S’agissant des actes de langage participant à la construction de la réalité sociale, les philosophes contemporains se sont restreints aux déclarations. Nous avançons qu’il existe une autre catégorie qui contribue à la fabrique et au maintien des faits sociaux : celle des incantatifs, actes de langage dont le but est l’expression et la génération d’émotions collectives, et qui contribuent ainsi à la création et au maintien des communautés.

Looking at every sense this article proves through deduction; that your mind needs a source to dream. Dreams are old experienced essences of platonic forms. You can only experience new forms essences when you are awake because of initial experiences. If dreams are old, experienced essences (what this article proves) therefore you know you are awake when you initially sense new experienced essences.

Kant’s emphasis on the immorality of lying even to a murderer at the door who is asking about a victim hidden inside has drawn criticism ever since. The example originally given by Constant has been read as the thread of morality by totalitarian ruthlessness. In order to defend the importance of Kant’s moral philosophy, many critics have tried to update his position by taking into account the threat of modern totalitarianism. Nonetheless, this article tries to argue that Kant is (...) right, especially since the rise of post-truth politics. Sincerity towards oneself and towards others remains the basis of democracy: we have to admit what seems to be the truth regardless of our feelings about it. (shrink)

Despite its superficial similarities with Rousseau's _Confessions_, Constant's _Adolphe_ functions in fact as a devastating critique from within of the entire autobiographical project. Proceeding from the threefold assumption that the soul is irremediably divided, self-opaque, and untranslatable into language, it interrogates the very feasibility of autobiography, implicitly presenting its protagonist's maxims (which only appear to be the fruits of experience altruistically shared) and his claim never to have loved (which only appears to be brutally honest, but is a curious (...) act of self-slander) as desperate attempts to produce the illusion of unity. Behind everything stands the spectre of the French Revolution, its excess of liberty engendering relentless, paralyzing doubt – a thoroughly modern species of self-division from which it is difficult, if not impossible, to recover. (shrink)

A partir do século XIX, a teoria democrática foi desenvolvida com base no confronto entre duas doutrinas políticas: o liberalismo e o socialismo. O liberalismo é um projeto que defende as limitações dos poderes governamentais, buscando a proteção dos direitos econômicos, políticos, religiosos e intelectuais dos membros da sociedade. Ou seja, para os liberais o poder do Estado deve ser limitado, pois eles acreditam que a verdadeira liberdade depende da menor interferência possível do Estado e das leis nesses direitos. A (...) defesa do liberalismo tem como principal representante Benjamin Constant. Membro da Assembleia Nacional Francesa, escreveu a obra A liberdade dos antigos comparada com a dos modernos, na qual afirma que a liberdade dos modernos, que deve ser promovida e desenvolvida, é a liberdade individual na relação com o Estado (ou seja, as liberdades civis e políticas), enquanto a liberdade dos antigos, que se tornou impraticável, é a liberdade de participação direta na formação das leis.1 Outros autores como, como o francês Alexis de Tocqueville2 e o inglês John Stuart Mill3 , defenderam a ideia de que a única estrutura democrática compatível com o Estado liberal seria a democracia representativa. Uma passagem interessante para o nosso debate sobre a democracia é o princípio do dano, de Stuart Mill. Por esse princípio, cada indivíduo tem o direito de agir como quiser desde que suas ações não prejudiquem outras pessoas. Se a ação afeta diretamente apenas a pessoa que a está realizando, a sociedade em tese não tem o direito de intervir, mesmo que o indivíduo esteja prejudicando a si próprio. Contudo, se os indivíduos fizerem algo ruim para si mesmos ou para sua propriedade podem indiretamente prejudicar a coletividade, já que ninguém vive isolado, devendo por isso ser impedidos de fazê-lo. Stuart Mill isenta desse princípio aqueles que são incapazes de se governar. Em síntese, todo o processo de democratização, como se deu nos Estados liberais democráticos, consiste numa transformação mais quantitativa do que qualitativa do regime representativo. Ou seja, o avanço da democracia nesses regimes ocorre em duas direções: no alargamento gradual do direito do voto e na multiplicação dos órgãos representativos. Para a doutrina socialista, o sufrágio universal é apenas o ponto inicial do processo de democratização do Estado, enquanto para o liberalismo é o ponto de chegada. Alguns dos principais teóricos do socialismo, como Antonio Gramsci4 e Rosa Luxemburgo5 , afirmam que o aprofundamento do processo de democratização na perspectiva das doutrinas socialistas ocorre de dois modos: por meio da crítica à democracia representativa (e da retomada de alguns temas da democracia direta) e pela ampliação da da participação popular e do controle do poder por meio dos chamados “conselhos operários”. Em outras palavras, a diferença crucial entre a democracia dos conselhos e a democracia parlamentar é que a primeira reconhece ter havido um deslocamento dos centros de poder dos órgãos tradicionais do Estado para a grande empresa, na sociedade capitalista. Por isso, o controle que o cidadão pode exercer por meio dos canais tradicionais da democracia política não é suficiente para impedir os abusos de poder. Logo, o controle deve acontecer nos próprios lugares de produção, e seu protagonista é o trabalhador real, não o cidadão abstrato da democracia formal. Mais recentemente, na metade do século XX, surgiu a corrente pluralista. Os pluralistas, em particular Robert Dahl6 , cientista político estadunidense, não procuravam estabelecer uma definição abstrata e teórica acerca da democracia, mas, por meio da observação das experiências de sistemas políticos, estipularam alguns requisitos mínimos: funcionários eleitos, eleições livres justas e frequentes, liberdade de expressão, fontes de informação diversificadas, autonomia para associações e cidadania inclusiva. Com base nesses critérios são caracterizadas quatro estruturas de governo: hegemonias fechadas, que são regimes em que não há disputa de poder e a participação política é limitada; hegemonias inclusivas, regimes em que não há disputa de poder, mas ocorre participação política; oligarquias competitivas, regimes nos quais há disputa de poder, mas com limitada participação política; e poliarquias, regimes em que não há disputa de poder e participação política ampliada. Joseph Schumpeter (1883-1950), economista austríaco, criticou as teorias clássicas de democracia, especialmente na relação estabelecida entre a democracia e a soberania popular7 . Para o autor, a definição clássica de democracia supõe duas ficções incapazes de resistir a uma análise realista: a existência do bem comum e a universalidade da racionalidade dos indivíduos. Para Schumpeter, a unidade da vontade geral, que constituiria o bem comum, e a racionalidade dos indivíduos seriam mitos, porque, para ele, esses elementos se tornaram irracionais por não conseguirem definir coerentemente suas preferências diante da influência da propaganda e de outros métodos de persuasão. Dessa forma, Schumpeter rompe com a ideia de democracia como soberania popular para propô-la como método, um tipo de arranjo institucional (de governos) para alcançar decisões políticas. Assim, sugere a superação do impedimento provocado pela irracionalidade das massas, reduzindo sua participação na política ao ato da produção de governos (ato de votar). As atribuições político-administrativas ficariam a cargo das elites eleitas. Essa é uma postura polêmica, na medida em que propõe uma redução da participação popular. Contrário a essa visão, o cientista político canadense C. B. Macpherson8 , sustenta que a liberdade e o desenvolvimento individual só podem ser alcançados plenamente com a participação direta e contínua dos cidadãos na regulação da sociedade e do Estado. Macpherson defende uma transformação estruturada em um sistema que combine partidos competitivos e organizações de democracia direta, que criam uma base real para a existência da democracia participativa. Mas, para que esse modelo pudesse se desenvolver, seria necessário que os partidos políticos se democratizassem, com princípios e procedimentos de democracia direta, complementada e controlada por organizações geridas por pessoas comuns, em seus locais de trabalho e nas comunidades locais. Na teoria das elites, o poder político pertence ao restrito círculo de pessoas que toma e impõem decisões a todos os membros que tenha de recorrer, como ação radical, à força. Ainda na doutrina liberal, mas opondo-se ao pluralismo, existem os elitistas, que utilizam o termo “elite” como referência a grupos sociais superiores de vários tipos. O termo seria empregado no pensamento social e político somente no final do século XIX. Essas teorias sociológicas, propostas pelos pensadores Vilfredo Pareto (1848-1923), sociólogo e economista francês; Gaetano Mosca (1858-1941), cientista político italiano, e Robert Michels (1876-1936), sociólogo alemão radicado na Itália, defendem que em toda sociedade existe apenas uma minoria, que, por diversos motivos, vem a se tornar detentora do poder. Pareto afirmava que existe uma “circulação das elites”, ou seja, uma minoria de pessoas que se alternam no poder. Mosca justifica o poder das elites governamentais pelo fato de serem uma minoria articulada e organizada, enquanto os governos seriam uma classe numerosa, mas dividida e desorganizada. Ao estudar as formações partidárias, Michels destacou como a própria estrutura das organizações favorecia o surgimento das elites e sua longa permanência no poder. Nas palavras de Michels, essa estabilidade das elites no poder é a “lei de ferro das oligarquias”. Ao longo dos últimos séculos foram construídas diversas interpretações e teorias acerca dos objetivos e conteúdos da democracia. Na prática, a democracia pode ser um modelo de governo que amplia as capacidades de desenvolvimento social, político e econômico, com base em princípios de igualdade e cidadania, ou se tornar uma simples “regra” para formar governos que não priorizem necessariamente o atendimento das demandas sociais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONSTANT, B. A liberdade dos antigos comparada à dos modernos. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2015. DAHL, R. Poliarquia: participação e oposição. São Paulo: Edusp, 1987. ________. Um prefácio à teoria democrática. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1989. LUXEMBURGO, R. Têxteis. Paris: Editions Socieles, 1982. MACPHERSON, C. B. A teoria política do individualismo possessivo, de Hobbes e Locke. Tradução de Nelson Dantas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. MICHELS, R. Sociologia dos partidos políticos. Brasília: Ed. da UnB, 1982. MILL, J. S. Sobre a liberdade. Petrópolis: Vozes, 1991. SCHUMPETER, J. A. Capitalismo, socialismo e democracia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1984. SILVA, A. et. al. Sociologia em movimento. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2016. TOCQUEVILLE, A. A democracia na América: leis e costumes. São Paulo: Martins Fontes, 1998. -/- . (shrink)

