância o sensível individual? As coisas são matéria e forma; amatéria é o substrato da coisa (por exemplo, o mármore é a matéria da estátua). Sem sua forma, ela é apenas potencialidade, mas sem a matéria qualquer realidade sensível se desvaneceria. Assim, a matéria pode ser dita substância em sentido impróprio. A forma, por seu turno, é aquilo que determina a matéria, é a sua essência; ela é substancia em sentido próprio. Mas a matéria é também matéria enformada. As coisas sensíveis são, a um só tempo, matéria e forma. E esse composto também pode ser legitimamente chamado de substância. Aristóteles apresenta três gêneros de substâncias: • as substâncias sensíveis, que nascem, morrem e, por isso, passam por todo tipo de mudança; • as substancias sensíveis e incorruptíveis, que não passam por nenhum tipo de mudança, como os planetas e as estrelas; • a substância suprassensível, que é superior às outras duas: o Primeiro Motor Imóvel, o deus aristotélico, causa de todo movimento, mas sendo ele mesmo imóvel. (Ele precisa ser imóvel porque se ele também se movesse precisaria haver uma causa para esse movimento, o que levaria a uma espécie de regressão ao infinito). Assim como o demiurgo de Platão, o deus aristotélico nao é um deus criador. Não criou o Universo nem gerou o movimento dos corpos. Ao contrário, o deus de Aristóteles exerce uma atraçáo sobre o Universo, motivando sua existência, e sobre os corpos, gerando seu movimento, ou seja, atrai tudo para si como objeto de amor. Não é, portanto, causa eficiente do mundo e do movimento do mundo, mas causa final. O deus aristotélico nao cria o mundo do nada por um ato de vontade. Ele nao é causa eficiente do mundo, como indicamos ser o artista causa eficiente de sua escultura. A METAFÍSICA CLÁSSICA OU MODERNA Grandes revoluções no pensamento do século XVII deram estopim à uma grande crise na esfera metafísica. De modo resumido a Metafísica sofreu uma grande transformação e uma nova elaboração, sem a fundamentação embasada no pensamento platônico, aristotélico ou neoplatônico. Sendo assim a nova metafísica é caracterizada por: [...] afirmação da incompatibilidade entre fé e razão, acarretando a separação de ambas, de sorte que a religião e a filosofia possam seguir caminhos próprios, mesmo que a segunda não esteja publicamente autorizada a expor ideias que contradigam as verdades ou dogmas da fé [...] [...] redefinição do conceito de Ser ou substância. Os modernos conservam a definição tradicional da substância como o Ser que existe em si e por si mesmo, que subsiste em si e por si mesmo. Porém, em lugar de considerar que a substância se define por gênero e espécie, havendo tantos tipos de substâncias quantos gêneros e espécies houver, passa-se a definir a substância levando em consideração seus predicados essenciais ou seus atributos essenciais, isto é, aquelas propriedades ou atributos sem os quais uma substância não é o que ela é. Após o supracitado, os cartesianos e Descartes dirão que há somente três substâncias essenciais, divergindo totalmente do pensamento aristotélico, as substâncias cartesianas são a Alma, a matéria dos corpos e Deus. Para empiristas, só se é possível conhecer a substância corpórea, logo não se é possível elaborar uma metafísica, e sim uma geometria ou uma física que se ocupa do estudo dessas matérias corpóreas. Baruch Spinoza (1632-1677) explanou a primordialidade de se elaborar uma definição genérica e universal, comumente aceita por toda a comunidade de filósofos de Aristóteles a modernidade. Podemos reduzir o conceito proposto da seguinte maneira: “substância é aquilo que existe em si e por si e não depende de outros para existir”.Logo, diz Espinosa, que há apenas uma substância no Universo que não depende de outra para existir, tal substância é o próprio Deus ou a natureza. Nessa revolução do pensamento filosófico, em peculiar à metafísica, houve também a redefinição do conceito de causa e causalidade. Em Aristóteles haviam quatro tipos de causas, agora, na modernidade, se propunha apenas dois tipos: a eficiente e a final. Chauí explana que a Causa eficiente é aquela na qual uma ação anterior determina como consequência necessária a produção de um efeito, e que seu alcance é universal na natureza. Causa final é aquela que determina, para os seres pensantes, a escolha da realização ou não realização de uma ação, e que só opera na ação de Deus e nas ações humanas. Houve também, nessa revolução, uma quebra do paradigma metafísico, isto é, a metafísica não se dividia mais entre a teologia, a psicologia racional e a cosmologia racional. Agora, a metafísica ganha um novo rumo, um rumo próprio de estudo embasado em suas próprias fundamentações. Logo, a metafísica se apropria de três e apenas três ideias de substância. A substância infinita, ou o próprio Deus. A substância pensante que é a consciência como faculdade de reflexão e de representação da realidade alicerçada na razão. E, por fim, a substância extensa que é a natureza embasada nos princípios e leis regidas pela matemática e a mecânica. DAVID HUME E A CRISE DA METAFÍSICA O filósofo escocês David Hume (1711-1776) nos ajuda a entender em parte o teor das críticas ao pensamento metafísico. "Se tomarmos em nossas mãos um volume qualquer, de teologia ou metafísica escolástica, por exemplo, façamos a pergunta: contém ele qualquer raciocínio abstrato referente a números e quantidades? Não. Contém qualquer raciocínio experimental referente a questões de fato e de existência? Não. Às chamas com ele, então, pois não pode conter senão sofismas e ilusão." (HUME, 2004) Hume critica a teologia e a metafísica escolástica, que foi a metafísica praticada principalmente nas escolas cristãs durante a Idade Média, porque suas concepções não tratam nem de conceitos matemáticos, que são formais e podem levar a conclusões seguras - por exemplo, "2 + 2 = 4" -, nem de afirmações sobre fatos, que podem ser verificados empiricamente, isto é, pelos órgãos dos sentidos —como "a aceleração de um corpo em queda livre é de 9,8 metros por segundo", Assim, Hume aconselha o leitor a jogar as afirmações metafísicas na fogueira, pois são consideradas ilusões, fantasias ou produto de erros de raciocínio e nada têm a acrescentar ao conhecimento humano. A partir de Hume, a metafísica, tal como existira desde os gregos, tornara-se impossível. O CRITICISMO KANTIANO E O FIM DA METAFÍSICA CLÁSSICA Entre a Dissertação de 1770 e a Crítica da razão pura, mais de dez anos se passaram. Apesar de a obra ser volumosa, a redaçào da Crítica da razão pura não chegou a cinco meses de trabalho. De início, Kant pretendia apenas revisar sua dissertação, mas o trabalho acabou por levá-lo a figurar entre os grandes nomes do pensamento filosófico, como Aristóteles e Descartes. Kant fez um diagnóstico bastante negativo da situação da Filosofia de sua época, em particular da Metafísica, que, embora fosse considerada a Filosofia Primeira, patinava em questões impossíveis de serem resolvidas. Ao mesmo tempo, buscou inserir a Filosofia no rumo seguido pelas Ciências Naturais, pela Lógica e pela Matemática, que já tinham encontrado o caminho da Ciência. Em alguns pontos, o projeto kantiano se aproximou de algumas características do projeto cartesiano. Descartes duvidou de todo o saber conhecido, pois queria encontrar um fundamento seguro que sustentasse a edificação da Filosofia e, mais particularmente, da Ciência. Diferentemente de Descartes, contudo, Kant nào duvidou de todo o conhecimento que havia aprendido. Para ele, bastava estabelecer os limites do conhecimento racional, ou seja, o que a razão podia conhecer e o que era impossível de ser conhecido. No fim do século XVIII, de acordo com a proposta de Wolff, a Metafísica era dividida em duas partes: Metafísica geral e Metafísica especial. A primeira tratava da Ontologia (ciência do ser enquanto ser, como definido por Aristóteles), e a segunda se ocupava do ser humano (Psicologia), do mundo (Cosmologia) e de Deus (Teologia racional), Os principais temas in-vestigados eram a imortalidade da alma, a liberdade a finitude ou infinitude do mundo e a existência de Deus. No entanto, de acordo com Kant, as questões metafísicas clássicas extrapolavam as capacidades de conhecimento do ser humano, pois estavam tão afastadas da experiência que a razão só podia pensá-las, sem conhecê-las realmente. As questões postas pela Metafísica clássica extrapolavam o terreno de qualquer experiência possível e, no entanto, a razão, por sua própria natureza, apresenta questões que não pode evitar, mas que também náo pode responder por não terem nenhuma pedra de toque na experiência. Disso decorre a pergunta fundamental sobre a possibilidade de haver um conhecimento metafísico. Publicada em 1781, a Crítica da razão pura foi uma tentativa de responder a essa pergunta. A obra instituiu um "tribunal da razao" para examinar a própria razão, e não para tomar partido no conflito entre racionalistas, como Descartes e Leibniz, que elaboraram sistemas metafísicos, e empiristas, como Locke e Hume, que basearam o conhecimento unicamente nos sentidos. Criticar a razão é determinar as possibilidades, os limites e o alcance do próprio conhecimento. A transformação foi tao grande para a Filosofia que essa obra nao pôde ser ignorada. A situação da Metafísica No texto a seguir, retirado do célebre prefácio à primeira edição de Crítica da razão pura, podemos ver o diagnóstico de Kant sobre a situaçao da Metafísica no período em que vivia. A razão humana, num determinado dominio dos seus conhecimentos, possui o singular destino de se ver atormentada por questões, que náo pode evitar, pois lhe são impostas pela sua natureza, mas às quais também não pode dar resposta por ultrapassarem completamente as suas possibilidades. Não é por culpa sua que cai nessa perplexidade. Parte de princípios, cujo uso é inevitável no decorrer da experiência e, ao mesmo tempo, suficientemente garantido por esta. Ajudada por estes princípios eleva-se cada vez mais alto (como de resto lho consente a natureza) para condições mais remotas. Porém, logo se apercebe de que, desta maneira, a sua tarefa há de ficar sempre inacabada, porque as questões nunca se esgotam; vê-se obrigada, por conseguinte, a refugiar-se em princípios, que ultrapassam todo o uso possível da experiência e, não obstante, estão ao abrigo de qualquer suspeita, pois o senso comum está de acordo com eles. Assim, a razão humana cai em obscuridades e contradições, que a autorizam a concluir dever ter-se apoiado em erros, ocultos algures, sem contudo os poder descobrir. Na verdade, os princípios de que se serve, uma vez que ultrapassam os limites de toda experiência, já não reconhecem nesta qualquer pedra de toque. O teatro destas disputas infindáveis chama-se Metafísica. (KANT, I. 2010). O fim da Metafísica clássica Podemos agora retomar o questionamento sobre os motivos pelos quais a física newtoniana é possível como ciência e entender também por que a metafísica racionalista tradicional não é conhecimento científico, segundo a teoria kantiana. A física trata de regras e leis dos fenômenos, das representações conformadas pela sensibilidade e pelo entendimento, ou seja, refere-se a objetos do conhecimento humano. A metafísica clássica, por sua vez, trata de coisas que não fazem parte da experiência sensível. Deus e a alma, por exemplo, não são apreendidos pela sensibilidade, não são impressões conformadas ou fenômenos e, portanto, não podem ser conhecidos pelo ser humano. Ideias ou conceitos dessa espécie podem ser pensados pela razão, mas é impossível conhecê-los, pois estão além da capacidade humana de conhecimento. Por esse motivo, a física é possível como ciência e a metafísica tradicional não. Com base nisso, Kant provocou uma revolução na teoria do conhecimento, que ele mesmo designou como "virada copernicana na filosofia", Se Copémico mudou a forma de entender o mundo ao defender a ideia de que o Sol está no centro do sistema solar, Kant mudou a forma de o ser humano compreender o mundo e a si próprio ao estabelecer a ideia de que o ser humano, e não os objetos externos, é o centro do conhecimento, O ser humano não é um agente passivo, que só recebe informações, mas atua decisivamente na constituição do conhecimento e do que se compreende como realidade. Os elementos a priori que determinam essa constituição do conhecimento são o escopo da filosofia kantiana, também conhecida como transcendental. Logo, o pensamento kantiano alterou profundamente a Metafísica. A existência de Deus ou a imortalidade da alma, por exemplo, passaram a ser questões que já não podiam ser respondidas. Se percebemos apenas as coisas que ocorrem em um tempo específico (antes, agora, depois), como seremos capazes de perceber algo que está na eternidade (Deus)? Como afirmar que a alma é imortal se não conseguimos percebê-la com os nossos sentidos? O conhecimento a partir de Kant, então, é sempre conhecimento de objetos, isto é, de conteúdos elaborados e modificados pelo sujeito que conhece. O conhecimento passou a se ocupar, assim, de fenómenos, e não mais da própria coisa, como pretendiam os metafísicos clássicos. Com a crítica kantiana, tornou-se impossível conhecer efetivamente os temas da Metafísica clássica e emitir qualquer opinião segura sobre assuntos que não podem ser assentados na experiência. Podemos pensar sobre Deus, podemos querer que nossa a seja imortal, mas jamais teremos a possibilidade de verificar esses assuntos em nossa experiência ou mesmo ter sobre eles verdadeiro conhecimento. Nada nos impede de acreditar em Deus ou na imortalidade da alma, porém não podemos exigir que a Filosofia se pronuncie a respeito desses temas. Na verdade, a crítica kantiana não diz que Deus existe nem que não existe, mas apenas que não é capaz de saben Deus, não obstante sua importância para a Filosofia do próprio Kant, é uma questão de fé. AUGUSTE COMTE E A METAFÍSICA NO SÉCULO XIX O filósofo francês Auguste Comte (1798-1857), considerado o pai do positivismo, fundamenta sua filosofia também em oposição às concepções metafísicas. Em seu entendimento, a busca por princípios gerais ou essências, entidades que estão além do que podemos observar ou perceber pelos órgãos dos sentidos, é algo infrutífero. Comte explana: "[...] não é supérfluo assinalar agora, de modo direto, a preponderância contínua da observação sobre a imaginação, como o principal caráter lógico da sã filosofia moderna, dirigindo nossas pesquisas, não para causas essenciais, mas para leis efetivas, dos diversos fenômenos naturais. Sem ser doravante imediatamente contestado, permanece este princípio fundamental muitas vezes desconhecido nos trabalhos especiais. Embora as diferentes ordens de especulações concedam, sem dúvida, à imaginação uma alta participação, isto é, constan temente empregada para criar ou aperfeiçoar os meios da vinculação entre os fatos constatados, mas o ponto de partida e a sua direçào não lhe poderiam pertencer em nenhum caso. Ainda quando procedemos verdadeiramente a priori, é claro que as considerações gerais que nos guiam foram inicialmente fundadas, quer na ciência correspondente, quer em outra, na simples observação, única fonte de sua realidade e também de sua fecundidade. Ver para prever: tal é o caráter permanente da verdadeira ciência. Tudo prever sem ter nada visto constitui somente uma absurda utopia metafísica, ainda muito seguida." (COMTE, 1978). A observação é considerada a única fonte de realidade. Abandonando a observação e apoiando-se única e exclusivamente na imaginação, como seria característico das especulaçôes metafísicas, o pensamento pode levar não para o conhecimento das coisas, mas para a fantasia. A ciência, então, deve ter como base as coisas que podem ser observadas. Todas as especulações e as teorias científicas, em última instância, devem ter como fundamento a realidade observável. LUDWIG WITTGENSTEIN E A METAFÍSICA CONTEMPORÂNEA O filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein (1889-1951) também se opõe às afirmações metafísicas por considerar que estas tratam de problemas (ou pseudoproblemas) que não podem ser formulados claramente e, portanto, não podem ser respondidos. “O método correto da filosofia seria o seguinte: só dizer o que pode ser dito, ou seja, as proposições das ciências naturais [...] e depois, quando alguém quisesse dizer algo metafísico, mostrar-lhe que nas suas proposições existem sinais aos quais não foi dada uma denotação.” (WITTGENSTEIN, 1995). Quer dizer, as sentenças ou os termos metafísicos se referem a coisas, objetos ou seres enigmáticos ou misteriosos, que não podem ser tratados com clareza, isto é, não se sabe exatamente o que são, o que impossibilitaria a formulação de problemas e soluções reais. "Deus", "alma" ou "vida após a morte", por exemplo, são termos que se referem especificamente a quê? Os "problemas" metafísicos estariam no campo do mistério e não no da investigação racional. Por isso, como afirma Wittgenstein, "acerca daquilo de que se não pode falar, tem que se ficar em silêncio". CONCLUSÃO (ÕES) Ora, a Metafísica na Grécia antiga foi imprescindível para o entendimento dos mais variados dilemas do mundo antigo, sejam perguntas simples, ou complexas. Iniciada como um sistema filosófico platônico, passando a ser filosofia primeira em Aristóteles, a metafísica incorporou elementos teológicos, psicológicos e cosmológicos durante o mundo antigo, e ainda mais durante o período medieval e a hegemônica Igreja Católica. No mundo moderno e embasado pelo “Luz da razão”, a metafísica começa a ser refutada pelos pensadores da época em questão, dentre eles o célebre cético Hume, e o emblemático Kant, além de Descartes e seus cartesianistas. Kant e seu criticismo incorporaram à Metafísica uma nova interpretação, esta que fez a mesma entrar em declínio e sair da centralidade do mundo filosófico. Kant, graças às indagações e refutações de Hume, pôde acordar do célebre “sono dogmático”. O que fez Kant se importa com a Metafísica. Kant trouxe à luz o fim da Metafísica clássica e deu legado ao início da metafísica contemporânea alcunhada de Ontologia. No decorrer da história da filosofia, a Metafísica teve intensa ascenção e vertiginosos declives, sendo seu maior declive o crítico Kant. Por fim, muitos filósofos se apropriaram de ser heterodoxos e enfrentaram de frente o mundo metafísica e a base do catolicismo sobre a realidade. Posta realidade que hoje, com o legado de Kant, da fenomenologia de Husserl, etc., originaram a nova escola filosófica chamada de Ontologia. -/- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABBAGNANO, N. Dicionário de filosofia. 5ª. ed. Trad. Ivone Castillo Benedetti. São Paulo: Martins Fontes, 2007. ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 5ª. ed. São Paulo: Moderna, 2013. ARISTÓTELES. Metafísica. Trad. L. Vallandro. Porto Alegre: Globo, 1969. BELO, R. dos S. Filosofia. Vol. Único. 2ª. ed. São Paulo: FTD, 2016. (Coleção Filosofia). BENOIT, L. O. Augusto Comte: fundador da física social. 1ª. ed. São Paulo: Moderna, 2002. CHAUÍ, M. Iniciação à Filosofia. 1ª. ed. São Paulo: Ática, 2010. COMTE, A. Curso de filosofia positiva. In: FERNANDES, F.; FILHO, E. de M. Comte: sociologia. São Paulo: Ática, 1978. (Coleção Grandes Cientistas Sociais). COTRIM, G.; FERNANDES, M. Fundamentos de filosofia. 2ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. FERREIRO, H. Siete ensayos sobre la muerte de la Metafísica: Una introducción al idealismo absoluto a partir de la ontología. 1ª. ed. Porto Alegre: Editora Fi, 2016. FIGUEIREDO, V. de. (Org.); et. al. Filosofia: Temas e Percursos. Vol. Único. 2ª. ed. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2016. FILHO, J. S. Filosofia e filosofias: existência e sentidos. 1ª. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2016. HUME, D. Investigações sobre o entendimento humano e sobre os principios da moral. São Paulo: Unesp, 2004. ________. Tratado da natureza humana: uma tentativa de introduzir o método experimental de raciocínio nos assuntos morais. São Paulo: Unesp, 2001. JAPIASSÚ, H.; MARCONDES, D. Dicionário básico de filosofia. 3ª. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. KANT, I. Crítica da razão prática. Lisboa: Edições 70, 1989. [Textos filosóficos]. ______. Crítica da razão pura. São Paulo: Abril Cultural, 1979. (Col. Os Pensadores). MARIAS, J. História da filosofia. 2ª. ed. Trad. Claudia Berliner. São Paulo: Martins Fontes, 2015. MELANI, R. Diálogo: primeiros estudos em filosofia. Vol. Único. 2ª. ed. São Paulo: Moderna, 2016. OTERO, J. G. Compendio de filosofía: para uso de los jóvenes estudiosos. 1ª. ed. Bogotá: Imprensa de San Bernardo, 1919. SILVA, F. L. e. Descartes, a metafísica da modernidade. 1ª. ed. São Paulo: Moderna, 2006. WITTGENSTEIN, L. Tratado lógico-filosófico. 2ª. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1995. -/- Emanuel Isaque Cordeiro da Silva – estudante, pesquisador, professor, agropecuarista, altruísta e defensor dos direitos humanos e dos animais. -/- Alana Thaís Mayza da Silva – estudante, potterhead, pesquisadora, projetista, musicista, filantropa, defensora dos direitos humanos e dos animais, LGBT. (shrink)