I develop a phenomenological account of racialized encounters with works of art and film, wherein the racialized viewer feels cast as perpetually past, coming “too late” to intervene in the meaning of her own representation. This points to the distinctive role that the colonial past plays in mediating and constructing our self-images. I draw on my experience of three exhibitions that take Muslims and/or Arabs as their subject matter and that ostensibly try to interrupt or subvert racialization while reproducing some (...) of its tropes. My examples are the Jean-Joseph Benjamin-Constant exhibition at the Montreal Museum of Fine Arts (2015), the exposition Welten der Muslime at the Ethnologisches Museum in Berlin (2011–2017), and a sculpture by Bob and Roberta Smith at the Leeds City Art Gallery, created in response to the imperial power painting, General Gordon’s Last Stand, that is housed there. My interest is in how artworks contribute to the experience of being racialized in ways that not only amplify the circulation of images but also constitute difficult temporal relations to images. Drawing on Frantz Fanon’s Black Skin, White Masks, I argue that such racialized images are temporally gluey, or stuck, so that we are weighted and bogged down by them. This essay received Honorable Mention from the American Society for Aesthetics Feminist Caucus Committee in the Feminist Research Essay prize in 2020. (shrink)

HISTÓRIA DA SOCIOLOGIA: O DESENVOLVIMENTO DA SOCIOLOGIA I -/- A SOCIOLOGIA BRASILEIRA -/- HISTORY OF SOCIOLOGY: THE DEVELOPMENT OF SOCIOLOGY I -/- THE BRAZILIAN SOCIOLOGY -/- Emanuel Isaque Cordeiro da Silva – IFPE-BJ, CAP-UFPE e UFRPE. E-mails: eisaque335@gmail.com e eics@discente.ifpe.edu.br WhatsApp: (82)9.8143-8399. -/- PREMISSA -/- Como na França de Émile Durkheim, os primeiros passos da Sociologia no Brasil, em termos institucionais, ocorreram a partir de iniciativas para a inclusão dessa disciplina no ensino secundário (hoje, ensino médio). A primeira tentativa ocorreu (...) em 1890, logo após a proclamação da República, com a reforma educacional de Benjamin Constant, que defendia o ensino laico em todos os níveis. O ensino secundário tinha por objetivo a formação intelectual dos jovens fora do contexto religioso, então predominante. Mas, sem nunca ter sido de fato incluída nos currículos escolares, a Sociologia foi expurgada pela Reforma Epitácio Pessoa, em 1901. Somente em 1925 a Sociologia retornou ao currículo do ensino secundário por meio da Reforma de Rocha Vaz, que tinha os mesmos objetivos da de Benjamin Constant. Em decorrência dessa reforma, o Colégio Pedro II, na cidade do Rio de Janeiro, implantou a Sociologia regularmente no seu currículo. Em 1928, a disciplina foi introduzida nas escolas de vários estados brasileiros, notadamente em São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco. -/- Desde 1925, podem-se destacar alguns intelectuais que contribuíram para o ensino de Sociologia no ensino secundário, lecionando e escrevendo manuais para esse nível: Fernando de Azevedo (1894-1974), Gilberto Freyre (1900-1987), Carneiro Leão (1887-1966) e Delgado de Carvalho (1884-1980), em São Paulo, Rio de Janeiro e Recife. Eles tinham por objetivo preparar intelectualmente os jovens das elites dirigentes, elevando o conhecimento daqueles que chegavam às escolas médias. Esses autores, em sua maioria, foram influenciados pela Sociologia desenvolvida na Europa e nos Estados Unidos. -/- Em 1931, a reforma de Francisco Campos, no governo de Getúlio Vargas, introduziu a Sociologia nos cursos preparatórios ao ensino superior nas faculdades de Direito, Ciências Médicas, Engenharia e Arquitetura, além de mantê-la nos cursos normais (de formação de professores). -/- No final do Estado Novo, em 1942, o governo de Getúlio Vargas, através de seu ministro da Educação, Gustavo Capanema, implantou a Reforma Capanema, que excluiu a Sociologia do ensino secundário brasileiro. Assim, a Sociologia fez parte do currículo do ensino secundário por 18 anos (1925-1942). Ela, contudo, permaneceu como matéria obrigatória do currículo das Escolas Normais, de nível secundário, destinadas à formação de professores do antigo ensino primário (o que corresponderia aos atuais 2º a 5º anos). -/- 1. A SOCIOLOGIA NO ENSINO SUPERIOR: INÍCIO DO SÉCULO XX -/- Nas primeiras décadas do século XX, a Sociologia no ensino superior estava presente de forma embrionária em vários estados brasileiros (Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo) e principalmente nos cursos de Direito. Desenvolveu-se de forma mais consistente, contudo, nos estados que passavam por um processo de industrialização e urbanização crescente desde o final da década de 1910. -/- Essas transformações da estrutura econômica e social repercutiram nas esferas culturais e educacionais, propiciando um crescente interesse pelos estudos científicos da realidade social da época. -/- Em decorrência disso, foram publicados importantes trabalhos que contribuíram para o desenvolvimento das ciências sociais no Brasil. Uma das preocupações dos pensadores daquele período era a busca do entendimento do Brasil por meio de seus componentes históricos, tendo por base as muitas vertentes europeias e estadunidenses das ciências humanas. -/- Esses pensadores defendiam a ideia de que havia uma ligação entre o passado colonial e a configuração social em que viviam. Para eles, esse condicionamento do passado deveria ser superado para que o país saísse do atraso. As preocupações desses pensadores giravam em torno do futuro do Brasil e das possibilidades de mudança social e das resistências a elas. Entre outros, podem ser citados: Francisco José de Oliveira Vianna (1883 -1951), Caio da Silva Prado Júnior (1907-1990), Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), Gilberto Freyre (1900-1987) e Fernando de Azevedo (1894-1974). -/- Pode-se afirmar que foi entre as décadas de 1920 e 1940 que a Sociologia fincou alicerces no Brasil. Nesse período, procuraram-se definir mais claramente as fronteiras entre a Sociologia e as áreas do conhecimento afins, como a Literatura, a História e a Geografia, e institucionalizou-se o curso de Sociologia e/ou Ciências Sociais em faculdades e universidades. Foram fundadas a Escola Livre de Sociologia e Política (ELSP) em São Paulo, em 1933, e as Universidades de São Paulo (USP) e do Distrito Federal (UDF), esta no Rio de Janeiro, respectivamente em 1934 e 1935, nas quais foram instituídos cursos de Ciências Sociais. -/- Vários professores estrangeiros vieram ao Brasil para trabalhar nessas universidades e contribuíram de modo significativo para o desenvolvimento da Sociologia no Brasil. Entre outros, podem ser citados: Donald Pierson (1900-1995), Alfred Radcliffe-Brown (1881-1955), Claude Lévi -Strauss (1908-2009), Georges Gurvitch (1894-1965), Roger Bastide (1898-1974), Charles Morazé (1913-2003) e Paul-Arbousse Bastide (1901-1985). -/- A revista Sociologia, da Escola Livre de Sociologia e Política, foi um exemplo da produção sociológica da época. Criada em 1939 e publicada até 1981, em São Paulo, constituiu um verdadeiro marco de estudo, pesquisa e divulgação das Ciências Sociais no Brasil. -/- 1.1 De 1940 a 1960: disseminação da Sociologia na universidade -/- A partir do final da Segunda Guerra Mundial até meados da década de 1960, disseminaram-se as Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras no Brasil, em universidades ou fora delas, e a Sociologia passou a fazer parte do currículo dos cursos de Ciências Sociais ou a apresentar-se como disciplina obrigatória em outros cursos. -/- Uma nova geração de cientistas sociais passou a ter presença marcante no Brasil. Entre eles, podem ser citados: Florestan Fernandes (1920-1995), Antonio Candido (1918-2017), Maria Isaura Pereira de Queiroz (1918-2018), Juarez Rubens Brandão Lopes (1925-2011), Alberto Guerreiro Ramos (1915-1982), Luiz Aguiar da Costa Pinto (1920-2002) e Hélio Jaguaribe (1923-2018), que influenciaram muitos cientistas sociais em todo o território nacional. -/- Os principais temas de pesquisas, análises e discussões nesse período foram: imigração e colonização, estudos de comunidades, educação, folclore, questão rural e urbana, teoria e método das Ciências Sociais, estratificação e mobilidade sociais e sociologia da arte e da literatura. Cabe um destaque para o tema das relações étnico-raciais envolvendo a questão do negro no Brasil, graças a um projeto de pesquisa financiado pela Unesco. -/- Nesse período, a Sociologia tornou-se disciplina hegemônica no quadro das Ciências Sociais no Brasil, e a primeira a formar uma “escola” ou uma “tradição” em São Paulo, tendo em Florestan Fernandes um dos seus mentores. -/- 1.2 De 1960 a 1980: consolidação da Sociologia no Brasil -/- Mesmo sob a ditadura civil-militar no Brasil, a partir de 1964, a Sociologia começou a se expandir, principalmente nos grandes centros urbanos, e a se relacionar com outros campos das ciências humanas. As discussões sobre o processo de industrialização crescente no país foram o centro das atenções. -/- Um dos temas de discussão era o desenvolvimento, incluindo as teorias da dependência e da modernização. Outros temas de debates e pesquisas da época foram o trabalho industrial e o sindicalismo, a formação da classe trabalhadora, a urbanização crescente e as transformações no campo, os problemas da marginalidade social, a presença do capital estrangeiro e a indústria nacional. A questão educacional também esteve presente, pois de alguma forma os problemas sociais estavam vinculados à precariedade do setor. Foram bastante debatidos, ainda, o autoritarismo, principalmente depois do golpe militar de 1964, e o planejamento, criando-se uma interface com a ciência política. Além disso, destacaram-se, nesse momento, os estudos sobre a América Latina. -/- Em razão desses debates, foram incluídas nas universidades disciplinas como: Sociologia do Desenvolvimento, Sociologia Urbana, Sociologia Rural, Sociologia Industrial e do Trabalho (incluindo a questão sindical), Sociologia do Planejamento, Sociologia da Educação e da Juventude e Sociologia da Arte e Literatura. -/- Muitos foram os estudiosos que, em diferentes áreas do pensamento sociológico, desenvolveram pesquisas nessas décadas. Alguns dos que formaram a segunda geração de sociólogos no Brasil são: Octavio Ianni (1926-2004), Marialice M. Foracchi (1929-1971), Fernando Henrique Cardoso (1931-), Leôncio Martins Rodrigues (1934-), Heleieth Saffioti (1934-2010), Maurício Tragtenberg (1929-1998), Francisco de Oliveira (1933-), Luiz Pereira (1933-1985), Luiz Eduardo W. Wanderley (1935-), José de Souza Martins (1938-), Gabriel Cohn (1938-), Roberto Schwarz (1938-), Elide Rugai Bastos, Luiz Werneck Vianna (1938-) e Simon Schwartzman (1939-). -/- 1.3 Diversificação da Sociologia no Brasil -/- A partir da década de 1980, ampliam-se os cursos de graduação e pós-graduação (mestrado e doutorado) em Ciências Sociais e, em particular, de Sociologia em todo o território nacional, elevando o nível, em número e em qualidade, das pesquisas e do ensino da área. Os estudos sociológicos passaram a ser mais específicos, ocorrendo uma fragmentação dos temas/objetos, como: violência, gênero e sexualidade, corpo e saúde, religião, cotidiano, comunicação e informação, indústria cultural, representações sociais, consumo, cidadania, direitos humanos, questão ambiental, globalização, ciência e tecnologia, urbanização, juventude, família, trabalho, classes e mobilidade social, questões étnico-raciais, Estado e sociedade civil. -/- Novas gerações de sociólogos se formam nas universidades em quase todos os estados da federação, e há centros de ensino e pesquisa na maioria das universidades, disseminando-se assim a formação de sociólogos, sob diversas influências teóricas. A formação em Sociologia, que havia se estabelecido a partir de São Paulo e Rio de Janeiro, na década de 1930, expandiu-se para todo o território nacional em pouco mais de 50 anos. -/- 1.4 O retorno da Sociologia ao ensino médio -/- Oficialmente extinta do currículo do ensino médio em 1942, a Sociologia voltou a marcar presença em um ou outro estado da federação, de modo intermitente, a partir da década de 1980, com os primeiros ensaios de democratização da sociedade brasileira, conforme diz o sociólogo brasileiro Amaury C. Moraes, na esteira de mudanças na legislação educacional realizadas pelo governo ditatorial pós-1964. A Lei n° 7.044/82 flexibilizou o ensino médio (então 2º grau) e profissionalizante, abrindo espaço para a presença da Sociologia, não em caráter obrigatório, mas por escolha das escolas. Nesse sentido, ela começou a ter uma presença crescente nos currículos escolares. -/- Aqui cabe citar as Orientações Curriculares para o ensino médio, (p. 104-105). -/- Há uma interpretação corrente que (...) deve ser bem avaliada criticamente; ela afirma que a presença ou a ausência da Sociologia no currículo está vinculada a contextos democráticos ou autoritários, respectivamente. No entanto, se se observar bem, pelo menos em dois períodos isso não se confirma, ou se teria de rever o caráter do ensino de Sociologia para entender sua presença ou ausência. Entre 1931 e 1942, especialmente após 1937, a Sociologia está presente e é obrigatória no currículo em um período que abrange um governo que começa com esperanças democratizantes e logo se tinge de autoritarismo, assumindo sua vocação ditatorial mais adiante. Em outro momento, em plena democracia, o sentido do veto do Presidente da República (2001) à inclusão da Sociologia como disciplina obrigatória traz uma certa dificuldade para essa hipótese. O que se entende é que nem sempre a Sociologia teve um caráter crítico e transformador, funcionando muitas vezes como um discurso conservador, integrador e até cívico – como aparece nos primeiros manuais da disciplina. Não se pode esquecer que a Sociologia chegou ao Brasil de mãos dadas com o positivismo. No caso recente, deve-se entender que a ausência da disciplina se prende mais a tensões ou escaramuças pedagógico-administrativas que propriamente a algum conteúdo ideológico mais explícito (BRASIL/MEC, 2006). -/- Paralelamente, algumas associações de sociólogos, em diferentes estados brasileiros – mas principalmente em São Paulo –, iniciaram um movimento pela volta da Sociologia ao ensino médio, almejando a ampliação de espaço de trabalho para os formandos dos cursos de Ciências Sociais. Apesar de não haver a obrigatoriedade da disciplina, os cursos de Ciências Sociais continuavam a formar professores de Sociologia. Em alguns estados brasileiros, ao longo dos anos, foram abertos concursos para professores de Sociologia. -/- Com a Constituição de 1988 e a consequente formulação das constituições estaduais, sociólogos em todo o país passaram a reivindicar a presença da Sociologia no ensino médio. Assim, leis estaduais de alguns estados e as constituições estaduais do Rio de Janeiro e de Minas Gerais tornaram a Sociologia obrigatória no ensino médio. -/- A partir do ano 2000, organizações representativas de sociólogos (sindicatos e associações de sociólogos e de cientistas sociais) de várias tendências, assim como pequenos grupos nas universidades do país, começaram a desenvolver um movimento em defesa da obrigatoriedade do ensino da Sociologia no nível médio, considerando que os conteúdos dessa disciplina contribuíam para melhor formação do jovem estudante. -/- O movimento estendeu-se ao início do século XXI, conquistando o apoio de instituições de ensino, associações científicas, intelectuais, sindicatos e associações de categorias profissionais. Finalmente, pela Lei n° 11.684, de 2 de junho de 2008, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Sociologia retornou oficial e obrigatoriamente ao currículo do ensino médio brasileiro. -/- A título de conclusão, e ainda refletindo sobre a Sociologia e sua contribuição para a formação dos estudantes, é importante destacar o que as Orientações Curriculares para o ensino médio afirmam com muita clareza: -/- A presença da Sociologia no currículo do ensino médio tem provocado muita discussão. Além dessa justificativa que se tornou slogan ou clichê – “formar o cidadão crítico” –, entende-se que haja outras mais objetivas decorrentes da concretude com que a Sociologia pode contribuir para a formação do jovem brasileiro, quer aproximando esse jovem de uma linguagem especial que a Sociologia oferece, quer sistematizando os debates em torno de temas de importância dados pela tradição ou pela contemporaneidade. A Sociologia, como espaço de realização das Ciências Sociais na escola média, pode oferecer ao aluno, além de informações próprias do campo dessas ciências, resultados das pesquisas as mais diversas, que acabam modificando as concepções de mundo, a economia, a sociedade e o outro, isto é, o diferente – de outra cultura, “tribo”, país etc. Traz também modos de pensar (...) ou a reconstrução e desconstrução de modos de pensar. É possível, observando as teorias sociológicas, compreender os elementos da argumentação – lógicos e empíricos – que justificam um modo de ser de uma sociedade, classe, grupo social e mesmo com unidade. Isso em termos sincrônicos ou diacrônicos, de hoje ou de ontem. -/- Um papel central que o pensamento sociológico realiza é a desnaturalização das concepções ou explicações dos fenômenos sociais. Há uma tendência sempre recorrente a se explicarem as relações sociais, as instituições, os modos de vida, as ações humanas, coletivas ou individuais, a estrutura social, a organização política etc. com argumentos naturalizadores. Primeiro, perde -se de vista a historicidade desses fenômenos, isto é, que nem sempre foram assim; segundo, que certas mudanças ou continuidades históricas decorrem de decisões, e essas, de interesses, ou seja, de razões objetivas e humanas, não sendo fruto de tendências naturais (BRASIL/MEC, 2006). -/- REFERENCIAL TEÓRICO -/- BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Orientações curriculares para o ensino médio: ciências humanas e suas tecnologias. Brasília: Ministério da Educação/Secretaria de Educação Básica, 2006. -/- FILHO, E. D. L. A sociologia no Brasil: história, teorias e desafios. Sociologias , Porto Alegre, n. 14, p. 376-437, dezembro de 2005. -/- MARTINS, C. B.; MICELI, S. (Org.). Sociologia brasileira hoje. São Paulo: ateliê editorial, 2017. -/- SILVA, A. Sociologia em movimento. 2ª ed. São Paulo: Moderna, 2016. -/- -/- SBS - Sociedade Brasileira de Sociologia PUCRS - PPG em Ciências Sociais Avenida Ipiranga, 6681 - Partenon CEP: 90619-900 - Porto Alegre, RS secretaria@sbsociologia.com.br -/- Estimule a criatividade, respeite o direito autoral. -/- ©2019 - Emanuel Isaque Cordeiro da Silva. (shrink)