Inspired by Rudolf Carnap's Der Logische Aufbau Der Welt, David J. Chalmers argues that the world can be constructed from a few basic elements. He develops a scrutability thesis saying that all truths about the world can be derived from basic truths and ideal reasoning. This thesis leads to many philosophical consequences: a broadly Fregean approach to meaning, an internalist approach to the contents of thought, and a reply to W. V. Quine's arguments against the analytic and the a (...) priori. Chalmers also uses scrutability to analyze the unity of science, to defend a conceptual approach to metaphysics, and to mount a structuralist response to skepticism. Based on the 2010 John Locke lectures, Constructing the World opens up debate on central philosophical issues involving language, consciousness, knowledge, and reality. This major work by a leading philosopher will appeal to philosophers in all areas. This entry contains uncorrected proofs of front matter, chapter 1, and first excursus. (shrink)

What does it mean to know how to do something? This book develops a comprehensive account of know-how, a crucial epistemic goal for all who care about getting things right, not only with respect to the facts, but also with respect to practice. It proposes a novel interpretation of the seminal work of Gilbert Ryle, according to which know-how is a competence, a complex ability to do well in an activity in virtue of guidance by an understanding of what it (...) takes to do so. This idea is developed into a full-fledged account, Rylean responsibilism, which understands know-how in terms of the normative guidance and responsible control of one's acts. Within the complex current debate about know-how, this view occupies a middle ground position between the intellectualist claim that know-how just is propositional or objectual knowledge and the anti-intellectualist claim that know-how just is ability. In genuine know-how, practical ability and guiding intellect are both necessary, but essentially intertwined. (shrink)