La thématique de ce recueil collectif consacré à l' esprit démocratique est mise à l' enseigne du célèbre discours de Benjamin Constant comparant, au nom de l'idéal démocratique, la liberté politique des Anciens et celle qui se décline chez les Modernes. Comme le résume Jean-Marc Narbonne dans l'une de ses conférences : « Dans une démocratie directe [...] la nécessité du sacrifice des intérêts privés au profit du service à la collectivité peut faire craindre la disparition ou l' (...) effacement des aspirations personnelles ; dans une démocratie indirecte, plus encline à promouvoir la poursuite individuelle du bonheur et les bénéfices parti-culiers, c' est en revanche l'intérêt pour la chose publique en général qui risque de faire défaut [...] et qu'il s' agit de préserver. » Pour éviter ce double danger, à savoir l' embrigadement de l'individu d'un côté, la dislocation du lien social de l' autre, il faut combiner et maintenir fermement ensemble, comme le réclamait Constant lui-même, ces deux formes de liberté. Les contributions composant ce premier recueil des Cahiers Verbatim questionnent les liens objectifs entre la démocratie antique et nos démocraties modernes et l'influence, oui ou non déterminante, de celle-là sur ces dernières. LIBERTÉ DES ANCIENS, LIBERTÉ DES MODERNES. (shrink)

In this chapter I argue that there are three different senses of 'lie' in Kant's moral philosophy: the lie in the ethical sense (the broadest sense, which includes lies to oneself), the lie in the 'juristic' sense (the narrowest sense, which only includes lies that specifically harm particular others), and the lie in the sense of right (or justice), which is narrower than the ethical sense, but broader than the juristic sense, since it includes all lies told to others, including (...) those who are bent on harming innocent others. (shrink)

This article explores the philosophical underpinnings that guided the Framers of the US Constitution in establishing a government, following its War of Independence (1775-1783), as the first large republic in history. The Founding Fathers first began convening formally during the First Continental Congress in 1774, though the path to independence escalated with the Second Continental Congress in 1775. Central to their concerns was the protection of individual rights, a concept deeply rooted in Western political thought. These rights, including freedom of (...) speech, belief, and private property, were essential to safeguard against government overreach. The tyrannical rule of King George III constantly violated His Majesty’s American subjects’ fundamental rights, due to the high rising costs of the war with France. Although, it was the British government (the Parliament) which was in charge of running the Empire. Through the eyes of American subjects, it was the King who was responsible for many grievances such as “taxation without representation.” The Declaration of Independence (July 4, 1776), and the US Constitution (September 17, 1787) declare, enlist and protect those rights. The measures for protecting those rights for the people, and protecting the integrity of the government were among the two essential concerns for the Founding Fathers after gaining the independence. There is a delicate balance between these two concerns which has been engraved within the Constitution. American republic represents that balance to keep. The concern for saving the republic from foreign and domestic enemies remain as strong as before. After the Philadelphia Convention in 1787, when Benjamin Franklin was leaving Independence Hall, he was reportedly asked by a woman, “Well, Doctor, what have we got—a republic or a monarchy?” Franklin famously responded: “A republic, if you can keep it.” (McHenry, 85.). (shrink)

Revolutionary violence stems from the conatus of survival, from the appetite for life and joy rather than from the desire to destroy and the hubristic pretension to punish. It is an incursion of one's desire to affirm life and annihilate pain. Following Laruelle's methodology of nonstandard philosophy, I conclude that revolutionary violence is the product of an intensive expansion of life. Pure violence, conceived in non-philosophical terms, is a pre-lingual, presubjective force affected by the “lived,; analogous to Badiou's void and (...) it is radically revolutionary. It is fundamentally different from Benjamin's lawmaking “divine violence; and its appropriations by Žižek. Revolutionary experience is inevitably translated into language. What preserves the revolutionary substance in a post-revolution political discourse is that it is constantly checked by the sense of fidelity to the experience of the revolutionary event. Agamben, Benjamin, Schmidt and Žižek are discussed from an essentially non-philosophical stance, informed by Laruelle's theory that has been supplemented in some aspects by Badiou's concept of the pre-lingual event. (shrink)