This paper develops and motivates a unification theory of metaphysical explanation, or as I will call it, Metaphysical Unificationism. The theory’s main inspiration is the unification account of scientific explanation, according to which explanatoriness is a holistic feature of theories that derive a large number of explananda from a meager set of explanantia, using a small number of argument patterns. In developing Metaphysical Unificationism, I will point out that it has a number of interesting consequences. The view offers a novel (...) conception of metaphysical explanation that doesn’t rely on the notion of a “determinative” or “explanatory” relation; it allows us to draw a principled distinction between metaphysical and scientific explanations; it implies that naturalness and fundamentality are distinct but intimately related notions; and perhaps most importantly, it re-establishes the unduly neglected link between explanation and understanding in the metaphysical realm. A number of objections can be raised against the view, but I will argue that none of these is conclusive. The upshot is that Metaphysical Unificationism provides a powerful and hitherto overlooked alternative to extant theories of metaphysical explanation. (shrink)

Critical race theorists and standpoint epistemologists argue that agents who are members of dominant social groups are often in a state of ignorance about the extent of their social dominance, where this ignorance is explained by these agents' membership in a socially dominant group (e.g., Mills 2007). To illustrate this claim bluntly, it is argued: 1) that many white men do not know the extent of their social dominance, 2) that they remain ignorant as to the extent of their dominant (...) social position even where this information is freely attainable, and 3) that this ignorance is due in part to the fact that they are white men. We argue that on Buchak's (2010, 2013) model of risk averse instrumental rationality, ignorance of one's privileges can be rational. This argument yields a new account of elite-group ignorance, why it may occur, and how it might be alleviated. (shrink)

This article uses the case study of ethnobiological classification to develop a positive and a negative thesis about the state of natural kind debates. On the one hand, I argue that current accounts of natural kinds can be integrated in a multidimensional framework that advances understanding of classificatory practices in ethnobiology. On the other hand, I argue that such a multidimensional framework does not leave any substantial work for the notion “natural kind” and that attempts to formulate a general account (...) of naturalness have become an obstacle to understanding classificatory practices. (shrink)

The Question of Iterated Grounding (QIG) asks what grounds the grounding facts. Although the question received a lot of attention in the past few years, it is usually discussed independently of another important issue: the connection between metaphysical explanation and the relation or relations that supposedly “back” it. I will show that once we get clear on the distinction between metaphysical explanation and the relation(s) backing it, we can distinguish no fewer than four questions lumped under QIG. I will also (...) argue that given some plausible assumptions about what it would take for a relation to back metaphysical explanation, many salient views about grounding allow us to give “easy” answers to these questions—easy in the sense that we can straightforwardly derive them from the respective conception of grounding without getting into the sorts of complexities that typically inform answers to QIG. The paper's main upshot is that we cannot expect to make much progress on QIG without first addressing the difficult issue of how exactly grounding is related to metaphysical explanation. (shrink)

Current controversies about knowledge integration reflect conflicting ideas of what it means to “take Indigenous knowledge seriously”. While there is increased interest in integrating Indigenous and Western scientific knowledge in various disciplines such as anthropology and ethnobiology, integration projects are often accused of recognizing Indigenous knowledge only insofar as it is useful for Western scientists. The aim of this article is to use tools from philosophy of science to develop a model of both successful integration and integration failures. On the (...) one hand, I argue that cross-cultural recognition of property clusters leads to an ontological overlap that makes knowledge integration often epistemically productive and socially useful. On the other hand, I argue that knowledge integration is limited by ontological divergence. Adequate models of Indigenous knowledge will therefore have to take integration failures seriously and I argue that integration efforts need to be complemented by a political notion of ontological self-determination. (shrink)

The aim of this article is to develop an argument against metaphysical debates about the existence of human races. I argue that the ontology of race is underdetermined by both empirical and non-empirical evidence due to a plurality of equally permissible candidate meanings of "race." Furthermore, I argue that this underdetermination leads to a deflationist diagnosis according to #hich disputes about the existence of human races are non-substantive verbal disputes. $hile this diagnosis resembles general deflationist strategies in contemporary metaphysics" I (...) show that my argument does not presuppose controversial metametaphysical assumptions. (shrink)

In recent years, metaphysics has undergone what some describe as a revolution: it has become standard to understand a vast array of questions as questions about grounding, a metaphysical notion of determination. Why should we believe in grounding, though? Supporters of the revolution often gesture at what I call the Argument from Explanatoriness: the notion of grounding is somehow indispensable to a metaphysical type of explanation. I challenge this argument and along the way develop a “reactionary” view, according to which (...) there is no interesting sense in which the notion of grounding is explanatorily indispensable. I begin with a distinction between two conceptions of grounding, a distinction which extant critiques of the revolution have usually failed to take into consideration: grounding qua that which underlies metaphysical explanation and grounding qua metaphysical explanation itself. Accordingly, I distinguish between two versions of the Argument from Explanatoriness: the Unexplained Explanations Version for the first conception of grounding, and the Expressive Power Version for the second. The paper’s conclusion is that no version of the Argument from Explanatoriness is successful. (shrink)