PREMISSA No século XIX, ocorreram transformações impulsionadas pela emergência de novas fontes energéticas (água e petróleo), por novos ramos industriais e pela alteração profunda nos processos produtivos, com a introdução de novas máquinas e equipamentos. Depois de 300 anos de exploração por parte das nações europeias, iniciou -se, principalmente nas colônias latino-americanas, um processo intenso de lutas pela independência. É no século XIX, já com a consolidação do sistema capitalista na Europa, que se encontra a herança intelectual mais próxima da (...) qual surgirá a Sociologia como ciência particular. No início desse século, as ideias do Conde de Saint-Simon (1760-1825), de Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831), de David Ricardo (1772-1823) e de Charles Darwin (1809-1882), entre outros, foram o elo para que Alexis de Tocqueville (1805-1859), Auguste Comte (1798-1857), Karl Marx (1818 -1883) e Herbert Spencer (1820-1903), entre outros, desenvolvessem reflexões sobre a sociedade de seu tempo. Auguste Comte e Karl Marx foram os pensadores que lançaram as bases do pensamento sociológico e de duas grandes tradições – a positivista e a socialista – que muito influenciaram o desenvolvimento da Sociologia no Brasil. 1 AUGUSTE COMTE E A TRADIÇÃO POSITIVISTA Isidore Auguste Marie François Xavier Comte nasceu em Montpellier, na França, em 19 de janeiro de 1798. Com 16 anos de idade, ingressou na Escola Politécnica de Paris, fato que teria significativa influência na orientação posterior de seu pensamento. De 1817 a 1824, foi secretário do Conde de Saint-Simon. Comte declarou que, com Saint -Simon, aprendeu muitas coisas que jamais encontraria nos livros e que, no pouco tempo em que conviveu com o conde, fez mais progressos do que faria em muitos anos, se estivesse sozinho. Toda a obra de Comte está permeada pelos acontecimentos que ocorreram após a Revolução Francesa de 1789. Ele defendeu parte dos princípios revolucionários e criticou a restauração da monarquia, preocupando-se fundamentalmente em reorganizar a sociedade, que, no seu entender, estava em ebulição e mergulhada no caos. Para Comte, a desordem e a anarquia imperavam em virtude da confusão de princípios (metafísicos e teológicos), que não se adequavam à sociedade industrial em expansão. Era, portanto, necessário superar esse estado de coisas, usando a razão como fundamento da nova sociedade. Propôs, então, a mudança da sociedade por meio da reforma intelectual plena das pessoas. De acordo com o pensador, com a modificação do pensamento humano, por meio do método científico, que ele chamava de “filosofia positiva”, haveria uma reforma das instituições. Com a proposta do estudo da sociedade por meio da análise de seus processos e estruturas, e da reforma prática das instituições, Comte criou uma nova ciência, à qual deu o nome de “física social”, passando a chamá-la posteriormente de Sociologia. A Sociologia representava, para Comte, o coroamento da evolução do conhecimento, mediante o emprego de métodos utilizados por outras ciências, que buscavam conhecer os fenômenos constantes e repetitivos da natureza: a observação, a experimentação, a comparação e a classificação. De acordo com esse pensador, a Sociologia, como as ciências naturais, deve sempre procurar a reconciliação entre os aspectos estáticos e os dinâmicos do mundo natural ou, no caso da sociedade humana, entre a ordem e o progresso. O lema da “filosofia positiva” proposta por Comte era “conhecer para prever, prever para prover”, ou seja, o conhecimento é necessário para fazer previsões e também para solucionar possíveis problemas. A influência de Comte no desenvolvimento da Sociologia foi marcante, sobretudo, na escola francesa, evidenciando-se em Émile Durkheim e seus contemporâneos e seguidores. Seu pensamento esteve presente em muitas das tentativas de criar tipologias para explicar a sociedade. Suas principais obras são: Curso de filosofia positiva (1830-1842), Discurso sobre o espírito positivo (1848), Catecismo positivista (1852) e Sistema de política positiva (1854). Para concluirmos, Comte explanava que para a superação da anarquia reinante na nova sociedade industrial, a filosofia positivista defendia a subordinação do progresso à ordem. O mesmo era contra o retorno de Luís XVIII ao trono: em sua concepção, a sociedade industrial que emergia requeria um governo fundado na razão. 2 A TRADIÇÃO SOCIALISTA: KARL MARX E FRIEDRICH ENGELS Karl Heinrich Marx nasceu em Tréveris, na antiga Prússia, hoje Alemanha, em 1818 e, em 1830, ingressou no Liceu Friedrich Wilhelm, nessa mesma cidade. Anos depois, foi cursar Direito na Universidade de Bonn, transferindo-se para Berlim em seguida. Pouco a pouco, entretanto, seus interesses migraram para a Filosofia, área na qual defendeu, em 1841, a tese de doutorado A diferença da filosofia da natureza em Demócrito e Epicuro. Sua vida universitária foi marcada pelo debate político e intelectual influenciado pelo pensamento de Ludwig Feuerbach (1804-1872) e, principalmente, pelo de Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770- 1831). Friedrich Engels (1820-1895) nasceu em Barmen (Renânia), na antiga Prússia, hoje Alemanha, filho mais velho de um rico industrial do ramo têxtil. Terminou sua formação secundária em 1837 e a partir de então sua formação intelectual foi por conta própria (autodidata), com alguns cursos universitários esparsos e de curta duração. Desde cedo começou a trabalhar nas empresas de seu pai e foi nessa condição que se deslocou para Bremen por três anos e depois foi enviado pelos pais a Manchester, na Inglaterra, onde trabalhou nas fábricas da família. Engels ficou impressionado com a miséria na qual viviam os trabalhadores das fábricas inglesas. Os dois, Marx e Engels, se encontraram em 1842, quando Marx passou a escrever para A Gazeta Renana, jornal da província de Colônia, do qual Engels era colaborador e mais tarde editor-chefe. O jornal, que criticava o poder prussiano, foi fechado em 1843, e Marx se viu desempregado. Ao perder o emprego, mudou-se para Paris, na França. Ali escreveu, em 1844, os Manuscritos econômico-filosóficos (só publicados em 1932) e, junto com F. Engels, o livro A sagrada família. Por sua vez, F. Engels, em 1844, decidiu voltar para a Alemanha, onde publicou, em 1845, A situação da classe trabalhadora na Inglaterra. Entre 1845 e 1847, Marx exilou-se em Bruxelas, na Bélgica, onde escreveu A ideologia alemã (em parceria com Friedrich Engels) e Miséria da filosofia (1847), obra na qual criticou o filósofo Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865). Em 1848, ainda na Bélgica, a parceria com Engels se solidificou ao escreverem juntos o livreto O Manifesto Comunista. Em 1848, Marx foi expulso da Bélgica e retornou a Colônia, na Alemanha (Prússia), sempre pensando na possibilidade de uma mudança estrutural em sua terra natal. Isso, entretanto, não aconteceu e Marx foi expulso da Alemanha em 1849, ano em que migrou para Londres, na Inglaterra, onde permaneceu até o fim da vida. Lá escreveu O 18 Brumário de Luís Bonaparte (1852), sua mais importante obra de reflexão sobre a vida política europeia do século XIX, desenvolveu pesquisas e concluiu seu maior trabalho: O capital: crítica da economia política. O primeiro volume dessa obra foi publicado em 1867; os outros três, em 1885, 1894 e 1905, após a morte de Marx, revisados por F. Engels. 2.1 O contexto histórico e a obra de Marx e Engels Para situar a obra de Marx e Engels, é necessário conhecer um pouco do que acontecia em meados do século XIX. Com as transformações que ocorriam no mundo ocidental, principalmente na esfera da produção industrial, houve um crescimento expressivo no número de trabalhadores industriais urbanos, com uma consequência evidente: precariedade da vida dos operários nas cidades. As condições de trabalho no interior das fábricas eram péssimas. Os empregados eram superexplorados, alimentavam-se mal e trabalhavam em ambientes insalubres. Para enfrentar essa situação e tentar modificá-la, os trabalhadores passaram a se organizar em associações e sindicatos e a promover movimentos de reivindicação. Desenvolveu-se, então, uma discussão das condições sociais, políticas e econômicas para se definirem as possibilidades de intervenção nessa realidade. Desde o início do século XIX, muitos pensadores discutiram essas questões, nas perspectivas socialista e anarquista. Na Inglaterra podem ser citados, entre outros: William Godwin (1756-1836), Thomas Spence (1750-1814), Thomas Paine (1737-1809), Robert Owen (1771-1858) e Thomas Hodgkin (1787-1866). Na França, destacaram-se Étienne Cabet (1788- 1856), Flora Tristan (1803-1844), Charles Fourier (1772-1837) e Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865). Marx e Engels levaram em conta esses pensadores, debatendo com alguns contemporâneos e criticando-os. Além disso, incorporaram a tradição da economia clássica inglesa, presente principalmente nas obras de Adam Smith e de David Ricardo. Pode-se dizer, portanto, que Marx e Engels desenvolveram seu trabalho com base na análise crítica da economia política inglesa, do socialismo utópico francês e da filosofia alemã. Esses dois autores não buscavam definir uma ciência específica para estudar a sociedade (como a Sociologia, para Auguste Comte) ou situar seu trabalho em um campo científico particular. Em alguns escritos, Marx afirmou que a História seria a ciência que mais se aproximava de suas preocupações, por abarcar as múltiplas dimensões da sociedade, a qual deveria ser analisada na totalidade, não havendo uma separação rígida entre os aspectos sociais, econômicos, políticos, ideológicos, religiosos, culturais etc. O objetivo de Marx e Engels era estudar criticamente a sociedade capitalista com base em seus princípios constitutivos e em seu desenvolvimento, visando dotar a classe trabalhadora de uma análise política da sociedade de seu tempo. Assim, a tradição socialista nascida da luta dos trabalhadores, muitos anos antes e em situações diferentes, tem como expressão intelectual o pensamento de Karl Marx e Friedrich Engels. Para entender as concepções fundamentais de Marx e Engels é necessário fazer a conexão entre as lutas da classe trabalhadora, suas aspirações e as ideias revolucionárias que estavam presentes no século XIX na Europa. Para eles, o conhecimento científico da realidade só tem sentido quando visa à transformação dessa mesma realidade. A separação entre teoria e prática não é discutida, pois a “verdade histórica” não é algo abstrato e que se define teoricamente; sua verificação está na prática. Apesar de haver algumas diferenças em seus escritos, os elementos essenciais do pensamento de Marx e Engels podem ser assim sintetizados: • historicidade das ações humanas – crítica ao idealismo alemão; • divisão social do trabalho e o surgimento das classes sociais – a luta de classes; • o fetichismo da mercadoria e o processo de alienação; • crítica à economia política e ao capitalismo; • transformação social e revolução; • utopia – sociedade comunista. A obra desses dois autores é muito vasta e não ficou vinculada estritamente aos movimentos sociais dos trabalhadores. Pouco a pouco foi introduzida nas universidades como parte do estudo em diferentes áreas do conhecimento. Estudiosos de Filosofia, Sociologia, Ciência Política, Economia, História e Geografia, entre outras áreas, foram influenciados por ela. Na Sociologia, como afirma Irving M. Zeitlin, no livro Ideología y teoría sociológica, tanto Max Weber quanto Émile Durkheim fizeram, em suas obras, um debate com as ideias de Karl Marx. Pelas análises da sociedade capitalista de seu tempo e a repercussão que tiveram em todo o mundo, principalmente no século XX, nos movimentos sociais e nas universidades, Marx e Engels são considerados autores clássicos da Sociologia. No campo dessa disciplina, porém, o pensamento deles ficou um pouco restrito, pois perdeu aquela relação entre teoria e prática (práxis), ou seja, entre a análise crítica e a prática revolucionária. Essa relação esteve presente, por exemplo, na vida e na obra dos russos Vladimir Ilitch Ulianov, conhecido como Lênin (1870-1924), e Leon D. Bronstein, conhecido como Trotsky (1879-1940), da alemã Rosa Luxemburgo (1871-1919) e do italiano Antonio Gramsci (1891- 1937), que tiveram significativa influência no movimento operário do século XX. Com base no trabalho de Marx e Engels, muitos autores desenvolveram estudos acadêmicos em vários campos do conhecimento. Podemos citar, por exemplo, Georg Lukács (1885-1971), Theodor Adorno (1903-1969), Walter Benjamin (1892-1940), Henri Lefebvre (1901-1991), Lucien Goldmanm (1913 -1970), Louis Althusser (1918 -1990), Nikos Poulantzas (1936-1979), Edward P. Thompson (1924-1993) e Eric Hobsbawm (1917 -2012). O pensamento de Marx e Engels continua, assim, presente em todo o mundo, com múltiplas tendências e variações, sempre gerando controvérsias. REFERENCIAL TEÓRICO GEMKOW, H.; PSUA, I. M. L. Marx e Engels: Vida e Obra. São Paulo: Alfa e Ômega, 1984. 232 pp. GIANOTTI, J. A. Comte. São Paulo: Abril Cultural, 1978. 318 pp. (Col. Os Pensadores) KONDER, L. Marx: vida e obra. 7ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2007. 154 pp. (Col. Vida e Obra). (shrink)