The Problem of Overlappers is a puzzle about what makes it the case, and how we can know, that we have the parts we intuitively think we have. In this paper, I develop and motivate an overlooked solution to this puzzle. According to what I call the self-making view it is within our power to decide what we refer to with the personal pronoun ‘I’, so the truth of most of our beliefs about our parts is ensured by the very (...) mechanism of self-reference. Other than providing an elegant solution to the Problem of Overlappers, the view can be motivated on independent grounds. It also has wide-ranging consequences for how we should be thinking about persons. Among other things, it can help undermine an influential line of argument against the permissibility of elective amputation. After a detailed discussion and defence of the self-making view, I consider some objections to it. I conclude that none of these objections is persuasive and we should at the very least take seriously the idea that we are to some extent self-made. (shrink)

The aim of this article is to discuss the relation between indigenous and scientific kinds on the basis of contemporary ethnobiological research. I argue that ethnobiological accounts of taxonomic convergence-divergence patters challenge common philosophical models of the relation between folk concepts and natural kinds. Furthermore, I outline a positive model of taxonomic convergence-divergence patterns that is based on Slater's [2014] notion of “stable property clusters” and Franklin-Hall's [2014] discussion of natural kinds as “categorical bottlenecks.” Finally, I argue that this model (...) is not only helpful for understanding the relation between indigenous and scientific kinds but also makes substantial contributions to contemporary debates about natural kinds.to contemporary debates about natural kinds. (shrink)

The aim of this article is to argue that ontological choices in scientific practice undermine common formulations of the value-free ideal in science. First, I argue that the truth values of scientific statements depend on ontological choices. For example, statements about entities such as species, race, memory, intelligence, depression, or obesity are true or false relative to the choice of a biological, psychological, or medical ontology. Second, I show that ontological choices often depend on non-epistemic values. On the basis of (...) these premises, I argue that it is often neither possible nor desirable to evaluate scientific statements independently of non-epistemic values. Finally, I suggest that considerations of ontological choices do not only challenge the value-free ideal but also help to specify positive roles of non-epistemic values in an often neglected area of scientific practice. (shrink)

This paper develops the Diachronic Self-Making View, the view that we are the non-accidentally best candidate referents of our ‘I’-beliefs. A formulation and defence of DSV is followed by an overview of its treatment of familiar puzzle cases about personal identity. The rest of the paper focuses on a challenge to DSV, the Puzzle of Inconstant ‘I’-beliefs: the view appears to force on us inconsistent verdicts about personal identity in cases that we would naturally describe as changes in one’s de (...) se beliefs. To solve this problem, the paper defends the possibility of overlapping people, and addresses a number of objections to this idea. (shrink)

This article outlines a program of ethnoontology that brings together empirical research in the ethnosciences with ontological debates in philosophy. First, we survey empirical evidence from heterogeneous cultural contexts and disciplines. Second, we propose a model of cross‐cultural relations between ontologies beyond a simple divide between universalist and relativist models. Third, we argue for an integrative model of ontology building that synthesizes insights from different fields such as biological taxonomy, cognitive science, cultural anthropology, and political ecology. We conclude by arguing (...) that a program of ethnoontology provides philosophers both with insights about traditional issues such as debates about natural kinds and with novel strategies for connecting philosophy with pressing global issues such as the conservation of local environments and the self‐determination of Indigenous communities. (shrink)

We give two social aggregation theorems under conditions of risk, one for constant population cases, the other an extension to variable populations. Intra and interpersonal welfare comparisons are encoded in a single ‘individual preorder’. The theorems give axioms that uniquely determine a social preorder in terms of this individual preorder. The social preorders described by these theorems have features that may be considered characteristic of Harsanyi-style utilitarianism, such as indifference to ex ante and ex post equality. However, the theorems are (...) also consistent with the rejection of all of the expected utility axioms, completeness, continuity, and independence, at both the individual and social levels. In that sense, expected utility is inessential to Harsanyi-style utilitarianism. In fact, the variable population theorem imposes only a mild constraint on the individual preorder, while the constant population theorem imposes no constraint at all. We then derive further results under the assumption of our basic axioms. First, the individual preorder satisfies the main expected utility axiom of strong independence if and only if the social preorder has a vector-valued expected total utility representation, covering Harsanyi’s utilitarian theorem as a special case. Second, stronger utilitarian-friendly assumptions, like Pareto or strong separability, are essentially equivalent to strong independence. Third, if the individual preorder satisfies a ‘local expected utility’ condition popular in non-expected utility theory, then the social preorder has a ‘local expected total utility’ representation. Fourth, a wide range of non-expected utility theories nevertheless lead to social preorders of outcomes that have been seen as canonically egalitarian, such as rank-dependent social preorders. Although our aggregation theorems are stated under conditions of risk, they are valid in more general frameworks for representing uncertainty or ambiguity. (shrink)

Ethnobiology has a long tradition of metaphysical debates about the “naturalness,” “objectivity”, “reality”, and “universality” of classifications. Especially the work of Brent Berlin has been influential in developing a “convergence metaphysics” that explains cross-cultural similarities of knowledge systems through shared recognition of objective discontinuities in nature. Despite its influence on the development of the field, convergence metaphysics has largely fallen out of favor as contemporary ethnobiologists tend to emphasize the locality and diversity of classificatory practices. The aim of this article (...) is twofold: First, I provide a historical account of the rise and fall of convergence metaphysics in ethnobiology. I show how convergence metaphysics emerged as an innovative theoretical program in the wake of the “cognitive revolution” and the “modern evolutionary synthesis” but failed to incorporate both theoretical insights and political concerns that gained prominence in the 1980s and 1990s. Second, I develop a positive proposal of how to engage with metaphysical issues in ethnobiology. By integrating traditional research on convergence of classifications with more nuanced accounts of distinctly local categories, a revamped metaphysics of ethnobiological classification can make substantial contributions to debates about ontological difference in anthropology and about the relation between applied and theoretical ethnobiology. (shrink)

In this paper, we propose a framework for fostering argumentative skills in a systematic way in Philosophy and Ethics classes. We start with a review of curricula and teaching materials from the German-speaking world to show that there is an urgent need for standards for the teaching and learning of argumentation. Against this backdrop, we present a framework for such standards that is intended to tackle these difficulties. The spiral-curricular model of argumentative competences we sketch helps teachers introduce the relevant (...) concepts and skills to students early on in their school career. The focus is on secondary schools, but the proposal can also be of use for learning and teaching in universities, especially in introductory classes. (shrink)

This article develops an account of local epistemic practices on the basis of case studies from ethnobiology. I argue that current debates about objectivity often stand in the way of a more adequate understanding of local knowledge and ethnobiological practices in general. While local knowledge about the biological world often meets criteria for objectivity in philosophy of science, general debates about the objectivity of local knowledge can also obscure their unique epistemic features. In modification of Ian Hacking’s suggestion to discuss (...) “ground level questions” instead of objectivity, I propose an account that focuses on both epistemic virtues and vices of local epistemic practices. (shrink)