A broad set of public policy debates concern the limits of humanity’s control over nature. Attitudes towards such topics are not well explained by the standard 2-dimensional political model favored by political scientists of i) a left/right economic spectrum and ii) a liberal/authoritarian social spectrum. I pose a new, orthogonal, political spectrum to fill the void. It is a spectrum of value held for, on the one hand, nature, and on the other, technological progress. This harks back to the 18th (...) Century Enlightenment and Romanticism, but manifests again and again, including in recent debates about human enhancement biotechnology. (shrink)

Collected essays consider points of affinity and friction between Walter Benjamin and Martin Heidegger. Despite being contemporaries, Walter Benjamin and Martin Heidegger never directly engaged with one another. Yet, Hannah Arendt, who knew both men, pointed out common ground between the two. Both were concerned with the destruction of metaphysics, the development of a new way of reading and understanding literature and art, and the formulation of radical theories about time and history. On the other hand, their life (...) trajectories and political commitments were radically different. In a 1930 letter, Benjamin told a friend that he had been reading Heidegger and that if the two were to engage with one another, “sparks will fly.” Acknowledging both their affinities and points of conflict, this volume stages that confrontation, focusing in particular on temporality, Romanticism, and politics in their work. (shrink)

Our primary evidence for the contribution of Cleanthes, the second Stoic scholarch, to the school’s distinctive theory of cyclical ekpyrosis (conflagration) is limited to a single difficult passage found in Stobaeus attributed to Arius Didymus. Interpretations of this text have largely proceeded by emendation (von Arnim, Meerwaldt) or claims of misconstrual or misunderstanding (Hahm). In recent studies, Salles and Hensley have taken the passage at face value and reconstructed opposed interpretations of Cleanthes’ position. The former suggests that it differs significantly (...) from that of Zeno and Chrysippus. Both the sequence of elemental transformation and its scope are said to be challenged by Cleanthes, suggesting cosmogony was a deeply controversial area in the early Stoa. I resist this interpretation of the evidence while also attempting to read the text without textual correction. Hensley, on the other hand, finds all three to be in strict harmony. Here I advocate for a middle ground where Cleanthes is closer to the positions of both Zeno and Chrysippus, but I also find room for his development of Stoic cosmogony as composed of a series of discrete stages radiating outwards from the middle. We are left with a clearer, more nuanced picture of how Stoic natural philosophy develops in its early period. (shrink)

In this article, we address a major outstanding question of probabilistic Bayesian epistemology: how should a rational Bayesian agent update their beliefs upon learning an indicative conditional? A number of authors have recently contended that this question is fundamentally underdetermined by Bayesian norms, and hence that there is no single update procedure that rational agents are obliged to follow upon learning an indicative conditional. Here we resist this trend and argue that a core set of widely accepted Bayesian norms is (...) sufficient to identify a normatively privileged updating procedure for this kind of learning. Along the way, we justify a privileged formalization of the notion of ‘epistemic conservativity’, offer a new analysis of the Judy Benjamin problem, and emphasize the distinction between interpreting the content of new evidence and updating one’s beliefs on the basis of that content. (shrink)

This paper defends a quasi-doxastic model of propositional faith whereby faith that p entails a disposition to believe that p. I argue for this model set against its main competitors: doxasticism and non-doxasticism. I survey several key arguments in the debate and argue that the quasi-doxastic approach can better affirm and explain a range of considerations provided by such arguments. Then I turn to a set of theoretical explananda that, again, I argue quasi-doxastic faith is uniquely placed to explain. I (...) end with an indirect consideration: that a quasi-doxastic approach to faith reorients or redirects religious epistemology away from proposition-centric rationality to agent-centric accounts of rationality. (shrink)

Parenting our biological children is a centrally important matter, but how, if it all, can it be justified? According to a contemporary influential line of thinking, the acquisition by parents of a moral right to parent their biological children should be grounded by appeal to the value of the intimate emotional relationship that gestation facilitates between a newborn and a gestational procreator. I evaluate two arguments in defence of this proposal and argue that both are unconvincing.

This article is concerned with a puzzle that arises from three initially plausible assumptions that form an inconsistent triad: (i) Epistemic reasons are normative reasons (normativism); (ii) reasons are normative only if conformity with them is good (the reasons/value‐link); (iii) conformity with epistemic reasons need not be good (the nihilist assumption). I start by defending the reasons/value‐link, arguing that normativists need to reject the nihilist assumption. I then argue that the most familiar view that denies the nihilist assumption—epistemic teleology—is untenable. (...) Finally, I consider two alternative ways of accounting for the goodness of conformity with epistemic reasons: it may be good because it accords with the virtue of reasons‐responsiveness, and it may be good because it is good to conform with normative reasons as such. I argue that both of these conceptions avoid the problems of epistemic teleology and merit serious consideration as potential solutions to the puzzle. (shrink)

This dissertation may be divided into two parts. The first is about the Extended Gricean Model of information transmission. This model, introduced here, is meant to better explain how humans communicate and understand each other. It has been developed to apply to cases that were left unexplained by the two main models of communication found in contemporary philosophy and linguistics, i.e. the Gricean (pragmatic) model and the code (semantic) model. I discuss cases involving emotional reactions, ways of clothing, speaking, or (...) behaving that are not intended for communication but whose effects on the audience are controllable to some extent. I show why prevailing code and Gricean models cannot explain them and how my Extended Gricean Model does. The second part of the dissertation is about what emotional signs mean, in various senses of the term ‘mean'. I review existing theories of meaning and see how they apply to emotional signs, i.e. signs which give us information about the affective state of the sign producer. (shrink)

In spite of its significance for everyday and philosophical discourse, the explanatory connective has not received much treatment in the philosophy of logic. The present paper develops a logic for based on systematic connections between and the truth-functional connectives.

According to a widely held view, epistemic reasons are normative reasons for belief – much like prudential or moral reasons are normative reasons for action. In recent years, however, an increasing number of authors have questioned the assumption that epistemic reasons are normative. In this article, I discuss an important challenge for anti-normativism about epistemic reasons and present a number of arguments in support of normativism. The challenge for anti-normativism is to say what kind of reasons epistemic reasons are if (...) they are not normative reasons. I discuss various answers to this challenge and find them all wanting. The arguments for normativism each stress a certain analogy between epistemic reasons and normative reasons for action. Just like normative reasons for action, epistemic reasons provide partial justification; they provide premises for correct reasoning; they constitute good bases for the responses they are reasons for; and they are reasons for which agents can show these responses without committing a mistake. In each case, I argue that the relevant condition is plausibly sufficient for the normativity of a reason, and that normativism is in any case in a much better position to explain the analogy than anti-normativism. (shrink)

If you ought to perform a certain act, and some other action is a necessary means for you to perform that act, then you ought to perform that other action as well – or so it seems plausible to say. This transmission principle is of both practical and theoretical significance. The aim of this paper is to defend this principle against a number of recent objections, which (as I show) are all based on core assumptions of the view called actualism. (...) I reject actualism, provide an alternative explanation of its plausible features, and present an independent argument for the transmission principle. (shrink)

Partiality is the special concern that we display for ourselves and other people with whom we stand in some special personal relationship. It is a central theme in moral philosophy, both ancient and modern. Questions about the justification of partiality arise in the context of enquiry into several moral topics, including the good life and the role in it of our personal commitments; the demands of impartial morality, equality, and other moral ideals; and commonsense ideas about supererogation. This paper provides (...) an overview of the debate on the ethics of partiality through the lens of the domains of permissible and required partiality. After outlining the conceptual space, I first discuss agent-centred moral options that concern permissions not to do what would be impartially optimal. I then focus on required partiality, which concerns associative duties that go beyond our general duties to others and require us to give special priority to people who are close to us. I discuss some notable features of associative duties and the two main objections that have been raised against them: the Voluntarist and the Distributive objections. I then turn to the justification of partiality, focusing on underivative approaches and reasons-based frameworks. I discuss the reductionism and non-reductionism debate: the question whether partiality is derivative or fundamental. I survey arguments for ‘the big three’, according to which partiality is justified by appeal to the special value of either projects, personal relationships, or individuals. I conclude by discussing four newly emerging areas in the debate: normative transitions of various personal relationships, relationships with AI, epistemic partiality, and negative partiality, which concerns the negative analogue of our positive personal relationships. (shrink)