I offer a novel conception of the nature of wanting. According to it, wanting is lacking something one needs. Lacking is not a normative notion but needing is, and that is how goodness figures in to wanting. What a thing needs derives from what it is to be a good thing of its kind. In people, wanting is connected to both knowledge and the will. A person can know that she wants something and can act on that knowledge. When she (...) does, she is acting in light of that want and her want is a reason why she acted. There is a close connection between wanting and our wills, not just because we can sometimes choose how to get what we need, but because our choices can determine what we want. We can't simply choose to want something, but in deciding how to live our lives, who to be, and what to pursue, we are free to settle what we want, at least within limits. These connections to knowledge and the will make human wanting rich and morally relevant, but they don't transform human wanting into something special. Wanting is everywhere just a matter of lacking something one needs. (shrink)

Revisionary ontologies seem to go against our common sense convictions about which material objects exist. These views face the so-called Problem of Reasonableness: they have to explain why reasonable people don’t seem to accept the true ontology. Most approaches to this problem treat the mismatch between the ontological truth and ordinary belief as superficial or not even real. By contrast, I propose what I call the “uncompromising solution”. First, I argue that our beliefs about material objects were influenced by evolutionary (...) forces that were independent of the ontological truth. Second, I draw an analogy between the Problem of Reasonableness and the New Evil Demon Problem and argue that the revisionary ontologist can always find a positive epistemic status to characterize ordinary people’s beliefs about material objects. Finally, I address the worry that the evolutionary component of my story also threatens to undermine the best arguments for revisionary ontologies. (shrink)

This paper presents a uniform general account of regress problems in the form of a pentalemma—i.e., a set of five mutually inconsistent claims. Specific regress problems can be analyzed as instances of such a general schema, and this Regress Pentalemma Schema can be employed to generate deductively valid arguments from the truth of a subset of four claims to the falsity of the fifth. Thus, a uniform account of the nature of regress problems allows for an improved understanding of specific (...) regress objections or arguments, and, correspondingly, of the general logical geography of the debate about infinite regresses. This uniform approach is illustrated by a treatment of the classical epistemological problem of justification, but it encompasses a whole variety of cases including explanation and ontological grounding. Furthermore, this general account is compared and contrasted with the existing literature discussing argument schemata for regress objections, particularly with the work of Jan Willem Wieland. It is shown how such other schemata can be incorporated and superseded by the general Regress Pentalemma Schema. (shrink)

Ethnobiology has become increasingly concerned with applied and normative questions about biocultural diversity and the livelihoods of local communities. While this development has created new opportunities for connecting ethnobiological research with ecological and social sciences, it also raises questions about the role of cognitive perspectives in current ethnobiology. In fact, there are clear signs of institutional separation as research on folkbiological cognition has increasingly found its home in the cognitive science community, weakening its ties to institutionalized ethnobiology. Rather than accepting (...) this separation as inevitable disciplinary specialization, this short perspective article argues for a systemic perspective that addresses mutual influences and causal entanglement of cognitive and non-cognitive factors in socio-ecological dynamics. Such an integrative perspective requires a new conversation about cognition in ethnobiology beyond traditional polarization around issues of cognitive universals and cultural relativity. (shrink)

To the extent that dualism is even taken to be a serious option in contemporary discussions of personal identity and the philosophy of mind, it is almost exclusively either Cartesian dualism or property dualism that is considered. The more traditional dualism defended by Aristotelians and Thomists, what I call hylemorphic dualism, has only received scattered attention. In this essay I set out the main lines of the hylemorphic dualist position, with particular reference to personal identity. First I argue that overemphasis (...) of the problem of consciousness has had an unhealthy effect on recent debate, claiming instead that we should emphasize the concept of form. Then I bring in the concept of identity by means of the notion of substantial form. I continue by analyzing the relation between form and matter, defending the traditional theses of prime matter and of the unicity of substantial form. I then argue for the immateriality of the substantial form of the human person, viz. the soul, from an account of the human intellect. From this follows the soul's essential independence of matter. Finally, although the soul is the immaterial bearer of personal identity, that identity is still the identity of an essentially embodied being. I explain how these ideas are to be reconciled. Footnotesa I am grateful to Stephen Braude, John Cottingham, John Haldane, David Jehle, Joel Katzav, Eduardo Ortiz, and Fred Sommers for helpful comments and discussion of a draft of this essay. I would also like to thank Ellen Paul, whose suggestions have helped greatly to improve the essay's style and content. (shrink)

his article develops a framework for addressing racial ontologies in transnational perspective. In contrast to simple contextualist accounts, it is argued that a globally engaged metaphysics of race needs to address transnational continuities of racial ontologies. In contrast to unificationist accounts that aim for one globally unified ontology, it is argued that questions about the nature and reality of race do not always have the same answers across national contexts. In order address racial ontologies in global perspective, the article develops (...) a framework that accounts for both continuities and discontinuities by looking beyond the referents of narrowly defined core concepts. By shifting the focus from narrow concepts to richer conceptions of race, racial ontologies become comparable through globally related but nonetheless distinct mappings between conceptions and property relations. The article concludes by showing how this framework can generate novel insights in case studies from Asia, Europe, and Latin America. (shrink)

The aim of this article is to develop an understanding-based argument for an explicitly political specification of the concept of race. It is argued that a specification of race in terms of hierarchical social positions is best equipped to guide causal reasoning about racial inequality in the public sphere. Furthermore, the article provides evidence that biological and cultural specifications of race mislead public reasoning by encouraging confusions between correlates and causes of racial inequality. The article concludes with a more general (...) case for incorporating empirical evidence about public reasoning into philosophical debates about competing specifications of the concept of race. (shrink)

Supervenience is necessary co-variation between two sets of entities. In the good old days, supervenience was considered a useful philosophical tool with a wide range of applications in the philosophy of mind, metaethics, epistemology, and elsewhere. In recent years, however, supervenience has fallen out of favor, giving place to grounding, realization, and other, more metaphysically “meaty”, notions. The emerging consensus is that there are principled reasons for which explanatory theses cannot be captured in terms of supervenience, or as the slogan (...) goes: “Supervenience Is Nonexplanatory”. While SIN is widely endorsed, it is far from clear what it amounts to and why we should believe it. In this paper, I will distinguish various theses that could be meant by it, and will argue that none of them is both interesting and plausible: on some interpretations of ‘explanatory’, we have no reason to believe that supervenience is unexplanatory, while on other interpretations, supervenience is indeed unexplanatory, but widely accepted textbook cases of explanatory relations come out as unexplanatory, too. This result raises doubts as to whether there is any interesting sense in which SIN is true, and suggests that the contemporary consensus about supervenience is mistaken. (shrink)

According to the priority view, or prioritarianism, it matters more to benefit people the worse off they are. But how exactly should the priority view be defined? This article argues for a highly general characterization which essentially involves risk, but makes no use of evaluative measurements or the expected utility axioms. A representation theorem is provided, and when further assumptions are added, common accounts of the priority view are recovered. A defense of the key idea behind the priority view, the (...) priority principle, is provided. But it is argued that the priority view fails on both ethical and conceptual grounds. (shrink)