The purpose of this paper is to provide a justification of punishment which can be endorsed by free will skeptics, and which can also be defended against the "using persons as mere means" objection. Free will skeptics must reject retributivism, that is, the view that punishment is just because criminals deserve to suffer based on their actions. Retributivists often claim that theirs is the only justification on which punishment is constrained by desert, and suppose that non-retributive justifications must therefore endorse (...) treating the people punished as mere means to social ends. Retributivists typically presuppose a monolithic conception of desert: they assume that action-based desert is the only kind of desert. But there are also personhood-based desert claims, that is, desert claims which depend not on facts about our actions, but instead on the more abstract fact that we are persons. Since personhood-based desert claims do not depend on facts about our actions, they do not depend on moral responsibility, so free will skeptics can appeal to them just as well as retributivists. What people deserve based on the mere fact of their personhood is to be treated as they would rationally consent to be treated if all they had in view was the mere fact of their personhood. We can work out the implications of this view for punishment by developing a hypothetical consent justification in which we select principles of punishment in the Rawlsian original position, so long as we are careful not to smuggle in the retributivist assumption that it is under our control whether we end up as criminals or as law-abiding citizens once we raise the veil of ignorance. (shrink)

This dissertation defends the existence of relations and their role in constructing structural universals—complex, multiply-located properties. Chapter 1 reviews historical debates on the existence of relations, advocates for a truth-making approach to ontology, and argues that relations are required as truth-makers for relational claims. Chapter 2 examines two competing theories of relations—Positionalism and Anti-Positionalism—as potential truth-makers for relational claims, showing that Positionalism provides a more satisfactory account. Chapter 3 critiques contemporary theories of structural universals and demonstrates how Positionalist relations overcome (...) these critiques by abstracting structural universals from complex states of affairs constructed through Positionalist relations. Chapter 4 defends the abstract nature of Positionalist relations, showing that Positionalism possesses greater explanatory power in addressing the problems of multiple realizability, order, and converse relations. (shrink)

The institution of the family and its importance have recently received considerable attention from political theorists. Leading views maintain that the institution’s justification is grounded, at least in part, in the non-instrumental value of the parent-child relationship itself. Such views face the challenge of identifying a specific good in the parent-child relationship that can account for how adults acquire parental rights over a particular child—as opposed to general parental rights, which need not warrant a claim to parent one’s biological progeny. (...) I develop a view that meets this challenge. This Project View identifies the pursuit of a parental project as a distinctive non-instrumentally valuable good that provides a justification for the family and whose pursuit is necessary and sufficient for the acquisition of parental rights. This view grounds moral parenthood in a normative relation as opposed to a biological one, supports polyadic forms of parenting, and provides plausible guidance in cases of assisted reproduction. (shrink)

This entry is composed of three sections. In §1, we survey debates about what structural rationality is, including the emergence of the concept in the contemporary literature, its key characteristics, its relationship to substantive rationality, its paradigm instances, and the questions of whether these instances are unified and, if so, how. In §2, we turn to the debate about structural requirements of rationality – including controversies about whether they are “wide-scope” or “narrow-scope”, synchronic or diachronic, and whether they govern processes (...) or states; as well as examining various forms of skepticism about structural requirements of rationality. In §3, we turn to the debate about the normative significance of structural rationality, surveying central challenges for the view that structural rationality is normatively significant and the theoretical options that arise in light of these challenges. (shrink)

This paper has two aims. The first is to present and defend a new argument for rights contributionism – the view that the notion of a moral claim-right is a contributory (or pro tanto) rather than overall normative notion. The argument is an inference to the best explanation: it is argued that (i) there are contributory moral factors that contrast with standard moral reasons by way of having a number of formal properties that are characteristic of rights, even though they (...) can be overridden, and (ii) that this is best explained by a view that takes these factors to correlate with rights. The second aim is to show that the truth of rights contributionism matters for normative ethics. More specifically, it is argued that rights contributionism clears the way for deontologists to justify the pre-theoretically plausible verdict that we have a duty to save the greater number in so-called Taurek scenarios – scenarios in which we have to choose between saving either a greater or a smaller number of different people. The chapter offers a novel and distinctively deontological explanation of this verdict that is based on the assumption that everyone has a pro tanto right to be saved in a Taurek scenario. (shrink)

Hypocrisy is widely thought to be morally objectionable in a way that undermines the hypocrite’s moral standing to blame others. To wit, we seem to intuitively accept the “Nonhypocrisy Condition:” R has the standing to blame S for some violation of a moral norm N only if R’s blaming S is not hypocritical. This claim has been the subject of intensifying philosophical investigation in recent years. However, we can only understand why hypocrisy is morally objectionable and has an effect on (...) standing to blame if we can correctly characterize hypocrisy itself. Unfortunately, some recent discussions fail to do this, which fatally undermines subsequent arguments concerning the effect of hypocrisy on the standing to blame. This paper’s central aim is to develop and defend a better account of hypocrisy. The hope is that with such an account in hand, we can explain and perhaps justify our moral aversion to hypocrisy in general as well as the Nonhypocrisy Condition in particular. (shrink)

The principle of indifference states that in the absence of any relevant evidence, a rational agent will distribute their credence equally among all the possible outcomes under consideration. Despite its intuitive plausibility, PI famously falls prey to paradox, and so is widely rejected as a principle of ideal rationality. In this article, I present a novel rehabilitation of PI in terms of the epistemology of comparative confidence judgments. In particular, I consider two natural comparative reformulations of PI and argue that (...) while one of them prescribes the adoption of patently irrational epistemic states, the other provides a consistent formulation of PI that overcomes the most salient limitations of existing formulations. (shrink)

According to an attractive and widely held view, all practical reasons are explained in terms of the (instrumental or final) value of the action supported by the reason. I argue that this theory is incompatible with plausible assumptions about the practical reasons that correspond to certain moral rights, including the right to a promised action and the right to an exclusive use of one’s property. The argument is an explanatory rather than extensional one: while the actions supported by the relevant (...) reasons (e.g. keeping a valid promise or respecting property) can be argued to have a certain kind of value, I argue that this value presupposes a moral right, and therefore cannot explain the reason. Reflection on such cases suggest the conclusion that reasons that are subject to normative powers are generally not value-based. This also has important implications for the dialectic between ‘value-first’ and ‘reasons-first’ approaches to normativity. (shrink)

People loved for their beauty and cheerfulness are not loved as irreplaceable, yet people loved for “what their souls are made of” are. Or so literary romance implies; leading philosophical accounts, however, deny the distinction, holding that reasons for love either do not exist or do not include the beloved’s distinguishing features. In this, I argue, they deny an essential species of love. To account for it while preserving the beloved’s irreplaceability, I defend a model of agency on which people (...) can love each other for identities still being created, through a kind of mutual improvisation. (shrink)

According to Milner and Goodale’s dual visual systems (DVS) theory, a division obtains between visual consciousness and motor action, in that the visual system producing conscious vision (the ventral stream) is distinct from the one guiding action (the dorsal stream). That there would be this division is often taken (by Andy Clark and others) to undermine the folk view on how consciousness and action relate. However, even if this division obtains, this leaves open the possibility that con- scious ventral information (...) is often transmitted to the uncon- scious dorsal stream and then used to guide action, a possibility seeming to preserve a significant role for consciousness in action. This article assesses this possibility. In course of doing so, we will review those arguments recently having been made against the DVS view on how visual consciousness and action relate (ones due to, e.g., Briscoe and Schwenkler, or Schenk and McIntosh). What we will find is that, if we properly analyze the data upon which these arguments are based, we are still left with the impression that the DVS view is largely correct; i.e., it is only rarely that visual experience guides action. (shrink)

Actualists hold that contrary-to-duty scenarios give rise to deontic dilemmas and provide counterexamples to the transmission principle, according to which we ought to take the necessary means to actions we ought to perform. In an earlier article, I have argued, contrary to actualism, that the notion of ‘ought’ that figures in conclusions of practical deliberation does not allow for deontic dilemmas and validates the transmission principle. Here I defend these claims, together with my possibilist account of contrary-to-duty scenarios, against Stephen (...) White’s recent criticism. (shrink)

In this paper I present an argument for the claim that you ought to do something only if you may believe that you ought to do it. More exactly, I defend the following principle about normative reasons: An agent A has decisive reason to φ only if she also has sufficient reason to believe that she has decisive reason to φ. I argue that this principle follows from the plausible assumption that it must be possible for an agent to respond (...) correctly to her reasons. In conclusion, I discuss some implications of this argument (given that some other standard assumptions about reasons hold). One such implication is that we are always in a position to be justified in believing all truths about what we have decisive reason (or ought) to do. (shrink)

Hypocrisy is a ubiquitous feature of moral and political life, and accusations of hypocrisy a ubiquitous feature of moral and political discourse. Yet it has been curiously under-theorized in analytic philosophy. Fortunately, the last decade has seen a boomlet of articles that address hypocrisy in order to explain and justify conditions on the so-called “standing” to blame (Wallace 2010; Friedman 2013; Bell 2013; Todd 2017; Herstein 2017; Roadevin 2018; Fritz and Miller 2018). Nevertheless, much of this more recent literature does (...) not adequately address the question, “what is hypocrisy?” In this paper, I develop and defend an account of hypocrisy as vicious, value-expressing inconsistency. I show how this account solves some traditional and some novel philosophical puzzles concerning hypocrisy and affords a deeper understanding of the features of hypocrisy emphasized by other prominent accounts. (shrink)

A theory of blameworthiness must answer two fundamental questions. First, what makes a person blameworthy when they act? Secondly, what makes a person blameworthy after the time of action? Two main answers have been given to the second question. According to interminability theorists, blameworthiness necessarily doesn't even diminish over time. Terminability theorists deny this. In this paper, I argue against interminability and in favour of terminability. After clarifying the debate about whether blameworthiness is interminable or terminable, I argue there's no (...) positive case for interminability. I then respond to three objections to terminability. In doing so, I clarify the nature of blame, self-blame, and posthumous blame. I also give theoretical reasons in favour of the view that a person's blameworthiness for a minor wrong can not only diminish but also cease completely. (shrink)

Which principles govern the transmission of reasons from ends to means? Some philosophers have suggested a liberal transmission principle, according to which agents have an instrumental reason for an action whenever this action is a means for them to do what they have non-instrumental reason to do. In this paper, we (i) discuss the merits and demerits of the liberal transmission principle, (ii) argue that there are good reasons to reject it, and (iii) present an alternative, less liberal transmission principle, (...) which allows us to accommodate those phenomena that seem to support the liberal transmission principle while avoiding its problems. (shrink)

According to higher-order theories of consciousness, a mental state is conscious only when represented by another mental state. Higher-order theories must predict there to be some brain areas (or networks of areas) such that, because they produce (the right kind of) higher-order states, the disabling of them brings about deficits in consciousness. It is commonly thought that the prefrontal cortex produces these kinds of higher-order states. In this paper, I first argue that this is likely correct, meaning that, if some (...) higher-order theory is true, prefrontal lesions should produce dramatic deficits in visual consciousness. I then survey prefrontal lesion data, looking for evidence of such deficits. I argue that no such deficits are to be found, and that this presents a compelling case against higher-order theories. (shrink)

We use a theorem from M. J. Schervish to explore the relationship between accuracy and practical success. If an agent is pragmatically rational, she will quantify the expected loss of her credence with a strictly proper scoring rule. Which scoring rule is right for her will depend on the sorts of decisions she expects to face. We relate this pragmatic conception of inaccuracy to the purely epistemic one popular among epistemic utility theorists.

If bioethical questions cannot be resolved in a widely acceptable manner by rational argument, and if they can be regulated only on the basis of political decision-making, then bioethics belongs to the political sphere. The particular kind of politics practiced in any given society matters greatly: it will determine the kind of bioethical regulation, legislation, and public policy generated there. I propose approaching bioethical questions politically in terms of decisions that cannot be “correct” but that can be “procedurally legitimate.” Two (...) procedures in particular can deliver legitimate bioethical decisions, once combined: expert bioethics committees and deliberative democracy. Bioethics so understood can exceed bioethics as a moral project or as a set of administrative principles to regulate medical practice; it can now aspire to a democratic project that involves ordinary citizens as far as reasonably possible. I advance this argument in four steps: (1) using the example of human germline gene editing, (2) I propose a general understanding of proceduralism, and (3) then combine two types and (4) conclude with a defense of majoritarian proceduralism. I develop this argument in terms of one example: germline gene editing. (shrink)

Compatibilists disagree over whether there are historical conditions on moral responsibility. Historicists claim there are, whilst structuralists deny this. Historicists motivate their position by claiming to avoid the counter-intuitive implications of structuralism. I do two things in this paper. First, I argue that historicism has just as counter-intuitive implications as structuralism when faced with thought experiments inspired by those found in the personal identity literature. Hence, historicism is not automatically preferable to structuralism. Second, I argue that structuralism is much more (...) plausible once we accept that personal identity is irrelevant to moral responsibility. This paves the way for a new structuralist account that makes clear what it takes to be the diachronic ownership condition (which is normally taken to be personal identity) and the locus of moral responsibility (which is normally taken to be ‘whole’ person), and helps to alleviate the intuitive unease many have with respect to structuralism. (shrink)

John Broome argues that rationality cannot consist in reasons-responsiveness since rationality supervenes on the mind, while reasons-responsiveness does not supervene on the mind. I here defend this conception of rationality by way of defending the assumption that reasons-responsiveness supervenes on the mind. Given the many advantages of an analysis of rationality in terms of reasons-responsiveness, and in light of independent considerations in favour of the view that reasons-responsiveness supervenes on the mind, we should take seriously the backup view, a hypothesis (...) that explains why reasons-responsiveness supervenes on the mind even though paradigmatic reasons are external facts. I argue that Broome’s objections to the backup view, as well as his more general objection to the thesis that reasons-responsiveness supervenes on the mind, do not succeed. (shrink)

More than ever, it is in vogue to argue that no norms either play a role in or directly follow from the theory of mental content. In this paper, I present an intuitive theory of intentionality (including a theory of mental content) on which norms are constitutive of the intentional properties of attitude and content in order to show that this trend is misguided. Although this theory of intentionality—the teleological theory of intentional representation—does involve a commitment to representational norms, these (...) norms are not problematic in the way critics have suggested they would be. In particular, these norms do not guide thinking by motivating intentional agents to (intentionally) accord with them; as a result, no obvious vicious regress threatens the theory. In the final section of this paper, I argue that accepting this teleological theory of intentionality need not commit one to thinking that intentionality is the product of natural selection. (shrink)

We perceive smells as perduring complex entities within a distal array that might be conceived of as smellscapes. However, the philosophical orthodoxy of Odor Theories has been to deny that smells are perceived as having a distal location. Recent challenges have been mounted to Odor Theories’ veracity in handling the timescale of olfactory perception, how it individuates odors as a distal entities, and their claim that olfactory perception is not spatial. The paper does not aim to dispute these criticisms. Rather, (...) what will be shown is that Molecular Structure Theory, a refinement of Odor Theory, can be further developed to handle these challenges. The theory is further refined by focusing on distal perception that requires considering the perceptual object as mereologically complex persisting odor against a background scene conceived of as a smellscape. What will be offered is an expansion of Molecular Structure Theory to account for distal smell perception within natural environments. (shrink)

In recent years, a new generation of activists has reinvigorated debate over the public commemorative landscape. While this debate is in no way limited to statues, it frequently crystallizes around public representations of historical figures who expressed support for the oppression of certain groups or contributed to their past or present oppression. In this paper, I consider what should be done about such representations. A number of philosophers have articulated arguments for modifying or removing public monuments. Joanna Burch-Brown (2017) grounds (...) her argument for removal in what I call the “honorific” function of such representations—the ways in which they express and tend to cultivate admiration for their subjects. In the first two sections of the paper, I develop a novel argument for modifying these representations based on this insight. I argue that leaving such representations unmodified in the public space tends to undermine the dignity of members of oppressed groups as well as their assurance that society and government are committed to their rights and constitutional entitlements. In the paper’s third section, I develop a “balancing test” for determining whether the relevant moral and pragmatic considerations favor making a particular representation inaccessible to the public, or recontextualizing it for public consumption. Unlike some of the existing philosophical treatments of honorific representations that focus on particular monuments, this balancing test is designed for general application to any honorific representation that satisfies the presumptive case for modification. To conclude, I offer some reasons why weak forms of recontextualization that do not involve altering institutional context may often be an insufficient remedy for the problems I describe. (shrink)

Suppositions can be introduced in either the indicative or subjunctive mood. The introduction of either type of supposition initiates judgments that may be either qualitative, binary judgments about whether a given proposition is acceptable or quantitative, numerical ones about how acceptable it is. As such, accounts of qualitative/quantitative judgment under indicative/subjunctive supposition have been developed in the literature. We explore these four different types of theories by systematically explicating the relationships canonical representatives of each. Our representative qualitative accounts of indicative (...) and subjunctive supposition are based on the belief change operations provided by AGM revision and KM update respectively; our representative quantitative ones are offered by conditionalization and imaging. This choice is motivated by the familiar approach of understanding supposition as `provisional belief revision' wherein one temporarily treats the supposition as true and forms judgments by making appropriate changes to their other opinions. To compare the numerical judgments recommended by the quantitative theories with the binary ones recommended by the qualitative accounts, we rely on a suitably adapted version of the Lockean thesis. Ultimately, we establish a number of new results that we interpret as vindicating the often-repeated claim that conditionalization is a probabilistic version of revision, while imaging is a probabilistic version of update. (shrink)

Autism Spectrum Condition presents a challenge to social and relational accounts of the self, precisely because it is broadly seen as a disorder impacting social relationships. Many influential theories argue that social deficits and impairments of the self are the core problems in ASC. Predictive processing approaches address these based on general purpose neurocognitive mechanisms that are expressed atypically. Here we use the High, Inflexible Precision of Prediction Errors in Autism approach in the context of cultural niche construction to explain (...) atypicalities of the relational self, specifically its minimal, extended, and intersubjective aspects. We contend that the social self in ASC should not be seen as impaired, but rather as an outcome of atypical niche construction. We unpack the scientific, ethical, and practical consequences of this view, and discuss implications for how the challenges that autistic persons face should be approached. (shrink)

Permissivism about rationality is the view that there is sometimes more than one rational response to a given body of evidence. In this paper I discuss the relationship between permissivism, deference to rationality, and peer disagreement. I begin by arguing that—contrary to popular opinion—permissivism supports at least a moderate version of conciliationism. I then formulate a worry for permissivism. I show that, given a plausible principle of rational deference, permissive rationality seems to become unstable and to collapse into unique rationality. (...) I conclude with a formulation of a way out of this problem on behalf of the permissivist. (shrink)