When an entity ontologically depends on another entity, the former ‘presupposes’ or ‘requires’ the latter in some metaphysical sense. This paper defends a novel view, Dependence Deflationism, according to which ontological dependence is what I call an aggregative cluster concept: a concept which can be understood, but not fully analysed, as a ‘weighted total’ of constructive and modal relations. The view has several benefits: it accounts for clear cases of ontological dependence as well as the source of disagreement in controversial (...) ones; it gives a nice story about the evidential relevance of modal, mereological and set-theoretic facts to ontological dependence; and it makes sense of debates over the relation's formal properties. One important upshot of the deflationary account is that questions of ontological dependence are generally less deep and less interesting than usually thought. (shrink)

The notion of an agent and the notion of a self are connected, for agency is one role played by the self. Millgram argues for a disunity thesis of agency on the basis of extreme incommensurability across some major life events. We propose a similar negative thesis about the self, that it is composed of relatively independent threads reflecting the different roles and different mind-sets of the person's life. Our understanding of those threads is based on theories of the narrative (...) construction of the self. Our disunity thesis is that there need be no overarching narrative that unifies those narrative threads. To explain how the threads hang together to produce coherent action, we make these positive claims: control normally switches smoothly and unconsciously between threads as circumstances require, within one thread there is likely to be acknowledgment of other threads, some situations require a temporary blending of threads, and some plans and policies reach across different threads and contribute to some coordination among them. Our account of a self provides an account of agency that has merits in comparison to Millgram's. Our narrative approach allows explanations of actions beyond rational deliberation. (shrink)

Elimination controversies are ubiquitous in philosophy and the human sciences. For example, it has been suggested that human races, hysteria, intelligence, mental disorder, propositional attitudes such as beliefs and desires, the self, and the super-ego should be eliminated from the list of respectable entities in the human sciences. I argue that eliminativist proposals are often presented in the framework of an oversimplified “phlogiston model” and suggest an alternative account that describes ontological elimination on a gradual scale between criticism of empirical (...) assumptions and conceptual choices. (shrink)

Cognitive categories in the geographic realm appear to manifest certain special features as contrasted with categories for objects at surveyable scales. We have argued that these features reflect specific ontological characteristics of geographic objects. This paper presents hypotheses as to the nature of the features mentioned, reviews previous empirical work on geographic categories, and presents the results of pilot experiments that used English-speaking subjects to test our hypotheses. Our experiments show geographic categories to be similar to their non-geographic counterparts in (...) the ways in which they generate instances of different relative frequencies at different levels. Other tests, however, provide preliminary evidence for the existence of important differences in subjects’ categorizations of geographic and non-geographic objects, and suggest further experimental work especially with regard to the role in cognitive categorization of different types of object-boundaries at different scales. (shrink)

We provide conditions under which an incomplete strongly independent preorder on a convex set X can be represented by a set of mixture preserving real-valued functions. We allow X to be infi nite dimensional. The main continuity condition we focus on is mixture continuity. This is sufficient for such a representation provided X has countable dimension or satisfi es a condition that we call Polarization.

This is a précis of my book "Know-how as Competence. A Rylean Responsibilist Account".

While the Enlightenment promoted thinking for oneself independent of religious authority, the ‘Endarkenment’ (Millgram 2015) concerns deference to a new authority: the specialist, a hyperspecializer. Non-specialists need to defer to such authorities as they are unable to understand their reasoning. Millgram describes how humans are capable of being serial hyperspecializers, able to move from one specialism to another. We support the basic thrust of Millgram’s position, and seek to articulate how the core idea is deployed in very different ways in (...) relation to extremely different philosophical areas. We attend to the issue of the degree of isolation of different specialists and we urge greater emphasis on parallel hyperspecialization, which describes how different specialisms can be embodied in one person at one time. (shrink)

Analogien lassen sich aus unserem vernünftigen Nachdenken und Argumentieren kaum wegdenken. Ganz zurecht stellen sie eines der klassischen Themen der Argumentationstheorie dar. Doch wie genau sollte die argumentative Rolle von Analogien in Argumentrekonstruktionen dargestellt werden? Das ist die Leitfrage dieses Beitrags. Zunächst wird mit Michael Dummetts Schach-Analogie ein prominentes Beispiel dargestellt und eine genauere Charakterisierung des Analogiebegriffs vorgeschlagen. Danach wird die gängigste Rekonstruktionsform von Analogien diskutiert, das Analogieargument, und in einigen Punkten verfeinert. Vor diesem Hintergrund schlägt der Beitrag eine zweite, (...) alternative Rekonstruktionsform vor, in der zwei analoge Argumente an die Stelle eines einzelnen Analogiearguments treten. Nachdem diese beiden Rekonstruktionsformen an einem weiteren berühmten Beispiel vorgeführt wurden, an Peter Singers Teich-Analogie, wird diskutiert, wie sich diese beiden Varianten gegenseitig ergänzen und welche Stärken und Schwächen sie haben. Es zeigt sich, dass Analogien nicht nur in Form von Analogieargumenten einen zentralen Topos eines Einzelarguments darstellen. Darüber hinaus kann die Untersuchung analoger Argumente bereits selbst als argumentationstheoretische Topik verstanden werden. (shrink)

A strongly independent preorder on a possibly in finite dimensional convex set that satisfi es two of the following conditions must satisfy the third: (i) the Archimedean continuity condition; (ii) mixture continuity; and (iii) comparability under the preorder is an equivalence relation. In addition, if the preorder is nontrivial (has nonempty asymmetric part) and satisfi es two of the following conditions, it must satisfy the third: (i') a modest strengthening of the Archimedean condition; (ii') mixture continuity; and (iii') completeness. Applications (...) to decision making under conditions of risk and uncertainty are provided. (shrink)

Sider’s Writing the Book of the World gives an account of fundamentality in terms of his central ideological notion ‘structure’. Here I first argue against Sider’s claim that to be fundamental to a degree is to be structural to a degree. I argue there’s a pair of properties, P1 and P2, such that P1 is the more fundamental, but Sider is committed to counting P2 as the more structural. I then argue that if relative structure and relative fundamentality can come (...) apart in this way, then Sider is likely also wrong to identify being absolutely structural with being absolutely fundamental. (shrink)

This paper responds to comments and criticisms by Stefan Brandt and Eva-Maria Jung, directed at the book "Know-how as Competence. A Rylean Responsibilist Account".

This paper concerns the question of how to specify what is to count as physical for the purposes of debates concerning either physicalism or the completeness of physics. I argue that what is needed from an account of the physical depends primarily on the particular issue at stake, and that the demand for a general a priori specification of the physical is misplaced. A number of attempts to say what should be counted as physical are defended from recent attacks by (...) Chris Daly, and a specific proposal due to David Papineau developed and extended. I argue that this approach is more than suitable for the debates for which it is intended. (shrink)

Husserl and Frege reject logical psychologism, the view that logical laws are psychological 'laws of thought'. This paper offers an account of these famous objections and argues that their crucial premise, the necessity of logical laws, is justified with reference to a problematic metaphysics. However, this premise can be established in a more plausible way, namely via a transcendental argument which starts from the practice of rational criticism. This argument is developed through a discussion of Quine's holism, which at first (...) appears to make the idea of the necessity of logical laws even less plausible, but eventually turns out to speak in favor of this view. (shrink)

Constitution is the relation that holds between an object and what it is made of: statues are constituted by the lumps of matter they coincide with; flags, one may think, are constituted by colored pieces of cloth; and perhaps human persons are constituted by biological organisms. Constitution is often thought to be a.

This book develops an integrated perspective on the practices and politics of making knowledge work in inclusive development and innovation. While debates about development and innovation commonly appeal to the authority of academic researchers, many current approaches emphasize the plurality of actors with relevant expertise for addressing livelihood challenges. Adopting an action-oriented and reflexive approach, this volume explores the variety of ways in which knowledge works, paying particular attention to dilemmas and controversies. The six parts of the book address the (...) complex interplay of knowledge and politics, starting with the need for knowledge integration in the first part and decolonial perspectives on the politics of knowledge integration in the second part. The following three parts focus on the practices of inclusive development and innovation through three major themes of transformative learning, evidence, and digitization. The final part of the book addresses the governance of knowledge and innovation in the light of political struggles about inclusivity. Exploring conceptual and practical themes through case studies from the Global North and South, this book will be of great interest to students, scholars and practitioners researching and working in development studies, epistemology, innovation studies, science and technology studies and sustainability studies more broadly. (shrink)

Dans l’œuvre de Platon, l’image du rêve semble d’abord servir à désigner l’état d’ignorance du commun des mortels qui « rêvent » leur vie. Cet usage métaphorique ne saurait correspondre parfaitement à la pensée platoni- cienne du phénomène onirique, particulièrement lorsqu’on l’envisage d’un point de vue éthique (qu’advient-il de la vertu de l’homme dans son sommeil ?), plutôt qu’épistémologique ou ontologique. Dans la République, le sommeil apparaît essentiellement comme l’endormissement d’une partie de l’âme – la rationnelle – au profit d’une (...) autre – la désirante. Platon laisse pourtant entendre que, sous certaines conditions, les visions qui s’y manifestent ne sont pas nécessairement mensongères et pourraient même, pour certaines, avoir une origine divine. Le rêve doit donc être compris non seulement comme un moment de séparation de l’âme et du corps, mais aussi de différenciation des facultés ou parties de l’âme elles-mêmes qui acquièrent là leur autonomie propre et déploient, sans se limiter l’une l’autre, leur plein pouvoir. In Plato’s works the image of a dream at first seems to serve the purpose of indicating the state of ignorance of ordinary humans who « dream » their way through life. This metaphorical usage does not reflect perfectly Plato’s thought on the phenomenon of dreams, especially when it is considered from an ethical point of view (what happens to human virtue during sleep?) rather than an epistemological or ontological one. In the Republic sleep appears to be essen- tially where a part of the soul goes asleep – namely the rational part – to the advantage of the desiring part. However, Plato implies that under certain condi- tions the visions that occur in sleep are not necessarily false and could even, in some cases, have a divine origin. Dreams must therefore be understood not merely as a moment of separation of soul and body, but also of differentiation of the faculties or parts of the soul themselves, which acquire their own autonomy in dreams and deploy their full power without limiting one another (transl. J. Dudley). (shrink)

As an evaluative view in the philosophy of life, nihilism maintains that no lives are, all things considered, worth living. Prominent defenders of the view hold that, even so, it can be all-things-considered better for us to continue living than for us to cease living, thus endorsing a 'soft' nihilism that appears more palatable than its 'hard' counterpart. In support of an intuitive assumption about what nihilism implies, I argue that soft nihilism is incoherent.

Agents' Abilities ist ein Geschenk von einem Buch, das man nicht genug loben kann. Und deswegen versuche ich es erst gar nicht. Stattdessen beschränke ich mich auf einige konstruktiv-kritische Bemerkungen, die in zwei miteinander verbundenen Bereichen Perspektiven der Weiterentwicklung und Verfeinerung aufzeigen sollen.

Which role do concepts play in a person's actions? Do concepts underwrite the very idea of agency in somebody's acting? Or is the appeal to concepts in action a problematic form of over-intellectualization which obstructs a proper picture of genuine agency? Within the large and complicated terrain of these questions, the debate about know-how has been of special interest in recent years. In this paper, I shall try to spell out what know-how can tell us about the role of concepts (...) in action. I will argue that the fact that people possess and exercise know-how is indeed suited to deliver a number of important insights as to where and how concepts play a role in action. But I shall argue that these insights are limited in that they fail to cover the whole realm of relevant phenomena. (shrink)

In this paper, I motivate skepticism about the causal efficacy of moral properties in two ways. First, I highlight a tension that arises between two claims that moral realists may want to accept. The first claim is that physically indistinguishable things do not differ in any causally efficacious respect. The second claim is that physically indistinguishable things that differ in certain historical respects have different moral properties. The tension arises to the extent to which these different moral properties are supposed (...) to have different effects on people. I will introduce a class of cases in which this tension arises and suggest that the moral properties in these cases have no causal power. I will also question whether there are differences between the moral properties in these cases and moral properties in other cases that do not involve physically indistinguishable things that could make the latter moral properties causally efficacious. The second way that I motivate skepticism consists in pointing out a unique feature of cases in which moral properties are supposed both to supervene on historical properties and to be causally efficacious. These cases allow us to change moral properties with alleged effects while we hold constant the nonmoral candidates for causal contribution to those effects. This feature of these cases is unique because in most other cases the moral properties supervene on the physical properties in the nonmoral candidates, such that we cannot change the former while holding constant the latter. This way of changing moral properties provides empirical grounds for testing their causal efficacy. (shrink)

The article is a plea for ethicists to regard probability as one of their most important concerns. It outlines a series of topics of central importance in ethical theory in which probability is implicated, often in a surprisingly deep way, and lists a number of open problems. Topics covered include: interpretations of probability in ethical contexts; the evaluative and normative significance of risk or uncertainty; uses and abuses of expected utility theory; veils of ignorance; Harsanyi’s aggregation theorem; population size problems; (...) equality; fairness; giving priority to the worse off; continuity; incommensurability; nonexpected utility theory; evaluative measurement; aggregation; causal and evidential decision theory; act consequentialism; rule consequentialism; and deontology. (shrink)

In Plato’s early dialogues, the impossibility of talking to the crowd appears as a constitutive element of the opposition between rhetoric and dialectic and raises the understudied question of the role of the audience in Socratic thought. However, Xenophon’s Socrates constantly identifies public and private speech. But this likening is also found in the Alcibiades Major, which gives a key to understand the true meaning of this assimilation: one can convince an audience, by talking to each individual in the crowd. (...) The need to address each one implies an adaptation of language that can be found in the texts of different disciples of Socrates. The rhetorical aspects of the Phaedrus’ psychagogia should then be understood, not as a new Platonic concept which allows the good orator to address the many, but rather as a new for- mulation of a well-known and shared Socratic ideal. (shrink)